CAPÍTULO 19

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A cobra deslizou por cima do pé de Sophia e ela sorriu, não havia nenhum tipo de temor em si e isso era algo que ela nunca considerou. Era como Brass, Gift e John serem amados pelo cachorro de Enrico, o Cupcake. Brave nunca entendeu porque o cachorro sempre rosnava para ele, agora sabiam.
A cobra continuou subindo por sua perna até que Sophia a pegou e a aproximou do rosto.
"Somos amigas, então?" A cobra colocou a língua para fora e a passou no queixo de Sophia, ela sorriu.
"Acho que sim. Você me faria um favor?" Sophia perguntou olhando nos olhos da cobra. As pupilas dela eram redondas, como as dela própria. Sophia parecia humana, diferente de Bells que tinha as pupilas alongadas, o que fez com que acreditassem que ele era felino. A cobra estava imóvel na mão dela.
"Não faça isso." Brass disse indo na direção dela como suas mãos a frente do corpo, numa postura de rendição. Sophia sorriu.
"Por que não estou surpresa?" Ela colocou a cobra no chão, sua nova amiga não foi embora porém, ficou aos pés de Sophia enrodilhada.
"Olha isso, amor! Será que ela irá pra casa comigo?" Sophia o provocou. Ela estava se divertindo com o olhar de alerta dele.
"Não, não vai." Ela parou de sorrir. Brass estava sério, ela suspirou.
"Estava me seguindo?" Ele deu de ombros.
"Sempre." Sophia não se deixou levar pela palavra simples mas que tocava seu coração. Ela estava decidida a buscar sua filhote e ele não iria impedir.
"Você sabe do plano." Ela disse olhando para a cobra, que ergueu a cabeça e pôs a língua para fora.
"Não vai dar certo. Eu e Ven iríamos junto é claro, mas eu já me debrucei sobre todas as possibilidades e não há como dar certo." Ele se sentou perto dela de olho na cobra. A cobra então voltou a subir na perna de Sophia e se enrolou em seu colo. Sophia riu.
"Você não vai levar essa coisa pra nossa casa." Ele disse, a cobra ergueu seu corpo na direção dele, ele se afastou.
"Os filhotes sempre quiseram um cachorro, você nunca quis, talvez possamos ter outra espécie de bichinho." Sophia acariciou a cabeça da cobra, ela fechou os olhos, Brass rosnou baixo.
"Não." Ele disse, Sophia acenou. A cobra era venenosa, Sophia nunca colocaria a vida de seus amigos e filhotes em perigo.
"Você queria que ela te picasse?" Ele perguntou, Sophia baixou o rosto, a cobra esfregou seu focinho na bochecha dela, Brass rosnou dessa vez mais alto.
"Eu pensei nisso. Mas eu não tenho presas e poderia ficar como Bronzy que não pode ser tocada. Já pensou? Não poder te beijar? Eu só queria ver se ela me atacaria." Ela disse.
"Se isso significasse trazer Bronzy, talvez fosse algo a se pensar. Temos Gabriel e também os trigêmeos. Mas não há nenhuma evidência de que você ser venenosa possa ser uma vantagem." Ele usou a voz impessoal dele. Sophia acariciou a cabeça da cobra de novo.
"Úrsula. Você gosta?" A cobra a olhou com o olhar firme e direto de cobra.
"Úrsula. Eu gostei." Sophia sorriu.
"Quando vocês vão?" Brass perguntou.
"Você não disse que ia? Mesmo acreditando que não vai dar certo?" Sophia sorriu, ele franziu a boca.
"Eu não vejo como pode dar certo, mas isso não significa que não vá dar certo. Temos de tentar ao menos, então, quando vamos?" Ele perguntou com má vontade. Era difícil para ele admitir Sophia e Livie a frente do plano. Sophia o amava por isso, por deixar elas decidirem tudo. Era respeito, era considerar que elas eram tão capazes quanto ele e Vengeance.
"Provavelmente essa madrugada. Livie iria usar o piloto humano, mas se vocês vão, então..."
"Não. Não estaremos no mesmo helicóptero. Para que isso dê certo, o tal Eustace tem de pensar que apenas vocês estão nisso. Ele tem de subestimar vocês." Sophia parou de acariciar a cabeça da cobra.
"Seremos iscas?" Ela perguntou, ele sorriu.
"A mais deliciosa das iscas." Ele disse com os olhos queimando, claros, quentes. Sophia mergulhou no cobre derretido daqueles olhos e deu um último beijo na cobra.
"Vá, Úrsula. A mamãe tem que fazer uma coisa." A cobra desceu do colo dela e rastejou para longe, se enfiando sob um arbusto.
"Isso sim é esquisito." Ele disse se levantando e ficando ante Sophia. Ela não se levantou.
"Eu fui picada uma vez, lembra? Hoje eu vejo que a cobra queria me tocar de alguma forma." Ele assentiu.
"Pensei que era uma cobra sem peçonha. Provavelmente não era." Sophia balançou a cabeça concordando.
"Eu me lembro de Trisha me examinando, ela disse que se não doeu era por que devia ser uma cobra sem veneno. Não ficou a marca dos dentes." Ele se abaixou ficando com os olhos na mesma altura que os dela.
"E por causa disso, Brave desmaiou Flame aquela vez." Sophia riu.
"É." Ele a beijou, Sophia o abraçou pelos ombros.
Ele se levantou a trazendo junto e Sophia abriu as pernas o enlaçando com elas. Ele andou até uma árvore e a pressionou contra ela, sem deixar a boca de Sophia.
"Faz tanto tempo que não nos amamos no meio do mato. E olha que a nossa primeira vez foi justamente no mato." Sophia disse entre beijos.
"Foi. Foi quando eu te fiz minha. Desse jeito." Ele pressionou sua ereção contra o meio das pernas de Sophia.
"Não foi desse jeito. Eu fiquei por baixo." Ela disse, mas ele a beijou com fome, chupando o lábio inferior dela, enquanto Sophia sentiu sua calcinha caindo.
"Brass!" Ela reclamou, ele sorriu mostrando suas presas.
"Já falei para você parar de usar essas coisas." Ele a beijou no pescoço, e mordeu seu ombro. Sophia fechou os olhos e se deixou possuir, o pênis delicioso dele a penetrou, ela gemeu ao ser esticada.
Brass afastou o rosto a encarando enquanto entrava e saía de dentro dela de forma firme e lenta.
"Sempre parece que é a primeira vez." Ele disse, Sophia fechou os olhos e ele a beijou. Eles se beijaram durante o tempo em que se moveram até que o prazer os tomou, ele escondeu o rosto no pescoço de Sophia, quando seu corpo tremeu com o êxtase.
Eles recuperaram o fôlego, ele desinchou e Sophia desceu as pernas dos quadris de Brass.
"Eu ainda te quero muito, mas..." Ele moveu os olhos para a direita, Úrsula estava enrodilhada olhando para eles.
"Vamos pra casa. Lá você vai me possuir quantas vezes quiser." Sophia disse, ele a beijou com desejo, chupando a boca dela.
"Vamos." Ele disse. Se deram as mãos e andaram até o jipe que Sophia deixou estacionado na estrada. Antes de subir no jipe porém, Sophia viu que Úrsula os tinha seguido.
"Coitadinha, Brass..." Ela fez uma carinha triste, Brass fechou a cara. Úrsula subiu no jipe e se enrodilhou no banco de trás.
"Cobras fazem cocô?" Ele perguntou. Sophia riu.
"É claro. Mas como sou eu que sempre limpo a casa, vou ignorar que você me perguntou isso." Ele olhou para a cobra no banco com os dentes trincados. As cores dela que ao mesmo tempo eram lindas, mas temíveis, brilharam.
"Isso é perigoso, amor." Sophia concordava com ele, mas o que ela poderia fazer?
"Vamos conversar com Lunna, ela sabe tudo de tudo. Vai nos ajudar. Talvez Úrsula goste de ficar num aquário. O que acha, lindinha?" Sophia estava se sentindo uma criança com um animalzinho de estimação.
Brass rosnou quando a cobra colocou a língua para fora.
Depois de passarem na casa de Moon, e aprender algumas coisas sobre cobras, e até ganharem cesto. Sophia colocou a cobra no cesto e amarrou bem a tampa.
"O que é isso?" Os gêmeos perguntaram saindo para o jardim dos fundos.
"O que mais? Coisa da sua mãe." Brass disse e entrou.
"Uma cobra. O nome dela é Úrsula." Gift apertou os lábios ficando uma cópia de Brass, o Brass chateado, Brave, é claro, sorriu.
"Posso ver?" Ele perguntou, Sophia desamarrou a tampa do cesto.
"Lunna disse que vai pedir que todos os ratos encontrados na área familiar sejam mandados pra cá. Espero que ela consiga esperar." Sophia disse enquanto Brave tirava a cobra do cesto e Gift se afastava rosnando.
"Oi, Su. Você é muito bonita, sabia? Eu mesmo irei caçar um ratinho bem gordinho para você comer, hoje ainda." A cobra colocou a língua para fora. Sophia riu, Gift rosnou outra vez.
"Se ela me atacar, eu a matarei, mãe. Não sou como vocês." Ele disse e entrou.
"Não tenha medo dele, Su. Ele é um cuz..." Sophia franziu as sobrancelhas.
"Um... Ah, vocês entenderam." Ele colocou Úrsula de volta no cesto e ajudou Sophia a amarrá-lo.
"Não está certo. Ela não pode ficar aqui. Ela era livre no mato." Sophia disse tocando o cesto.
"Por que a trouxe então, mamãe?" Brave perguntou.
"Eu não sei. Ela me seguiu até o jipe, ela subiu no jipe." Sophia ficou triste. Cobras venenosas não podiam ser animais de estimação.
"Talvez amanhã, você a liberte e ela vá embora. Que tal?" Brave sorriu, seu rosto bonito de iluminando.
"Bronzy deve ser igualzinha a você." Sophia disse beijando o rosto dele.
"Se isso me colocar na frente de John e Gift na hora de chutar as bolas dos machos, eu vou gostar." Ele a beijou e voltou para dentro da casa deles.
"Me deseje sorte, Úrsula. Eu vou precisar." Ela disse entrando na casa também.
O telefone estava tocando era Sarah.
"Mamãe? Onde se meteu? Estou te ligando a horas!" Ela reclamou.
"Engraçado. Desde que você foi ficar nessa cabana com Noble, você nunca atende o telefone." Sophia rebateu.
"Livie mudou tudo, ela está aqui, temos que ir." Sophia ouvia Brass no chuveiro, ele podia ouvir a ligação, mas não houve mudança no barulho da água. Ele iria depois de qualquer forma, então, Sophia pegou uma calcinha e desceu as escadas o mais silencioso que ela conseguia e saiu da casa. Ela não era de correr muito mas depois de vestir a calcinha, acabou correndo pela estrada, até Silent parar um jipe atrás dela.
"Sophia? Vou te levar." Ela olhou nos olhos bicolores dele e não viu a doçura inerente que sempre ocupava seus olhos. Ela viu um vazio estranho.
"Venha, temos de ser rápidas." Sophia subiu no jipe, uma sensação de frio a envolveu. Era muito estranho.
Ele dirigiu em silêncio até a cabana de Leo, ou dos trigêmeos, ou ainda a cabana de Sarah e Noble. Sophia desceu e olhou para Silent, ele lhe sorriu, com os lábios, dentes, presas e olhos. Era ele de novo.
"Vou indo tia, está quase na hora de dormir." Ele disse sem se importar em estar ali. Silent deu a volta com o jipe e sumiu na estrada.
"Isso sim foi esquisito." Ela disse se lembrando da fala de Brass entrando na cabana, se deparando com Livie e Sarah ajeitando o corpo gigante de Noble no sofá. Sarah foi até o quarto e voltou com mantas e travesseiros.
"Por que ele está dormindo no sofá?" Sophia perguntou.
"Por que somos pequenas e fracas e ele pesa uma tonelada." Livie explicou.
"Você o colocou para dormir?" Sophia perguntou, ela assentiu.
"Ele caiu e bateu a cabeça, foi assustador." Sarah afastou os cabelos de fogo de Noble da testa dele, examinando sua testa. Não havia hematoma.
"A cabeça dele é dura." Livie disse.
"Vamos." Ela comandou, mas parou a porta e voltou alguns passos.
Simple entrou.
"Esse é o plano? Desmaiar os seguranças?" Simple se ajoelhou ante Noble examinando a cabeça dele. Sarah ia dizer que Noble estava bem, mas Simple cheirou o rosto de seu irmão e o beijou.
"Ele vai te perdoar, mas vai demorar um pouco." Ele disse olhando para Sarah. Os olhos estavam frios.
"Você não vai com a gente." Livie disse, ele voltou os olhos para ela, havia desprezo neles, coisa que Sophia nunca viu nos olhos de seus queridos trigêmeos.
"Você não pode controlar minha mente, nem a de Brass, John ou Gift, nem a de Leo, ou de Jonathan. Não acha que pode haver algum aprimorado que você também não possa? Não vou deixar você colocar a vida de Sarah e Sophia em risco para consertar uma merda que você fez sozinha." Ele cruzou os braços. Livie sorriu, malvada e o encarou. Sophia e Sarah se abraçaram, Sophia não sabia quem tinha aberto os braços primeiro. Eles batalhavam, imóveis, era assustador.
"Se eu entrar em sua mente, irei apagar tudo. Tudo, Simple. Quer continuar?" Ela disse, a voz fria.
"Eu senti o cheiro dele. Na cabana de Gabriel. Foi por causa dele que você foi embora, lembra? Ah, esqueci, você perdeu a memória. Pelo menos é o que diz. A culpa disso tudo é sua! Você fugiu por que queria o Honor e não foi corajosa o suficiente para lidar com isso. Agora, onde está Honor?" Livie rosnou, Sarah aumentou a força com que abraçava Sophia.
"Você deixou ele ser levado!" Ela gritou, os vidros das janelas se quebraram.
"Mas ele só foi por sua causa. Não foi Lily quem deu a ele o nome do Mckay." Sophia olhou para Sarah, elas não entendiam nada.
Livie deu um passo na direção de Simple, ele não se abalou.
"Não vai entrar. Você é fraca, sempre foi." Ele disse, mas sua voz saiu acompanhada de um rosnado.
"Não sou!" Ela gritou, Sarah escondeu o rosto no peito de Sophia, Simple arregalou os olhos.
"Parem! Parem com isso!" Sophia disse, mas então Livie riu. Ela se deixou cair no chão e riu de novo.
"Eu entrei. Eu entrei e vi..." Ela suspirou.
"Por que ele teria vergonha do tamanho de seu pênis?" Ela perguntou, Simple relaxou o rosto.
"Por que ele é tímido. Tanto que beira a idiotice. Entendeu o que tem de fazer?" Ela se levantou. A Livie que tinha rido sumindo.
"Sim. Obrigada." Ela disse, Simple beijou Sarah e Sophia nos lábios, beijou Noble de novo e ia saindo.
"Você... Eu..." Livie disse, os olhos desamparados.
"Eu quero que dê tudo certo e você volte com a localização do meu irmão, mas isso não muda o que você fez." Ela baixou a cabeça.
"Vamos." Livie saiu, Sarah e Sophia a acompanharam.
"O que aconteceu?" Sarah perguntou.
"Ele meio que me levou ao limite. Se eu entrar na mente dele, posso entrar em qualquer uma." Ela explicou, Sophia assentiu.
"E você conseguiu?" Sarah perguntou.
"Sim, mas só entrar não basta, não na cabeça dele, pelo menos. Ele me mostrou Honor dormindo pelado e eles colocando Florest desacordado na cama auxiliar do quarto dele. Eu pude sentir o quanto eles achavam aquilo engraçado pelo fato de Honor ter vergonha de ficar nu na frente dos outros." Ela sorriu.
"Isso me desconcentrou, mas eu entrei. Esse era o objetivo. Não sabemos quem vamos encontrar. Ele ajudou no fim das contas." Sarah esfregou os braços.
"Foi aterrador, eu fiquei com medo." Sarah disse, Sophia concordava.
Livie parou o jipe e uma sombra pulou no banco de trás do lado de Sophia.
"É por que ele não estava sozinho. Vou com vocês."

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