STARBOY ✩ O Chamado | VOL. 1

💫 Capítulo 3: Caçado e perdido

Parecia que o universo estava desabando diante de seus olhos. Raios traçavam linhas tortuosas ao redor da nave solitária onde apenas um garoto cuidava de todos os controles - ou pelo menos tentava.

Todos os alertas da nave castigavam a audição de Mazu, e como se não pudesse piorar, o campo de visão à frente estava ofuscado por nuvens escuras, temporariamente iluminadas pelos raios repentinos que surgiam.

Sobre os barulhos constantes, um em especial se destacou:

''Mazu'', chamou o sussurro.

— Já chega!

Tremores abalaram a nave, fazendo-a girar descontroladamente em meio àquela tempestade espacial. Mazu já não tinha mais o controle de nada, nem de si mesmo. Sua cabeça latejava de dor enquanto o sussurro continuava o chamando - não tão distante, desta vez estava próximo.

Teve tempo de apoiar suas mãos energizadas pelo estímulo no painel de controle da nave antes de perder a consciência.

⭐⭐⭐

Quando abriu os olhos, não haviam mais nuvens ocultando sua visão. A nave não estava mais turbulenta; flutuava em paz pelo vácuo, sem mais raios para danificar seu sistema de controle. No entanto, a visão de Mazu não o permitia enxergar melhor o que havia diante do visor frontal da nave. Não eram apenas um, mas vários borrões brilhantes. Mazu forçou sua visão.

Os vários borrões se tornaram bilhares de pontos brilhantes. Um rastro azulado semelhante a uma nuvem, que Mazu conhecia como disco, contornava grande parte do céu recheado de astros espaciais. Finalmente, o príncipe estava vislumbrando a galáxia. Arregalados, seus olhos pareciam sentir todo o poder de cada estrela.

Não estava mais preso sob um céu coberto por um escudo. A criação diante de seus olhos se estendia infinitamente. Havia tanto o que olhar: cometas se deslocavam rápidos, deixando longos rastro de luz; milhares de agrupamentos de estrelas cintilavam em conjunto; uma nebulosa azulada podia ser vista ao longe.

Perdera minutos vislumbrando a beleza dos astros quando notou que estava perdido. O pânico foi o suficiente para fazê-lo esquecer, pelo menos por enquanto, a beleza à frente.

Pressionando um dos vários botões do painel de controle, um holograma se digitalizou por toda a cabine, exibindo os nomes de constelações, sistemas solares, planetas e luas. O mapa da galáxia.

— Galáxia de Aurora — Mazu falou.

Além dos treinos, todo estelar estudava sobre o universo. Mazu tivera várias aulas de astronomia, por isso sabia que a galáxia na qual os estelares estavam escondidos se chamava Aurora. Muitos acreditavam que a galáxia de Aurora era o berço da criação.

O mapa também mostrava que a nave deslocou-se na velocidade da luz, agora estando há milhares de anos luz longe de Volair-C. Os sensores quilométricos indicavam que fora recebido uma grande porção de energia.

Não precisou pensar muito para chegar à conclusão de que a nave navegara na velocidade da luz por conta de seu estímulo, que acabara sendo usado descontroladamente. O estímulo de um estelar energizava qualquer material, fosse orgânico ou não. Antes, o maior desafio de Mazu era usar seu estímulo; agora controlá-lo parecia ser um desafio ainda maior — e perigoso.

Perigo era o que ele sentia representar naquele momento. Nem mesmo a beleza do espaço conseguiu fazer o príncipe esquecer a cena de seu irmão, Mellak, preso sob os escombros de uma destruição. Destruição causada por ele.

Ele suspirou, triste.

— O que devo fazer?

Como resposta a sua pergunta, um grupo de cinco naves sobrevoando ao redor de uma nave-mãe surgiu repentinamente. Todas seguiam em direção à nave de Mazu, que estava à deriva pelo vácuo.

— Alguém na escuta? — Mazu tentou se comunicar através do rádio-comunicador no painel.

Nenhuma resposta.

As estranhas naves continuaram a se aproximar. Eram escuras, de aspecto velho; as latarias daquelas naves estavam riscadas, até mesmo um pouco queimadas, como se tivessem sido atingidas por disparos.

Mazu iria tentar mais uma vez se comunicar, mas a nave-mãe se posicionou acima de sua nave. Uma grande plataforma redonda se abriu e uma luz clara atraiu a pequena nave dourada até o interior daquela grande nave predadora. Uma nave de piratas.