CAPÍTULO 27

244 51 5
                                    

Noble alisou o rosto adormecido de Sarah e suspirou. Eles tinham passado todo o dia anterior e a noite compartilhando sexo, ela estava exausta, ele ainda aguentaria mais um dia.
Ele se levantou, foi até a cozinha, bebeu água e aguçou seus sentidos. Ninguém a vista, mas Candid tinha estado ali. Acima do fogão havia uma vasilha com carne assada, no ponto que ele gostava, bem mal passada. Além disso haviam várias vasilhas com salada de frutas, bolo, biscoitos, uma jarra de suco e café.
Ele comeu e se aproximou da estante. O robô estava atrás do globo de natal. Noble deu de ombros, diante de sua situação atual, se Simple estava se passando por Candid ele estava pouco se importando.
Ela dissera que o amava e agora Sarah estava mais madura, mais dona de si. Ele poderia confiar? Seu coração dizia que sim, mas ainda havia o fato de que se ela quisesse deixá-lo, sua vida acabaria.
Tanto poder na mão de uma fêmea! Isso era como a corrida com Peter, ele decidiu quando começou e quando terminou.
Noble voltou ao quarto, ela roncava suavemente, nua, os seios pequenos subindo e descendo conforme ela inspirava e expirava lhe deram vontade de tocá-los, mas ele queria um pouco de distância, ele queria colocar as idéias no lugar e ficar louco de tesão não ajudava.
Ele saiu da cabana e inspirou, seu pai estava na garagem, ele se dirigiu a sua casa correndo.
Ele entrou na garagem, seu pai consertava um liquidificador.
"Sai mais barato comprar outro, pai." Noble disse só para iniciar uma conversa, a anos seu pai tentava consertar as coisas, tudo ficava muito pior do que antes dele mexer.
"Foi só uma pecinha que soltou." Ele disse e bateu com uma chave de fenda na base do liquidificador.
"É só abrir aqui e..." A base se partiu em três partes. Valiant franziu os lábios e deu de ombros.
"É, sua mãe estava mesmo querendo um novo." Ele catou as partes do aparelho e colocou numa caixa.
"Se comprar outro igual e estragar, eu terei peças para consertar." Noble sorriu concordando.
Valiant tirou uma torradeira da mesma caixa e começou a desmontá-la, Noble pegou um aspirador de pó e também começou a desmontar. Sua mãe vivia dizendo que seu pai estragava os aparelhos para depois consertar, Noble desconfiava de que ela estava certa.
"E como está Sarah? Seu irmão foi um herói de novo, não foi?" Noble sorriu, Honest era o orgulho de seu pai.
"Na verdade, Simple foi o grande mentor, pois o plano foi dele." Seu pai suspirou.
"Simple! Usando as florzinhas como força bruta! Ele deveria estar a frente, não mandar as suas irmãs!" Valiant disse.
"Ouvi que elas foram espetaculares." Seu pai riu.
"É claro que foram, são as minhas florzinhas!" O orgulho dele fazia seus olhos brilharem.
"Eu sempre quis despertar esse orgulho em você, pai. Eu sei que ser compositor e professor de música não é muita coisa, mas eu sou muito bom no que faço." Noble disse terminando de separar uma parte do aspirador.
"E eu não sei que você é bom? É claro que é, você é meu filhote!" Seu pai disse, Noble assentiu, mas não era o que queria ouvir.
"Eu é que queria saber demonstrar orgulho por você, filhote, mas nunca soube. O que você faz, bom, a primeira música que você tocou pra mim me deu vontade de chorar, e machos não choram, você entende? Foi algo tão... Eu não sei explicar, até pouco tempo atrás, quando você ficava praticando a droga da música, me tocava de um jeito que eu não gostava, por que como posso ser o grande leão desse lugar se uma simples música me faz chorar? O grande leão chorão, é como me chamariam." Noble soltou o aspirador e encarou seu pai.
"Por que só está me dizendo isso agora?" Depois de todas as vezes que ele xingou e amaldiçoou Noble por ser músico.
"Por que talvez agora você me entenda um pouco, afinal daqui a pouco tempo, eu espero, você também será pai e aí sim vai entender como pais são burros." Noble ergueu as sobrancelhas.
"Pais são burros?" Ele perguntou, seu pai sorriu.
"É claro que são! Pelo menos eu não estou sozinho em minha burrice, na verdade, acho que Vengeance é mais burro que eu. Onde já se viu permitir que sua filhote se finja de morta! Só poderia dar merda uma coisa dessas!" Noble teve de admitir que seu pai estava certo. Vengeance não deveria ter aceitado a idéia de Livie de se fingir de morta.
"Eu acho que ele não teve muito o que dizer disso. E os trigêmeos estavam envolvidos, você sabe." Seu pai bufou.
"Eles eram crianças!" Seu pai disse e Noble achou melhor encerrar o assunto. Ele não queria falar de Honor.
"Você disse que vou ser pai. Eu vou, pai, mas não agora." Noble queria deixar claro que Sarah tinha ainda de se formar e que um filhote só atrapalharia. Isso na visão dela, claro.
"Por que não? Se é por causa do sexo, eu e sua mãe ficamos com ele. Toda noite se for preciso. Vocês o colocam pra dormir e eu vou lá e pego ele. Se for pelo sexo de tarde, eu o levarei todos os dias para nadar, para pescar. Eu tentei ensinar arco e flecha para Sheer, mas ele não ficou muito bom, pelo menos não tão bom quanto os gêmeos de Torrent." Noble ficou calado ante o oferecimento de seu pai, era até um pouco egoísta, mas seu coração bateu mais forte ao imaginar seu pai e seu filhote indo pescar.
"Sarah está quase terminando seu curso, pai. Depois do curso, talvez haja uma especialização e daí ela vai querer trabalhar um pouco antes de ser mãe." Seu pai ia fechando a cara a cada palavra de Noble.
"Tá. Quanto tempo demora pra você me dar um neto então?" Ele perguntou, direto. Seus olhos se cravaram em Noble.
Não era sobre ter um neto, era sobre só ter um filhote quando Sarah quisesse. Ela tinha todo o direito de ser mãe quando quisesse, afinal o trabalho duro seria feito por ela, mas Noble não tinha nada a dizer sobre isso? Ele teria simplesmente de dizer: 'dez anos? Tudo bem, querida, esperaremos dez anos para sermos pais.'?
"Eu não sei, depende dela." Era a verdade e ele disse. Seu pai assentiu.
"Bom, nisso você tem razão, depois do vínculo, ficamos nas mãos delas." Ele disse retirando um parafuso e o examinando.
"Como você lida com isso?" Era a grande pergunta, era o motivo de estar ali.
"Você disse 'lidar' como se fosse uma coisa ruim, o que aconteceu?" Noble soltou o ar que ficou segurando esperando seu pai responder.
"Sarah precisava ter meu cheiro no corpo dela para enganar o tal Eustace. Isso me fez duvidar dos sentimentos dela." Noble disse.
"Sarah sempre amou você, sempre. E no caso dela, assim como no da sua mãe, é o amor que as faz ficar com a gente." Ele jogou o parafuso numa caixinha. Engraçado como a garagem estava cheia de tralhas, mas as tralhas estavam organizadas. Eram dezenas de caixas, cada parafuso ficava numa caixa de acordo com o tamanho, finalidade e até pela cor.
"Mas isso não é justo! E se o amor acabar?" Seu pai sorriu.
"Esse é o seu medo? Pra mim, isso sempre foi uma motivação, uma puta motivação. Eu estou ligado por toda a porra da minha vida a uma fêmea que pode simplesmente me deixar quando ela quiser. Acho que isso deixa as coisas mais interessantes. É uma luta diária." Ele riu.
"Isso me faz querer imaginar uma forma diferente de despertar o desejo dela, uma forma diferente de fazer ela gozar."
"Pai!" Noble reclamou, era da mãe dele que Valiant falava! Seu pai riu alto.
"O quê? Está com medo do desafio? Por que é um desafio, filhote. E vocês estão só no começo! Agora, na maior parte do tempo estarão compartilhando sexo, o que há de difícil nisso?Não me faça ter de bater na sua cabeça!" Seu pai rosnou.
"Acha que estou sendo um idiota, então?" Noble perguntou.
"Não." Seu pai ficou sério
"Faz todo o sentido você ficar assim. Ainda mais que você sempre a amou, agora, a intensidade pode te assustar, é normal. Um macho vinculado pensa mais na fêmea do que em si próprio, mas você tem um talento, uma profissão, uma família, coisas que são importantes, que também ocuparão um lugar no seu coração. Até você conseguir encontrar uma forma de conciliar todos as partes de sua essência e a grande parte que o vínculo ocupa, demora." Noble ficou olhando para as mãos.
"Com você foi assim?" Ele perguntou.
"É claro que não! Sua mãe teve de ser resgatada, mas depois disso ela se entregou a mim de corpo e alma. E ela logo engravidou de você. Sua mãe é uma fêmea simples, Nob, graças a Deus por isso. Ela não é como essas fêmeas de agora que acham que tem de se provar, se realizar profissionalmente como se só assim pudessem encontrar a felicidade. Sua mãe sabe que a felicidade não é um fim, ela está no percurso. Ela sabe que é possível ser feliz dentro de casa cuidando dos filhotes da mesma forma que se pode ser feliz ocupando um cargo importante. A felicidade, assim como a infelicidade é construída a cada dia."
Noble terminou de desmontar o aspirador e ia colocar numa caixa, mas seu pai o barrou:
"Não. Tem de separar as peças." Ele disse pegando três caixas e colocando na mesa.
"Assim." Ele foi separando e colocando as peças nas caixas. Noble sorriu, fazia tanto tempo que ele não ajudava seu pai a 'destruir', como dizia sua mãe, os eletrodomésticos da casa deles.
"Obrigado, pai. É tudo muito novo pra mim. Eu e Sarah temos nossas diferenças, mas eu vou ceder o máximo que puder, eu quero que ela seja feliz comigo."
"Isso significa que você vai sair daqui para ela terminar a faculdade?" Seu pai falou, os olhos dele estavam tristes.
"Provavelmente." Noble também ficou triste.
Seu pai deu de ombros.
"Peter ficou pouco tempo fora, nem um mês, se bem me lembro. É claro que Vengeance é uma fêmea reclamona e sentimental e eu sou o grande leão, mas vou sentir sua falta. Já estou sentindo com você enfiado na cabana dos trigêmeos." Ele deixou de fora o fato de que Honor não estava entre eles, o que trazia muito sofrimento.
"Eu virei todo final de semana." Seu pai assentiu.
"Eu vou cobrar essa promessa. E vocês estão convidados para o jantar. Quer dizer, não é um convite. Se der sete horas da noite e não estiverem aqui, irei buscar vocês." Noble apertou o ombro de seu pai.
"Estaremos."
Seu pai suspirou e apertou o peito.
"Se vocês começarem a se vincular todos, eu não sei como vai ser. Do que adianta ter tantos filhotes se todos se vincularem e saírem de casa?"
"Por enquanto somos só eu e Pride, pai. Os trigêmeos vão aprontar muito ainda e Joe e James não parecem querer nem mesmo conhecer fêmeas." Seu pai balançou a cabeça.
"Não, não. Honor se vinculou muito cedo, eu acho que isso pode acabar acontecendo com os trigêmeos também."
"Honor?" Noble não queria falar no irmão, não queria deixar seu pai triste.
"Sim. Eu senti o cheiro, mas fingi que não via. O vínculo dele sempre esteve ativo, isso era a prova de que aquela lá ainda estava viva. Eu sabia disso tudo, mas eu ignorei. Eu não quis que seus irmãos brigassem, mesmo sabendo que Pride não estava vinculado."
"O que quer dizer.?" Seu pai se sentou e colocou a cabeça nas mãos.
"Há um cheiro. Um quase imperceptível, mas para mim, é até fácil. Pride não o tinha, Honor sim. Acho que foi por isso que os trigêmeos ajudaram Livie, eles sabiam que Pride não estava vinculado. Até que ele chegou aquela tarde e pediu para Honor ficar com os filhotes dele para que fosse sair com aquela fêmea. Ele se vinculou ali, mas Livie o tinha preso, ela fez alguma coisa com ele e o vínculo adormeceu. Bom, o resto você sabe." Noble se sentou lentamente na cadeira, as palavras de seu pai girando em sua mente.
"Simple e Livie foram atrás dele, pai. Eles vão trazê-lo." Seu pai bufou.
"Seu faro é tão ruim assim? Ou estar vinculado faz você ser um idiota? Simple não foi a lugar nenhum, ele está aqui, está se passando pelo Cam. E no churrasco eu soube por que ele está fazendo isso, por causa da fêmea venenosa, a filhote de Brass."
Noble apoiou a cabeça na mesa. Seus irmãozinhos eram umas pestes!
"Ele está apaixonado?" Já que seu pai parecia saber de tudo, ele perguntou.
"Não sei. É um senhor desafio compartilhar sexo com ela. Veneno, um irmão com as habilidades excepcionais e ainda o fato dela estar interessada em Candid e não nele. Eu estou de olho, e se Simple apanhar de Gift, eu deserdo ele." Noble riu.
"Pensei que o irmão a que você se referia era John."
"John? Simple deu uma surra nele! Mas Gift é traiçoeiro e luta sujo. Eu o observo desde filhotinho, ele foi um dos poucos que bateu em Candid, e considerando que Candid é o melhor lutador entre vocês, bom, Simple corre o risco de apanhar feio. Mas vamos ver no que vai dar."
"Eu senti que era Simple mesmo ele estando cheirando como Candid." Seu pai sorriu.
"Isso se deve ao vínculo. Você se torna mais sensível. Depois, você volta ao normal." Noble se levantou.
"Pai, eu tenho muito orgulho de ser seu filhote." Seu pai engoliu em seco. Até as florzinhas nascerem a família deles foi de machos, muitos machos rodeando Tammy, o que os fez serem grosseiros e brutos. Mas eles sempre se amaram e se sacrificariam por qualquer um deles.
"Eu é que tenho orgulho de você. Eu não sabia direito, mas o que você faz com aquele violino, não é qualquer um que faz. E isso me enche de orgulho. As festas não seriam tão boas sem você tocando." Ele disse, Noble sentiu um caroço se formar em sua garganta. Ele sempre quis ouvir seu pai dizer algo assim.
"Sua fêmea está acordando, dê o fora daqui. Mas volte às sete." Ele disse e se concentrou numa peça da torradeira.
Noble saiu da garagem, o desejo por Sarah o aqueceu e ele correu até a cabana. Ele entrou e ela estava na cozinha comendo. Ela usava uma camiseta dele e só.
"Você vai demorar pra terminar de comer?" Noble perguntou, ela balançou a cabeça.
"Não, mas por quê?" Ela ergueu os olhos para ele e sorriu.
"Por que estou faminto por você."

FILHOTES DE VALIANT - NOBLE Onde histórias criam vida. Descubra agora