Era o aniversário de John e é claro que as crianças tinham ensaiado um número para ele. Noble e Pride, que praticamente era o professor titular agora, uma vez que Noble assumiu algumas classes em escolas de cidades próximas, tinham se esforçado para conseguir que os pestinhas tocassem uma música juntos de forma aceitável. A música tinha de ser uma de desenho, é claro, e Toy Story foi o desenho escolhido. Alguém disse que os filhotes poderiam se vestir como os brinquedos e aí a confusão estava formada, a maioria do machos queriam ser o rex, já as fêmeas queriam ser a Beth.
E no final, John enxugou uma lágrima quando as crianças terminaram a música. Ele aplaudiu e disse que era o melhor presente que tinha recebido. Slade é claro pediu a pistola automática que tinha dado de presente de volta fazendo todos rirem. Tio V. disse que poderia dar um tiro em Slade se isso ajudasse, os risos foram ainda maiores. Tio V. olhou para o pai de Noble, seu pai fez um som de pouco caso. Era bom ver todos felizes, seu pai principalmente.
Talvez todos não estavam tão felizes assim, Violet não tirava os olhos da porta. Noble se sentou na mesa dela, de Daisy e Rom. Os dois se comiam com os olhares, mas Violet não dava a mínima. Noble fez sua cara mais séria. Se Rom estivesse fazendo o que não se devia com a irmã dele...
"Eu... Papai está me chamando." Romulus saiu em direção da mesa do pai dele.
"Ele não aguenta um olhar, quanto mais um chute nas bolas, D." Noble disse, Violet inclinou o rosto, ele a beijou.
"E quem vai chutar as bolas dele? Teria de passar por mim." Daisy disse, meio rosnando.
"Papai." Noble respondeu, ela o olhou com os olhos queimando. Noble não lembrava de Daisy ser tão feroz.
"E quem vai contar pra ele?" Ela o enfrentou.
"E precisa, D? Eu estava quase sufocando com o cheiro da sua excitação. As bolas de Romulus estão com os dias contados." Violet disse, Daisy olhou para ela.
"É sério?" Ela se alarmou.
"Você já fez quatorze, Daisy, é o orgulho do papai indo em todas essas missões. Ninguém liga se você não é mais virgem ou se está namorando o Rom." Noble disse. A brincadeira de colocar medo em Romulus já tinha perdido a graça.
"Eu ainda sou virgem. Eu e Romulus, bom, ele e eu já..." Noble não a deixaria terminar.
"Poupe-me dos detalhes, D.. Embora eu acho um desaforo Romulus estar indo na direção dos quartos, na minha cara." Ele disse, Daisy se levantou da mesa e saiu.
"Ele está mesmo? Eu acho que ele deve ter ido ao banheiro." Violet disse, Noble riu. Daisy quebraria a cara.
"Eu só queria te oferecer meu ombro forte. Sua carinha triste está cortando o meu coração." Ele se sentou numa cadeira mais próxima, Violet colocou a cabeça no ombro dele.
"Ele disse que faria o possível para vir." Ela sussurrou.
"Ele é médico querida. O hospital não deve ter podido liberá-lo." Depois de ver como Honest e Candid estavam indo bem na faculdade, Florest resolveu aceitar uma residência.
"Ele..." Ela olhou para a porta e depois para Noble, Noble olhou para a porta e ficou observando Sarah aparecer e ser atingida por John, Brave e Gift. Ela sumiu no meio deles. Brass rosnou, eles a soltaram, Brass a abraçou girando com ela nos braços. Depois deles foi a vez de Sophia. Elas se abraçaram e Sarah começou a chorar. Sophia e ela saíram do refeitório.
"Aquilo era só saudade mesmo?" Violet perguntou, Noble deu de ombros. Ele tinha levado muito tempo para tirar Sarah de seus pensamentos. Agora ela era como uma irmãzinha para ele.
"E a sua ex? Não vai ter volta mesmo?" Violet perguntou. Noble acariciou os cabelos de fogo dela, iguais aos dele, e respondeu:
"Não. Não vale a pena, sabe. Ela é muito ciumenta, acho que nunca vai mudar." Noble pensou em Kyra. Ela era uma boa fêmea, inteligente, mas ciumenta demais, ele sentia um grande alívio só de pensar que não teria de passar mais pelas brigas com ela.
Violet se endireitou e o encarou.
"Como é namorar, Nob?" Ela perguntou.
"Eu não vou te ensinar isso, Vi. Florest está andando na linha, eu espero que fique assim."
"Não foi nesse sentido que eu perguntei. E você acabou de dizer que ninguém liga se Daisy não é mais virgem!" Ela reclamou.
"Por que ela ainda é, eu saberia se não fosse. E dizer a Daisy que ela tem de acasalar virgem a faria compartilhar sexo com o primeiro que passasse por nossa mesa." Violet riu. Era exatamente isso.
"Mas você se importa?" Ela perguntou, ele suspirou.
"Seria muita hipocrisia se eu me importasse querida. Mas não me peça para estar no quarto ao lado." Ele sorriu. Ela assentiu.
"Mas me responda: como é namorar? Como você pode gostar de uma fêmea sem estar vinculado?" Ela perguntou.
"Eu já parei de pensar nessa besteira de vínculo, Vi. Mas namorar é basicamente passar um bom tempo ao lado de alguém a quem você goste de estar ao lado. As vezes dura meses, as vezes, nem tanto." Ele se lembrou de Fanny. Foi bom, eles ficaram juntos mais de um ano. Mas ela quis 'mais' e ele não pôde dar a ela esse 'mais'.
"Acha que Florest pode terminar comigo? Se a gente... Você sabe, Nob. Eu não estava pronta, eu tinha tanto medo! E eu ainda sou muito nova!" Noble começou a ficar desconfortável.
"Pensei que o cabelo de Pride fosse mais escuro e ele tivesse os olhos azuis. Muito difícil de ser confundido comigo." Ele disse, ela sorriu. Pride era o confidente dela.
"Pride só quer falar de bebês agora, está insuportável." Minerva estava grávida do primeiro filhote deles, Noble tinha de concordar.
"Ele me chamou para ir ao shopping comprar fraldas. Eu, burro que sou, fui. Só posso dizer uma coisa: eu nunca serei pai! Ele quase sugestionou uma vendedora para saber se o que ela dizia sobre uma fralda não alérgica, ou sei lá, hipoaler... alguma coisa assim, era verdade. E olha que Sheer tirava a fralda e fazia xixi até nas nossas cabeças!" Violet balançou a cabeça.
"Ele não fazia isso!" Ela o defendeu. Noble olhou para seu sobrinho, uma cópia de Pride vestido de senhor cabeça de batata.
"Ele fez sim. Uma vez, na cabeça de..." Noble parou de falar, Violet baixou os olhos. Era tão horrível a falta que Honor fazia!
"É é verdade. Sabe a última de papai?" Ela inspirou fundo e sorriu. Noble esperou ela contar:
"Papai diz que se não tiver um neto parecido com ele no próximo ano, vai deserdar todos nós." Ela disse sorrindo.
"Deserdar? De onde ele tirou isso?" Noble olhou seu pai beijando a mão de sua mãe numa mesa próxima. Eles não demorariam a ir embora.
"Lembra aquele livro? Aquele que ficava andando pela casa? Ele leu. No livro parece que tem uma cláusula no testamento do duque e... Bom, é complicado, mas ele tirou a palavra de lá." Ela riu.
"Eu sei. Henry tem um ano para se casar ou perderá o dinheiro e as propriedades que não estão vinculados ao título." Noble revirou os olhos.
"Você leu!" Ela riu, ele riu também.
"A porra do livro vivia andando pela casa, parecia ter vida própria." Ele disse, Violet riu mais.
"Quem eu tenho de matar, para que a minha fêmea ria apenas das minhas piadas?" A voz de Florest soou atrás dela, ela se virou na cadeira, se levantou e se jogou nos braços dele. Ele deu um beijinho na testa dela, a fazendo se lembrar de onde estavam, ela se afastou.
"Você demorou." Ela disse.
"Mas estou aqui agora." Os olhos dele queimavam e foi a vez da excitação de Violet exalar. Noble franziu o nariz.
"Florzinha, lembra o que o papai disse uma certa vez? Sobre vocês serem espertas?" O pai deles se postou a frente deles, Florest esticou a coluna. Não adiantava muito, seu pai tinha mais de dois metros.
Era a conversa sobre chutar as bolas.
"Eu e Violet temos cumprido tudo o que o senhor exigiu, tio." Florest disse, Valiant o examinou e saiu sem dizer mais nada. Violet suspirou de alívio.
"Seria muito legal, Vi. Eu apostaria em você, Florest." Noble disse, Violet o puxou na direção dos quartos. Noble inspirou e sentiu que Daisy e Romulus estavam num dos quartos. Era bem típico de Daisy isso, essa adrenalina.
Ele olhou para a mesa e Sophia estava sentada, abraçada a Brass, mas Sarah não estava lá. Ele suspirou e saiu do refeitório. Ele nunca resistiria a ajudar Sarah. Ele sempre estaria ao dispor dela.
Ele correu até a casa dela, escalou a parede e entrou pela janela. Ela estava deitada, os olhos fechados, mas ela não dormia. Ele se sentou no chão, com as costas apoiadas na cama dela.
"Oi." Ela disse, ele rosnou.
"O que aconteceu agora? Aquele humano minúsculo magoou você? Ele pelo menos sonha o que eu posso fazer com ele?" Noble perguntou. Ele quebraria um braço do tal de Patrick se ele apenas tivesse dito algo que ela não gostou. Se ela estivesse mesmo magoada...
"Nós terminamos. Eu estou triste por isso." Ela disse, Noble se sentou na cama. Quase se sentou em cima dela, aquela cama parecia de brinquedo.
"Por que esses móveis do seu quarto são tão pequenos?" Ele disse, sabendo que ela iria rir. Ela, porém, apenas esticou um cantinho da boca delicada dela.
"Eu sou pequena." Ela, pelo menos respondeu. Ele tocou no rosto dela, o lindo rosto de anjo dela.
"Eu estou me sentindo tão péssima! Eu fui uma idiota, Noble! Ele estava..." Ela não terminou, ele nem queria que ela continuasse. Noble a puxou contra seu peito e a abraçou.
"Você não faz idéia de quanto tempo eu quis estar com você assim." Ele disse. Não era bem o que ele queria dizer, tinha escapado.
"Bom, agora eu estou aqui." Ela se afastou e olhou para a boca dele, mas Noble sentia a tristeza dela, ela queria usá-lo para que a sensação ruim de término de namoro passasse.
"Você não sabe o que está dizendo. Eu entendo muito sobre isso, sobre terminar um namoro. Vai passar. Fazer... Tocar alguém agora, só piora." Ele disse, ela assentiu. Noble a ajeitou nos braços e um calor foi subindo pelo corpo dele, seu sangue começava a se dirigir para um lugar só.
Ele a largou, se levantou, acenou uma despedida e pulou a janela.
Era uma coisa familiar se excitar na presença dela, sempre foi assim. Não era nada demais.
No dia seguinte, ele se levantou e correu até sentir seus músculos gritando. Era bom estar ali, ele saía para as suas aulas, sempre pelo portão escondido, sempre com um carro blindado e com escolta. Era uma chateação, mas era válido, eles ficaram meio paranóicos com o caso de Honor. Honest quase não foi autorizado a ir fazer residência, ele estava sempre usando um localizador e era checado a cada hora. Uma equipe de segurança se revezava perto do hospital onde ele e Florest trabalhavam. Candid conseguiu acelerar seus estudos e já estava cursando o primeiro ano de psiquiatria. Logo também iria para o mesmo hospital que seu irmão e Florest. Eles se recusaram a ficar presos na Reserva. Eles não podiam enfiar o rabo entre as pernas por medo, eles não podiam ter medo dos humanos, eles eram melhores que isso. Justice foi a favor, ele se recusava a recuar em tudo o que eles conquistaram, em todo o espaço que ocuparam. Noble estava perto do lago, então se aproximou e caiu na água. Como estava cansado, ele mais boiou que nadou, mas abriu os olhos quando escutou um ruído, um barulho e olhou na direção da ilhazinha. Seus irmãozinhos estavam de volta. Estavam sentados na prainha com as pernas longas na água. Não estavam nus, usavam bermudas. Noble saiu da água, o primeiro a se jogar contra ele, o fazendo cair na água de novo foi Cam, é lógico. Honest o abraçou e Simple só o cheirou no pescoço.
Seu irmãozinho não se recuperou de Honor ter ido embora, ele se tornou um filhote frio e muito calado.
"Você viu Sarah ontem?" Cam perguntou com um sorriso maldoso.
"Sim, ela brigou com o namorado, estava muito triste e eu..."
"Só a abraçou! Cara! Todos vocês são perdedores! Talvez ela queira esquecer o humano comigo, o que acha?" Candid o provocou. Noble sorriu.
"Vá em frente." Ele disse, isso lhe valeu um olhar de Simple.
"Está sendo sincero?" Ele perguntou, seus olhos o esquadrinhando, como se Noble fosse um objeto de estudo. Noble deu de ombros.
"Acho que sim, ela é especial pra mim, sempre vai ser, mas..."
"Não é o seu vínculo." Honest completou por ele, Noble assentiu meio que sem querer.
"Eu não ligo para isso de vínculo, filhotes." Ele disse.
"Mês que vem, ninguém vai nos chamar assim mais." Honest disse batendo os pés na água.
"Sempre poderemos chamá-los de leãozinhos. Ou não?" Candid inclinou a cabeça, pesando o que Noble disse.
"É claro, sempre que quiser tomar um chute nas bolas." Honest riu, Simple só mexeu a boca.
"Hoje nós vamos visitar as nossas fêmeas. Quer ir?" Candid perguntou, Noble negou com a cabeça.
"Acho que não. Pelo menos hoje, não. Talvez outro dia." Ele recusou.
Foi a vez de Candid negar com a cabeça.
"E como estão na faculdade, no hospital?" Ele perguntou, Honest franziu o nariz. Não era mais adorável ele fazer isso.
"Não vai nos fazer falar de cirurgias, vai?" Ele perguntou, Simple o encarou de novo. Noble sentiu o peso deles estarem se tornando adultos, não eram mais seus irmãozinhos que falavam pelos cotovelos, que aprontavam e que obedeciam Noble. Isso era bom, mas também era um pouco desanimador.
"Eu também não vou ver as fêmeas, talvez possamos visitar Sarah? Podemos levar pipocas doces, aquela coisa gosmenta que ela adora. Violet pode fazer." Ele sugeriu, mas havia algo por trás de seu gesto. Candid olhou para Honest, até eles achavam aquilo estranho.
"Está marcado." Noble voltou a água e nadou até a margem. Chegando lá olhou para eles, e viu que Honest e Candid conversavam ou discutiam, eles gesticulavam animados, Simple olhava para algum ponto ao longe.
Vê-lo assim, meio perdido foi triste. Noble não precisava conhecer os detalhes para saber que a três anos atrás eles estavam envolvidos no desaparecimento de Honor. Simple nunca mais foi o mesmo depois disso.
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FILHOTES DE VALIANT - NOBLE
FanfictionNoble se considerava um macho feliz, realizado profissionalmente, tinha uma família grande que o amava, morava no melhor lugar do mundo e... Não tinha se vinculado ainda. Em toda a sua vida, tinha se apaixonado apenas uma vez, mas acabou por não dar...