VII

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Ele odiava pobres.

Não todos, mas a maioria. Miseráveis que, por não aceitarem as condições que viviam, precisavam fazer rebeliões. O comandante da L.D.A encarregado de assegurar que essas revoltas jamais acontecesse novamente na zona de trabalho da muralha estava furioso. Ganham alimento, dinheiro e moradia e mesmo assim fazem protestos? Operários de merda, pensou ele.

O comandante alto e rabugento era um trompoxiano. Sua cultura sempre fora sobre armas e mortes. Ele gostava disso. Se dependesse dele, ele mataria todos os responsáveis por terem iniciado a revolta dentro dos setores da muralha. Desordem não deve ser perdoada. Maldito dia que inventaram de dar direitos a esses seres nojentos.

Ele estava sentado em sua cadeira, na sala de controle acima da muralha. A janela, que se estendia por toda a sala circular, dava uma vista panorâmica por todo o ambiente. A cidade dos norinianos era visível ali de cima. Eram como se fossem formigas miseráveis. O comandante se enojou ao pensar na raça nor.

Se ele tivesse prestado atenção na visão diante de si, notaria algo… Anormal.

Um agente da L.D.A entrou às pressas na sala de controle.

— Qual é o motivo de tanta pressa? — O comandante continuou sentado.

— São eles, senhor.
— Eles quê? — Continuou desinteressado.

— Os norinianos.

O comandante levantou-se da cadeira em um salto e observou a muralha à frente através da janela da sala de controle. Além da extensa faixa de areia que separava a muralha da cidade, havia uma aglomeração de norinianos se aproximando.

— Mas o quê… Eles enlouqueceram? — O comandante exclamou.

Todos estavam cientes das armas letais que faziam a guarda da grande muralha, porém nenhum noriniano sequer se acovardou. Continuaram a atravessar a faixa desértica em direção a muralha. Até aquele momento, nenhum ataque. Gahro sabia que era apenas uma questão de tempo. Ele estava à frente de todos, guiando o exército armado como um padre guiando suas ovelhas. Quiva-va estava ao seu lado. Armada e preparada para atacar.

— Parem e rendam-se! — Exclamou a voz do comandante de segurança através de um megafone.

Os passos não cessaram. Os norinianos continuaram a prosseguir em direção à muralha. Não parariam por nada.

As ruas da cidade estavam desertas. Aqueles que ficaram observavam o desenrolar da batalha através de suas casas, pelas janelas, temendo o pior; desejando que a revolta resultasse em algo bom, apesar das baixas esperanças.

Duas naves de combate da L.D.A sobrevoaram acima da muralha e se aproximaram do exército de rebeldes. Nem mesmo a ventania e o ruído dos motores das naves fizeram os revoltosos cessarem os passos. Eles continuaram, destemidos. Ambas naves lançaram um feixe de luz em direção ao líder da manada: Gahro.

— Este é o último aviso: rendam-se — agora era a voz séria de um agente da L.D.A.

Na cabine de piloto da nave do lado direito, um dos agentes responsável por checar os sensores da nave notou algo anormal. A I.A da nave detectara o sinal de uma nave… Mas não havia nenhuma nave por perto.

Se ele não fosse tão desatento, teria notado uma nave escura se materializar diante da viatura-nave. Era a Shadow-989, surgindo como um demônio da noite pronto para por suas garras na presa. Como piloto, Alpha desativara o modo invisível e pressionou os botões de disparo. Eram mísseis teleguiados. A nave em frente tentou desviar, mas seus motores foram atingidos, fazendo-a rodopiar pelo ar e cair nos lençóis de areias abaixo, causando uma explosão.

STARBOY ✩ O Chamado | VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora