💫 Capítulo 7: A Grande Muralha

108 19 14
                                    

A nave de Alpha já havia sido reparada dos danos quando deixaram o cometa e seguiram uma nave velha de modelo antigo pilotada por Qui-va e os outros capangas do círculo da revolução. Desde que foram surpreendidos por eles, Alpha voltou a sua postura rígida e desconfiada. Não confiava em Qui-va; na verdade, não confiava em ninguém do círculo da revolução. No entanto, estava seguindo aquela maldita nave com a Shadow-989. Por quê? Isso era contra o que ele acreditava. Estaria fazendo isso pelo estelar? Não, não. Este simples pensamento fez o agente gritar internamente.

Como se tivesse lido seus pensamentos, Mazu, que estava sentado ao lado de Alpha, começou:

— Entendo porque não confia neles — falou, relembrando-o da trágica história; o menino e a bola.

— São rebeldes terroristas, assim como aqueles do culto — respondeu a contragosto.

— A causa deles me parece boa. Você não a ouviu? Aqueles que detêm o poder estão planejando algo maior. Para mim, estes seres como o culto — o príncipe o contrariou, convicto de suas palavras.

Alpha lançou um olhar cheio de raiva para o príncipe enquanto manteve suas mãos no controle da nave.

— A causa deles não me pareceu boa quando explodiram aquele garoto — vociferou.

— Alpha... Eu sinto muito. Eu entendo a sua dor.

Quando abriu a boca, sua vontade era despejar seu ódio sobre toda aquela situação. Sobre ele. Mas, as palavras não foram capazes de sair. Se mantiveram contidas, como as águas de uma represa. Enquanto observava os olhos arregalados do príncipe, notou que não queria machucá-lo. A áurea de inocência que circulava Mazu era como veneno para seu rancor. Um rancor sem sentido, inexplicável. A raiva em seu rosto se desfez lentamente, alternando para sua costumeira neutralidade, ou talvez calma. Não sabia como explicar tal sentimento, mas o olhar fixo de Mazu, aquele olhar repleto de coragem e doçura, domava seu eu interior.

— Se optar em seguir em frente, eu vou entender — falou de repente. — Mas eu tenho que tentar, talvez seja a única forma de entender tudo isso. Muitas raças estão em perigo, e se posso fazer algo para salvá-los, irei continuar, nem que custe minha vida. Talvez esse seja o significado das vozes que escuto há tanto tempo.

E de repente, entendeu o significado de tudo: também estava perdido. Sempre esteve, na verdade. Um homem louco à procura de respostas. Mazu não era apenas o caminho para a clareza da resposta; desde que passara a andar com ele pela galáxia, mudara seus comportamentos, percebera a hipocrisia em seus atos e pensamentos. Se havia um caminho certo a seguir, era com ele. Sua intuição nunca falhava — e seus sentimentos, apesar de ocultados por dor e raiva, cada vez mais se tornavam evidentes.

Não pronunciou uma palavra. Desviou seu olhar da face confusa de Mazu e voltou sua atenção ao painel de controle da nave. Continuou a seguir a nave de Qui-va pelo espaço obscuro. Logo à frente, um gigantesco buraco de minhoca (circulado por uma estrutura esférica metálica) exibia-se, brilhante; várias naves entravam e saiam do portal. O trânsito espacial estava cheio.

— A L.D.A ainda está rondando todos os portais de Aurora — anunciou Qui-va através do comunicador. — Iremos fazer uma manobra furtiva. Estão preparados?

O silêncio continuou na cabine por alguns instantes, até que Alpha a respondeu, decidido:

— Tudo certo — olhou de relance para o príncipe —, estamos preparados.

Após passarem furtivamente pelos portais teleportadores sem serem vistos pelos defensores da L.D.A, a dupla de naves se aproximavam de um planeta amarelo. Wongor, um dos cinco planetas desérticos do sistema planetário Promel. Cinco luas circulavam o globo.

STARBOY ✩ O Chamado | VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora