CAPÍTULO 32

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Noble acordou se sentindo estranho, seguiu o cheiro de carne, Candid estava ao fogão na área de convivência do zoológico. Eles tinham requisitado a antiga cabana de Leo, a enchido com as tralhas deles, mas do nada decidiram voltar a ficar no zoológico. Noble balançou a cabeça. Na idade de seus irmãozinhos morar fora de sua casa seria algo que Noble nunca faria.
Inclusive, o que ele estava fazendo ali? Ele tinha bebido?
"O que estou fazendo aqui? Por que não dormi no meu quarto?" Ele perguntou parando na entrada do corredor que levava aos quartos. Honest vinha do banheiro, ele teve de sair para que seu irmão também saísse.
"Não lembra? Nós saímos ontem, foi muito bom." Candid disse, Honest se sentou a mesa com a mão na cabeça.
"Eu não me lembro de nada." Noble disse.
"Nem da loira com que passou a noite? Ela foi embora a pouco tempo." Candid disse com um sorriso malicioso no rosto.
"Loira?" Honest rosnou para Candid.
Loira? Ele não se lembrava de nenhuma loira. Sarah era loira. Linda, parecia um anjo com aqueles olhos azuis. Ele uma vez beijou Sarah.
"Nob?" Ele afastou esses pensamentos e olhou para Candid.
"Eu não me lembro de nenhuma loira. Eu me lembro de Sarah. Ela é loira." Honest rosnou para Candid.
"É, Sarah é loira." Ele disse o nome dela com ênfase.
"Vocês tem certeza de que ela voltou com o tal humano?" Isso doía em Noble, mesmo ele tendo que admitir que ele e Sarah eram apenas bons amigos.
Ele pensou ter sido importante para ela ao ajudá-la a contar a história de Bronzy para os pais, ou o fato de Sophia ser Nova Espécie. Mas do nada, Sarah foi embora. E teve o beijo perto do lago. Ele e ela foram afetados por Flora, é claro, mas ainda assim o beijo aconteceu.
"No que está pensando, Nob?" Candid perguntou, Noble ficou na dúvida se falava ou não em estar pensando em Sarah.
"Eu beijei Sarah no lago no dia que John quebrou a sua cara." Ele contou.
"John? Quebrar a minha cara? Bem que ele gostaria!" Candid riu, Noble o encarou.
"John quebrou a cara de Simple, Nob. Esse aqui é o Cam." Honest explicou, Noble piscou. E não é que era mesmo?
"Eu confundi vocês?" Ele nunca os confundiu, mesmo tendo a memória do cheiro só de Honest.
Candid colocou a frente dele e de Honest pratos cheios de bifes deliciosamente mau passados e muito bem temperados, Noble comeu até se fartar. Como poderia achar que aquele ali fosse Simple? Ninguém cozinhava tão bem assim. Só Candid.
Ou talvez Noah.
Noble gostava muito de Noah, ele era divertido.
"Acha que um dia os clones vão voltar?" Ele perguntou, Candid baixou os olhos.
"Eu não sei, Nob. Eles estão sendo controlados, de um jeito muito pior do que Livie estava." Candid disse, triste.
"O que pretende fazer hoje?" Honest perguntou, Noble se recostou na cadeira.
"Nada! É tão bom que o ano letivo terminou! Eu acho que vou chamar o papai para pescar, vocês vêm também?" Ele olhou para os irmãos, Honest bufou.
"Não posso. Estou quase ajustando a fórmula do veneno de Bronzy." Noble olhou para Candid.
"Eu vou ajudar o Hon." Noble acenou, mas notou os olhos de Honest em Candid, Candid pigarreou e disse:
"Quer dizer, acho que vou sim. Vamos ligar para o papai." Ele disse, Candid parecia meio pensativo.
"Não precisa ligar, vamos chamá-lo, ele deve estar na garagem." Seu pai adorava destruir os eletrodomésticos de sua mãe na garagem.
"Não!" Os dois disseram ao mesmo tempo, Noble os encarou.
"Estamos muito mais próximos do riacho, Nob, é mais rápido chamar o papai." Fazia sentido.
"Mas eu queria ver a mamãe." Do nada, Noble sentiu falta de sua mãe.
"A mamãe pode vir pescar também!" Honest disse, um pouco alterado, Noble não entendia por que.
"Mamãe não gosta de pescar." Ela odiava ficar no mato muito tempo, Noble sorriu ao se lembrar disso.
"Sarah gostava de pescar. Se ela estivesse aqui, ela poderia ir com a gente." Sarah e ele na beira do riacho pescando. Eles iriam ficar conversando e iam espantar os peixes.
Noble sentiu o sorriso se formando em seu rosto. Seria tão bom!
"Sarah está aonde?" Ele perguntou para Candid.
"Ela viajou, esqueceu? Com o namorado dela." Noble rosnou. Aquele humano minúsculo! Ele sentiu seus músculos crescerem. Se ele tocasse nela! Noble ficou um tempo olhando para a mata atrás da administração sonhando em quebrar os braços de Patrick.
"Noble?" Ele piscou e olhou para Honest.
"Eu vou quebrar os braços desse humano minúsculo se ele tocar em Sarah." Ele rosnou.
"Você não vai fazer isso. Você e Sarah não estão vinculados." Candid disse olhando nos olhos de Noble. Os olhos dele estavam brilhantes, pareciam iluminados. Era verdade, Noble e Sarah não eram vinculados. Isso doeu nele. Seu peito apertou. Ele queria tanto estar com Sarah agora!
"Diga pra mim, Nob, diga que você e Sarah não estão vinculados." Candid pediu. Noble olhou nos olhos dele e rosnou. Mas ele queria estar vinculado a ela! Mas não estava. Candid disse que não estava, então ele não estava, mas era triste...
"Eu não estou..." Não? O que aconteceria se ele dissesse que ele estava?
"Diga, Noble, diga que você não está vinculado a Sarah." Noble assentiu:
"Eu não estou vinculado a Sarah." Ele disse e um vazio tomou conta dele, mas era verdade, afinal, Sarah nem estava ali.
"Até quando vamos conseguir segurá-lo?" Honest perguntou para Candid, Candid respondeu.
"Até você fazer seu trabalho e John, aquele idiota, fazer o dele. E sou eu que estou fazendo o trabalho pesado!" Noble não entendeu nada.
"Você também não está de férias, Hon?" Honest era o orgulho da família deles, estava já na segunda residência.
"Sim, Nob. Estou. É só que estou fazendo um antídoto para Bronzy, lembra?"
Bronzy? Ela precisava de antídoto pra quê? Noble deve ter olhado confuso para Honest, pois ele explicou:
"Precisamos diminuir a produção de veneno dela e também aumentar a resistência dela ao seu próprio veneno." Noble assentiu. Pobre Bronzy!
"Alguém falou em pescar?" Seu pai apareceu, engraçado que eles tinham dito que iam ligar, mas ele não viu nem Simple, nem Honest ligando para o pai deles. Quer dizer, aquele ali era Candid.
"Vamos filhote, vamos aproveitar que ainda não está muito quente!" Seu pai sorriu. Pescar era muito bom, Noble sempre gostou. Sarah também gostava de pescar.
"Quando Sarah estiver aqui, vou chamá-la para pescar." Noble disse.
"Bom, vamos, vamos, eu trouxe tudo." Seu pai mostrou uma caixa com os equipamentos, Noble suspirou. Era tão bom ir pescar!

Simple acariciou o rosto de Noble e seu pai suspirou.
"Tem de fazer ele dormir?" Simple ajeitou uma mecha de cabelo de seu irmão longe de seu rosto e o cheirou. Noble estava dormindo com a cabeça no colo dele, Simple ergueu o torso de Noble, o abraçou e encheu os pulmões com o cheiro de seu irmão antes de responder.
"Não vou mantê-lo dormindo o tempo todo, mas ele está resistindo a minha sugestão, o vínculo deixou a mente dele muito forte." Seu pai jogou a linha e ficou olhando a isca sobre as águas do riacho.
"Por que Sarah teve que ir? Eu não entendi." Seu pai perguntou.
"Por que Bronzy precisava de um antídoto e Patrick só entregou as ampolas quando ela concordou em ir com ele." Seu pai balançou a cabeça.
"Mas por que Honest está trabalhando no antídoto?" Simple sorriu.
"Por que não faz o efeito esperado, mas diminuiu a produção de veneno por um tempo, Honest tem que aumentar esse tempo e anular o efeito colateral que a faria multiplicar a produção de veneno, o que a mataria." Seu pai assentiu.
"A fórmula mataria Bronzy e Sarah ainda ficaria com ele. Parece um dos seus planos." Seu pai comentou, Simple riu.
"É por que não deve ser um plano dele. Patrick é um idiota."
"Se não é dele de quem seria?" Simple negou com a cabeça.
"Não se preocupe com isso, papai, vai dar..."
"Não me preocupar? Olha como seu irmão está! Você deve estar brincando se acha que não vou esquentar esse seu traseiro se não me contar tudo!" Seu pai ameaçou, Simple sorriu.
"Não importa de quem foi o plano, papai, tio V. está com ela, assim que não precisarmos de Patrick mais, ele vai trazê-la." Seu pai assentiu.
"Vengeance sempre tem de estar metido em tudo! Eu deveria ir! Ela é minha filhote também." Ele disse isso e piscou.
"Ela pode ser considerada minha filhote?" Ele perguntou.
Seu pai vivia tentando aumentar a família deles, já que Vengeance estava cheio de netos e ele só tinha três. O filhote de Pride tinha nascido no dia anterior e tinha herdado os cabelos vermelhos escuros, as feições delicadas de Pride e tinha os olhos bicolores de Minerva. Seu pai ficou encantado com o novo netinho, mas Alícia, a neta mais nova de Vengeance era a cara dele.
"Você teria que falar com Brass, ela é filhote dele." Seu pai franziu os lábios.
"Ela vai demorar uma eternidade para me dar um neto!" Seu pai reclamou.
"O único que seguramente vai se parecer comigo e será macho, eu tenho certeza, mas ela não quer um agora." Simple sorriu.
"Você consegue guardar um segredo, papai?" Ele perguntou, seu pai respondeu de imediato:
"Não da sua mãe, mas se ela puder saber, eu consigo." Não faria mal dar uma alegria a seus pais, eles mereciam.
"Sabe a salada de frutas que Sarah vivia comendo?" Ele perguntou, seu pai abriu um imenso sorriso, mostrando todos os seus dentes e as enormes presas de que ele tanto se orgulhava.
"Filhote! Eu sempre soube que podia confiar em você! Meu Deus! E Vengeance com aquele tanto de fêmeas!" Ele riu, Simple o acompanhou.
Simple não disse que as fêmeas eram tão preciosas quanto os machos por que sabia que seu pai também achava isso, Valiant só queria um neto parecido com ele.

FILHOTES DE VALIANT - NOBLE Onde histórias criam vida. Descubra agora