CAPÍTULO 33

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Simple desceu do helicóptero e correu na direção apontada pelo ponto em seu ouvido que o piloto humano lhe deu. Não que precisasse, ele sabia exatamente onde John e sua equipe estava.
Ele passou pela recepção do hotel, subiu pelas escadas e bateu a porta. Daisy abriu a porta, o puxou para dentro e o abraçou. Ela estava tentando saber se era ele ou Candid, mas ela não conseguiu discernir, ninguém conseguiria.
Ele beijou os lábios dela, ela encostou sua testa na dele e ficaram assim por um tempo, Simple gostou. Daisy e Candid eram muito próximos, já ele e Daisy não, então era uma oportunidade.
"O que foi? As bolas de quem eu tenho de chutar?" Ele disse olhando diretamente para Rom que estava de pé num canto do quarto.
"Você não veio para chutar as bolas de ninguém. Você veio por causa do seu faro que dizem que é quase como o do seu irmão." John disse, Simple admirou o quanto ele irradiava autoridade. É claro que quando disse 'seu irmão' ele usou um tom depreciativo, mas aquilo só divertiu Simple.
Simple nunca odiou John. Ele teve uma certa paixãozinha por Flora, mas ele nunca mataria John para ficar com ela e pelo que John mostrou seria preciso fazer exatamente isso se se quisesse ficar com Flora. John era como um irmão para Simple. Um irmão muito fácil de provocar, mas ainda assim, um irmãozinho.
"Bom, então, me diga por que me tiraram do lado de Noble correndo o risco da mente dele vencer minha sugestão e ir atrás de Sarah." Isso era um risco e Simple não quis sair do lado de seu irmão mais velho, ele só foi por que Pride jurou que iria manter Noble sob controle e Honest lhe garantiu que só precisava de mais um dia para completar a fórmula.
"Olhe em linha reta. Você verá um prédio velho com a pintura descascando...
"Cheio de soldados aprimorados. Eu não preciso ver. E daí?" John o olhou com respeito.
"Achamos que estão protegendo uma humana grávida e dois filhotes caninos. Estamos esperando que eles os removam de lá, mas..."
"Eles não estão lá. É uma armadilha." Simple disse.
"Tem certeza, Cam? Eu posso sentir o cheiro da humana e dos filhotes." Daisy disse. O faro dela era impressionante, mas era exatamente o que Samantha queria. Simple, porém cairia em contradição, pois o faro de Candid não seria tão bom a ponto de saber exatamente onde a humana e os dois filhotes estavam. Eles estavam em outra cidade.
"Não tem a ver com a capacidade de faro, querida, tem a ver com o fato de que quem está naquele prédio é uma humana grávida e dois filhotes humanos. Eles aspergiram valeriana neles e os vestiram com as roupas dos Novas Espécies. Eles sabiam que estaríamos a distância.
"Isso é um truque manjado, Candid! Como eles podem achar que nos enganariam?" Simple deu de ombros.
"Ok, mas temos de ter paciência. Como não são os nossos alvos, vamos esperar." John decidiu, Rom, Daisy e Hope que estava num quarto acima, com um rifle armado e pronto, concordaram com ele.
"Que tal uma carne de alce?" John olhou para ele com as sobrancelhas erguidas.
"Você está brincando, não está?" Simple abriu a porta e colocou o cooler que tinha trago consigo para dentro.
"É claro que não." Ele abriu e o cheiro de carne assada encheu o quarto.
"Também trouxe suco. De maçã, D., o seu preferido." Daisy tomou a garrafa das mãos dele e tomou todo o conteúdo. Rom aceitou a carne e comeu um grande bife regado a suco de laranja, John a contragosto comeu a carne e tomou água.
"Vão trazer pra mim?" Hope perguntou, Simple respondeu que sim e subiu até o quarto dela.
Quando voltou, Rom já piscava e John o olhou com ira nos olhos.
"O que havia naquela água?" Simple sorriu.
"Esse grupo está muito grande, essa missão não precisa de tanta gente."
"O que quer dizer, Cam?" Daisy perguntou, ele esperou John cair de cabeça no chão. Simple o pegou e o jogou na cama ao lado de Rom que já tinha apagado.
"Eu tenho de chutar as bolas de Rom, não tenho?"
"Eu não preciso que você chute as bolas de ninguém por mim, eu posso resolver isso." Daisy disse.
"Por que os colocou para dormir?"
"Por que se for necessário, posso sugestionar você e Hope, eles não. Vamos." Ele abriu a porta do quarto para ela.
"Como assim pode me sugestionar?" Daisy perguntou descendo as escadas correndo atrás dele.
Hope já estava na recepção do hotel, os humanos olhavam para o rifle nas mãos dela com um olhar de medo, mas eles saíram do hotel correndo, logo ninguém nem lembraria daquilo.
E eles correram pela estrada, Hope pediu para pararem duas vezes, Primatas não corriam tanto quanto caninos ou felinos, e chegaram a outra cidade.
Simple indicou um motel de beira de estrada, ele já tinha reservado um quarto ali por telefone, foi só dizer o nome falso dele, James North e o recepcionista lhe entregou a chave.
"O que estamos fazendo aqui?" Daisy perguntou, mas ela arregalou os olhos em seguida.
"Estão aqui! A dois prédios adiante." Ela vocalizou apenas mexendo os lábios. Simple acenou, ela respirou fundo.
"Os clones!" Daisy vocalizou novamente, Simple acenou, Hope também estava assustada.
"Não somos páreos para eles, Candid! Você está louco!" Hope sussurrou, Simple sorriu.
Ele já tinha ganhado de Noah uma vez, não seria difícil repetir a façanha.
"Calma. Noah é como o tio V. não é tão difícil assim enganá-lo." Ele sussurrou.
Ele se sentou numa cadeira e ligou a tv.
"Como assim você não quer vê-lo mais D? Pensei que estava apaixonada por Romulus!" Simple disse, sua voz só um pouco alterada, não era necessário falar em voz alta.
Daisy o olhou com dúvida nos olhos.
"Romulus é sensível e um ótimo macho, eu pensei que íamos acasalar!" Daisy o olhou, querendo perguntar se devia falar mal ou bem de Romulus.
Simple só a encarou. Ela entendeu, devia dizer a verdade.
"Ele não quer compartilhar sexo comigo." Daisy disse meio hesitante, Simple sorriu e balançou a cabeça a incentivando.
"Ele diz que não estamos vinculados, que Peter se vinculou muito novo e que se ele pode ter outras fêmeas, ele quer tentar." Ela disse, Simple se surpreendeu. Romulus esnobando a fêmea mais bonita e feroz da Reserva?
"Mas você só tem de contar ao papai, querida. Papai vai mastigar as bolas dele e ele não vai tentar com ninguém mais, nem mesmo com a mão."
Simple pegou o rifle das mãos de Hope, ela o tinha deixado engatilhado e se postou a frente da porta. Daisy empunhou sua pistola.
"Eu não sei. Eu gosto dele, gosto mesmo, Cam. Ele é tão bonito, tão inteligente! E sabe beijar muito bem."
"Poupe-me dos detalhes, D." Ele disse, ela sorriu debochada.
"Eles estiveram aqui. Hoje, eu acho."
"Seu faro não é tão bom quanto o de Sim, talvez já estejam longe." Ela disse, Daisy estava se mostrando ótima no improviso.
"Vamos pedir serviço de quarto, estou com fome." Simple disse, ele, Daisy e Hope assumiram posições de combate, ele no centro as duas em seus flancos. Falar em Romulus despertaria a memória afetiva deles, eles amavam Rom. Isso os faria atacar apenas para capturá-los, não para matar, era a chance que precisavam.
"Mas me conte.Quando diz que você e Romulus não compartilharam sexo, você quer dizer que não fizeram nada ou só não..." Hope resolveu entrar na conversa.
"Eu e ele... Ah, Hope! Eu não quero falar disso!"
Nesse momento a porta foi aberta com um estrondo, Simple abriu fogo sobre Adam, Daisy e Hope atiraram em Noah. Eram munições especiais, eles caíram. Adam tomou seis tiros, seus olhos se fecharam, ele tossiu sangue.
"Vá pegar os filhotes e a humana, o helicóptero não deve demorar.
"Por quê?" Noah disse, ele acreditava que estava falando com Candid.
"Por que já basta de deixar vocês por aí." Simple disse.
Era a segunda vez que os sentimentos deles os atrapalhavam, mas era muito improvável de acontecer uma terceira. Eles ficariam presos na Reserva e talvez Gabriel conseguisse dar um jeito neles. Ou não, mas quem decidiria o futuro deles seria Vengeance.
Daisy apareceu com um bebê espécie no colo, um macho, Hope trazia a mãe humana nos braços, o filhote maior vinha com o irmãozinho no colo. Todos estavam bem, incluindo a humana. O bebê tinha uns três dias de vida, era forte e dormia, limpo e alimentado. Compaixão. Os clones tinham muito disso.
Adam tossiu mais uma grande quantidade de sangue, Noah estava desmaiado.
"Acha que vão sobreviver? A humana perguntou.
"Eles não nos fizeram mal." Ela completou.
"Quer dizer, quando nos capturaram sim, eles mataram meu companheiro, mas depois..." Será que a humana queria dizer que eles se mostraram diferentes? Será que conseguiram se libertar do controle?
"Quer ficar com eles?" Daisy perguntou mal humorada.
"Vocês também estão me levando para um lugar que desconheço, qual a diferença?" A humana perguntou, Hope a colocou sobre seus pés. Ela era muito bonita.
"Somos seu povo." Hope disse.
"Eles também eram." A fêmea retrucou. Daisy beijou a testa do bebê e deu um soco potente na cara da fêmea humana.
"Que se foda. Arriscamos nossas vidas e essa humana vem nos questionar?"
Simple ergueu a humana em seus braços, ela estava limpa e cheirava bem. Talvez Noah...
O som de vários passos o fez inspirar e suspirar aliviado, a equipe de Sal tinha chegado.
"Onde está John? Ele era o chefe da missão." Foi a primeira coisa que Sal perguntou.
"Dormindo numa cidade próxima daqui. Vão ter de buscá-lo." Simple informou.
"Dormindo?" Sal não acreditou, é claro.
"Ele parecia cansado." Simple explicou.
"Daisy, se seu irmão aprontou com John, quem pagará será você." Sal disse, dois Novas Espécies tinham pegado os clones, eles correram para o helicóptero.
"Eu não tive culpa!" Ela reclamou já no helicóptero. Quando a aeronave alçou vôo, o coração de Simple pôde finalmente sentir que as coisas estavam se encaixando e tudo ia mesmo ficar bem.

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