STARBOY ✩ O Chamado | VOL. 1

II

A sala de reuniões era como qualquer outra da base subterrânea. Paredes rochosas, piso arenoso e uma grande mesa circular. Hologramas de líderes de sistemas solares que não puderam comparecer estavam postos próximos da mesa. Alpha reconheceu vários deles. Eram líderes de sistemas localizados no lado beta de Aurora. Não se impressionou ao ver aquilo, afinal agora estavam na parte mais pobre da galáxia. Gahro estava na outra extremidade da mesa; ao seu lado, estava sua filha, Qui-va. Mazu e Alpha estavam próximos de Gahro.

A reunião teve início.

— Como sabemos, senhores, a cúpula da união aprovou secretamente a produção de mísseis capazes de destruir planetas inteiros — começou Gahro. — Chamei para esta reunião nossa informante.

Do outro lado da mesa, em um canto antes desocupado, surgiu o holograma de Korroa, a líder da raça syllen. Assim como qualquer outro sylleniano, Korroa ostentava uma pele azul quase brilhante; a íris de seus olhos eram brancas com tons de cinza; seu cabelo era curto e branco, deixando destacado suas orelhas pontudas. Vestia roupas elegantes, típicas dos Syllen, uma das doze raças mais poderosas da galáxia.

O sinal de transmissão de Korroa estava fraco, seu holograma oscilava a cada minuto.

— Devo ser rápida — ela começou. — Kondrak, juntamente com Nero, substituto de Laval, criaram a Armageddon, mísseis poderosos o suficiente para destruir planetas inteiros. Eles criaram com o objetivo de se preparem para um iminente ataque do culto, porém é muito mais do que isso; eles também irão usar a Armageddon para destruir bases rebeldes do círculo. Não apenas as bases, mas planetas inteiros. É um plano de aniquilação.

Todos os líderes se entreolharam, chocados. Gahro manteve-se calado, escutando Korroa com extrema atenção. 

— Como uma arma como essa pode ser o suficiente para destruir um planeta inteiro? — Indagou um dos líderes em volta da mesa.

— Para aumentar a potência dos mísseis, usaram o que os estelares chamam de estímulo — revelou Korroa.

— O quê?! — Chocado, Mazu exclamou.

No centro da mesa, o holograma de imagens foram transmitidas para que todos pudessem assistir. Eram vídeos de segurança. Estelares acorrentados e fracos, pálidos, sem forças, andando em fileira em direção a uma câmara fria. Mazu abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Após todos os horrores que ele presenciou desde que chegara em Aurora, aquele foi o pior. Estelares sendo torturados, tendo suas forças vitais roubadas para que líderes ambiciosos construíssem armas de aniquilação. Se o governo estava usando estelares para construírem algo poderoso o suficiente para subjugar raças inteiras, então o que o culto poderia estar tramando?

Mazu sentiu raiva.

— Nos arquivos que enviarei para vocês, deixei a localização da base onde eles irão transportar protótipos da Armageddon. Eles planejam testar em um planeta, Kondrak não disse qual. Qualquer informação irei compartilhar com vocês. Adeus. — O holograma de Korroa se desfez.

Os arquivos enviados pela líder continuaram sendo transmitidos no meio da mesa. Todos os líderes ali presentes assistiam aos vídeos e liam os arquivos. Alpha podia enxergar medo na face de cada um. Ele não podia julgá-los, milhões de seres dependiam de cada um deles. E agora, a existência desses seres estava ameaçada por uma arma destruidora.

Após um longo silêncio, Gahro falou:

— Temos diante de nós a maior ameaça que já enfrentamos. Eles já tiraram nossa liberdade antes, agora querem fazer isso de novo. Eles querem voltar aos tempos quando nós éramos escravizados, mortos e usados. Mas agora, temos voz e força para enfrentá-los. Não iremos abaixar nossas cabeças. Preparem suas tropas, protejam seu povo, porque amanhã iremos acabar com eles.

— Shan. Este é o planeta que receberá a Armageddon — falou a líder yezoniana.

— Um dos planetas da raça Trompox — Alpha comentou. — Conheço as defesas da base. Tenho acesso ao mapa.

Os líderes ao redor da mesa olharam para Alpha, desconfiados. Todos conheciam o agente como Space Hunter, o caçador da L.D.A. Este era seu histórico, e ele sentia-se envergonhado por isso. No entanto, Gahro olhou para o agente e meneou a cabeça positivamente. Quase conseguia enxergar Ankor através de Alpha.

— Tenho minha confiança em Alpha — Gahro falou para todos.

Mesmo através da transmissão, Gahro podia notar os olhares hesitantes dos líderes. Porém, nenhum deles rejeitou a ideia de terem um ex-agente da L.D.A agindo junto ao círculo.

— E quanto ao estelar? — Perguntou outro líder.

— Estarei aqui para o que precisarem — Mazu falou.

— Precisamos de uma luz no fim do túnel. De um herói que traga esperança para todos. São dias sombrios, muitos de nossos apoiadores estão desmotivados. Precisamos de um guerreiro estelar.

Mazu concordou. Ele sabia o peso da responsabilidade que estava aceitando carregar, mas havia outro caminho? Pela primeira vez, sentiu-se fazendo a coisa certa. E agora, novos dias estavam chegando.