CAPÍTULO 17

306 48 3
                                    

O sol já ia alto quando Noble finalmente se levantou da cama. Sarah dormia ressonando suavemente e ele resolveu deixá-la descansar, ainda que se Simple não estivesse mexendo em alguma coisa na sala, talvez ele não tivesse forças para parar de observá-la dormir.
Na sala, Simple dividia vários cadernos em pilhas.
"O que está fazendo? E desde quando você entra sem bater, ou pior, sem pedir permissão para entrar?" Simple folheava um caderno e respondeu sem tirar os olhos do mesmo:
"Desde que essa cabana é minha. E o folgado em questão é você que se apoderou dela." Noble riu, essa era demais! Simple o chamando de folgado!
"Eu vou fingir que não ouvi o líder dos folgados desse lugar me chamar de folgado! E você não me respondeu. O que está fazendo?"
Simple arrumou uma pilha, recolocou na estante e puxou outra. A cada vez que ele tirava um caderno, ele arrumava perfeitamente os cadernos que ficavam na pilha, isso era muito irritante na opinião de Noble.
"Honest está longe, eu estou procurando as anotações dele sobre o antídoto que ele fez para o veneno de Bronzy." Noble notou a diferença de tom quando ele disse o nome da filhote de Sophia. Havia algo ali.
"Honest estará aqui no final de semana daqui a dois dias. Não pode esperar?" Simple executou todo o ritual de empilhar os cadernos de forma impecável antes de voltá-los para a estante e não respondeu.
"Simple? Aconteceu alguma coisa?" Sarah apareceu na sala, enrolada num lençol e Simple sorriu para ela, percorrendo o corpo dela com os olhos. Ainda que soubesse que era pura provocação, Noble rosnou.
"Vista alguma coisa." Ele disse, talvez um pouco mais ríspido do que deveria. Um pouco só.
"Por mim, pode ficar a vontade, só preciso dar uma olhada nesses cadernos." Simple disse com um sorriso. Ela também sorriu.
"Faça de conta que a cabana é sua." Ela disse, voltando para o quarto.
"Vá embora." Noble rosnou, a urgência em voltar para o quarto o consumindo. Simple tirou mais uma pilha de cadernos da estante. De onde saíram tantos cadernos?
"Fique a vontade, faça de conta que eu não estou aqui. Quando os filhotes de vocês nascerem vai ser assim, então já podem se acostumar." Ele disse se detendo numa folha do caderno e anotando alguma coisa em outro.
"Filhotes? Você sentiu alguma coisa?" Noble arregalou os olhos. Simple balançou a cabeça negando. Noble não soube se estava aliviado ou frustrado.
"Mas não descuide. Um filhote agora não seria bom." Seu irmão disse, Noble ia para o quarto, mas parou.
"Um filhote é uma benção. Se Sarah estivesse grávida, eu seria o macho mais feliz desse lugar." Simple assentiu, largando o caderno e o encarando.
"Eu não tenho dúvidas disso, mas e Sarah? Acha que ela ficaria tão feliz quanto você?" Noble olhou para os pés. Não, ela não ficaria. Ela estava sempre preocupada em usarem camisinhas. Simple bufou e anotou algo em outro caderno.
"Você não tem memória eidética? Que porra de gênio é você?" Noble disse irritado.
"Isso é para poucos. E é considerado mais uma habilidade do realmente inteligência. Eu sou mais inteligente que Rom, por exemplo, mesmo não tendo memória fotográfica." Noble ergueu as sobrancelhas.
"Se você diz... Saia daqui, Simple." Ele sorriu.
"Você, com vergonha de seus barulhos? Eu me lembro de você e Susan no zoológico não tem muito tempo." Ele continuou folheando o caderno.
Noble voltou ao quarto, Sarah tinha ligado a tv.
"Vem, vamos sair daqui." Ele vestiu uma camiseta.
Sarah se recostou na cabeceira, bocejando.
"Não podemos só ficar aqui assistindo tv? Eu estou cansada." Ela fechou os olhos.
Noble tirou a camiseta e a calça, ficando apenas de cueca e se deitou com ela. Sarah se ajeitou nos braços dele, lhe tocando o rosto.
"É tão bom ficar assim com você..." Ela disse e sorriu, Noble beijou os dedos dela. Ele concordava, o corpo dela quente envolvendo o dele, o coração dela batendo, sua respiração, tudo o atraía, não só o prazer que seu corpo desfrutava ao se unir ao dela. Noble fechou os olhos durante um minuto e fez uma prece para que eles resolvessem suas pendências práticas.
Ele já tinha conversado nas escolas que lecionava, tinha tirado uma licença. Não haviam conversado sobre o futuro, mas ele alugaria um apartamento perto da faculdade dela até ela terminar o curso. Daria certo.
Ou não? Noble a abraçou mais apertado, pois pensar em sair dali, em ficar longe de seu povo e de sua família fazia com que uma dor lhe ardesse no peito. Seria só um ano, ele iria sobreviver. Ele poderia vir nas férias ou até mesmo nos finais de semana.
Noble se lembrou dos olhos de sua mãe quando ele tinha ido em casa no dia anterior. Ela se disse feliz por ele, mas a dor estava ali. Será que era o melhor momento? Sair dali quando sua mãe experimentava uma dor tão grande? E ainda haveria um alvo nas costas dele. Ele inspirou fundo e depois expirou tentando jogar a dor para longe, a alegria de ter Sarah entre seus braços bastava, eles poderiam enfrentar tudo juntos.
"O que foi?" Ela ergueu o corpo, ficando cara a cara com ele, Noble a beijou. Um beijo feito de determinação. Ele não a deixaria, ele estaria todos os dias com ela para sempre. Ela o abraçou, Noble os ajeitou para que ele ficasse sobre ela. Sarah sorriu e se deixou beijar, Noble aprofundou o beijo, e daí passou os lábios e língua no rosto e pescoço dela, Sarah gemeu, ele desceu a boca até suas clavículas, daí foi para os seios. Noble amava os seios de Sarah. Ele sugou cada um até ela aumentar o volume dos gemidos, era excitante ver o quanto ela gostava da boca dele ali.
Noble a tocou no meio das pernas, ela se mexeu contra seu dedo, ele a beijou de novo.
"Sarah, eu preciso estar dentro de você. Agora." Ela sorriu, mas o empurrou de leve. Noble tirou a cueca, se sentou ao lado dela, Sarah se sentou sobre ele, devagar, desfrutando da união dos corpos, de cada centímetro do pau dele entrando nela. Ela parou sobre ele, Noble estava totalmente dentro dela, ele a beijou e continuou beijando enquanto ela se mexia sobre ele. O prazer foi se construindo devagar, as sensações começaram intensas, mas ainda haviam muito que aumentar. Sarah rebolava sobre ele esfregando seu clitóris em sua pelvis, ele sentiu o quanto ela queria que durasse e conteve a vontade de agarrar a bunda dela e tomar o controle. Ele teve de travar os dentes, mas foi recompensado com o grito e o arco para trás que ela fez quando o clímax a rasgou. Noble fez o que queria fazer e a segurou apertado, subindo e descendo o corpo de Sarah sobre seu pau, rosnando até que rugiu sua liberação. Ele escondeu o rosto no pescoço dela, o cheiro de Sarah o envolveu e a palavra 'minha' pairou em sua garganta, pronta para ser anunciada.
Mas ele engoliu em seco. Se proclamar vinculado iria pressioná-la a aceitá-lo ou a faria fugir. Ainda que Noble estivesse disposto a ficar fora da Reserva o tempo necessário para ela terminar sua formação, ele não poderia oferecer mais que isso. Até mesmo esse tempo que ficaria fora dali seria doloroso para ele e para sua mãe e seu pai.
Ela saiu de cima dele e olhou para o pau duro, afinal estavam só começando.
"Noble, nós..." Ele ergueu as sobrancelhas quando viu a expressão atônita dela.
Ele fechou os olhos com força.
"Droga!" Esqueceram a camisinha, a porra da camisinha.
Ela se levantou e foi até o banheiro, logo o chuveiro estava ligado. Noble ficou na cama, olhando para o nada, tentando não se sentir mal por ela parecer estar tão assustada com a possibilidade de uma gravidez de um filhote dele.
Ela saiu do chuveiro, vestiu um jeans e uma camiseta.
"Vou no hospital, lá podem me arranjar uma PDS." Ela começou a pentear os cabelos, Noble rosnou.
"É tão horrível assim? Um filhote meu?" Ele sabia que estava sendo irracional, ele sabia que estava sendo um idiota, mas saiu, ele não pôde evitar.
"Noble..." Ela começou, mas parou. Ela estava pensando na melhor forma de falar, sem magoá-lo, mas o estrago já estava feito.
"Tudo bem. Estou sendo irracional. Temos de estabelecer nossa relação, adaptar as agendas, eu sei, eu sei, Sarah. Eu já até falei com James na próxima semana iremos dar uma olhada num apartamento. Teremos de ter um quarto disponível para uma escolta, mas será possível. Será por pouco tempo, não é? Faltam quantos períodos?" Ele falou tudo de uma vez, ela ficou parada com a escova de cabelo nas mãos.
"É, temos de conversar, de planejar. Diga a James que... Bom, podemos adiar isso do apartamento, por um tempo, só um tempo, tá bom?" Simple fez um barulho na sala, ela não percebeu, Noble fechou os olhos. O peste do inferno ainda estava ali?
"Eu vou no hospital. Quando eu voltar podemos conversar." Ela disse saindo.
Noble bateu a nuca na cabeceira com a frustração e a madeira quebrou. Porra.
"Vai ter de substituir isso." Simple disse da sala. O cheiro de carne o fez se levantar, voltar a vestir a calça que usava e ir para a cozinha. Simple estava ao fogão, a fome e a irritação de Noble eram tantas que ele se preparou para comer a comida sem graça dele. Quando, porém, Simple o serviu e Noble deu a primeira garfada, o sabor que explodiu em sua boca acendeu um alerta em sua mente. Noble comeu, mas seus olhos passaram a enxergar seu irmão de uma forma diferente.
Ele pegou um caderno que estava aberto na bancada e viu que eram rotinas médicas básicas, não havia nada sobre veneno ali.
"Simple." Noble o chamou usando sua voz autoritária, seu irmão suspirou.
"Não se meta, Nob. Tem seus próprios problemas, não se esqueça disso." Noble o encarou e Simple desviou os olhos, isso o deixou em alerta.
"Você não está procurando nada sobre veneno. Você está lendo as anotações de Honest. Todas elas." Noble o acusou, Simple deu de ombros.
"E daí?" Ele disse, Noble suspirou. Ele não era como James que sempre estava de olho nos trigêmeos. Mesmo agora, seu irmão vez ou outra contava a seus pais as travessuras dos trigêmeos na faculdade. Era patético.
"Que seja. Como você disse eu tenho meus próprios problemas." Simple sorriu.
"Parece que o negócio do apartamento foi um pouco precipitado." Ele disse.
Noble assentiu com a cabeça enquanto estendia o prato pedindo mais carne. Estava muito bom. Simple colocou toda a carne para Noble e foi preparar mais. Noble ficou olhando ele colocar leite numa grande vasilha, mergulhar os grandes bifes e polvilhar uma grande variedade de temperos. Daí, ele ligou o fogo, controlando a intensidade da chama até colocar dois bifes na frigideira. O cheiro que subiu fez Noble salivar.
"Acha que posso repetir de novo?" Ele disse, seu irmão sorriu. Honor tinha horror a pleonasmos. Daisy era a rainha dos pleonasmos. Ela dizia que Honor era um covarde, que não encarava ninguém de frente.
"Quando foi a última vez que viu nosso irmão?" Noble perguntou. Simple o serviu, mas ele não comeu, ficou esperando a resposta.
"Na faculdade. Pelo vídeo." Ele disse.
Noble continuou esperando. Honor fazia videochamadas uma vez por mês para conversar com sua mãe.
"Ele estava preso, você sabe." Simple disse.
"Sim, em troca da remoção do chip de Livie." Era tudo tão bizarro! Livie não era Livie o tempo todo e numa dessas vezes, em que ela não era ela, Ann foi morta.
"Mckay, o cientista que fez o acordo com ele, queria um filhote, mas Honor não colaborou. Ele está vinculado a Livie, ou não sente atração por mulheres, eu não sei direito. Mas ela está vinculada a ele. Livie matou a humana que Mckay escolheu para copular com Honor." Noble resolveu comer, para dar tempo de sua cabeça entender as palavras de Simple.
Honor se trocou pela retirada do chip de Livie, isso era fácil de entender e ele nem precisava estar vinculado para isso, o próprio Noble faria o mesmo por uma fêmea dos seus irmãos. Faria?
"Está pensando sobre o sacrifício de Honor, não é?" Simple perguntou.
"Sim. Estou me perguntando se eu me entregaria para que um de vocês pudesse ficar com sua fêmea. Livie estava com Pride quando ele fez isso, não estava?" Estava. Noble se lembrava de Jewel ter mandado Pride e Livie para o hospital e Honor ter ido lá. Dali, ele foi para a Europa.
"Ele sabia de Pride e Minerva, Simple?" Seu irmão balançou a cabeça.
"Por que não?" Noble ficou de pé.
"Nós tememos que ele sofresse mais, por estar longe dela. Ela perdeu a memória, isso ele sabia." Simple disse, Noble rosnou, bravo.
"Ele ficou num inferno sem saber que Livie e Pride não estavam juntos? Sem saber que ela e ele poderiam ficar juntos? Que tipo de irmãos vocês são?" Simple baixou os olhos.
"Ele estava bem, praticamente passava os dias lendo, uma vez ou outra Mckay tentava fazê-lo lutar. Ele não colaborava muito." Simple disse, triste.
"Você nunca se colocou no lugar dele? Nunca pensou em como foi difícil ficar preso, longe de casa, longe da mamãe? É claro que você não se importa com isso, não é? Se tivesse que ir embora, você não pensaria duas vezes!" Noble disse, Simple se esticou.
"Não coloque em dúvida meu amor por todos vocês! Nunca!" Ele arreganhou os dentes. Nenhum deles nunca o tinha enfrentado daquele jeito, Noble se esticou também. Simple estava quase do seu tamanho, mas não era tão forte quanto ele, Noble. Mas antes que se atracassem, Simple suspirou.
"Eu já vou. Eu me culpo, Nob. Não consigo mais ver a mamãe sofrer, e é por isso que eu não estou ficando lá em casa. Mas toda a noite e várias vezes ao dia, eu a sinto. Agora mesmo, ela está com o papai. Estão na cama, calados, compartilhando dor e preocupação. Eu posso sentí-los, posso ouví-los. Em qualquer lugar que estejam nessa porra de lugar. Eu sinto todos, seus medos, suas excitações. Eu sei onde cada um está, o que cada um está fazendo. Sei, por exemplo, que nesse momento, Chimes está preparando uma dose de reforço anticoncepcional preparada pela doutora Mônica para Sarah. Se isso for ministrado nela, ela só irá engravidar quando a doutora fizer uma contra fórmula." Ele disse, Noble foi até a janela. Ele olhou para o lago ao longe, dava para ver a ilhazinha dali. Simple arrumou os cadernos, retirou todas as estatuetas e começou a passar um pano úmido em cada uma.
"Não ia embora?" Noble perguntou. A atitude de Sarah era preventiva, ela estava certa, mas doía.
"Só vou deixar essas coisas em or..." Noble se virou para ele, Simple olhava para as estatuetas em sua mão, para a estante, para o pano.
"Você limpa tudo, Nob?" Ele ainda colocou uma estatueta no lugar. Mas depois a examinou e limpou.
"Droga." Ele sussurrou.
"Eu limpo, Sim, pode ir." Noble queria ficar sozinho. Simple suspirou e retirou todas as coisas da estante.
"Não. Você não vai fazer direito." Ele disse, não demorou e bateram na porta. Noble ficou surpreso, eram Bells, Fortune e Jewel.
"Oi." Fortune o cheirou, Noble beijou o topo da cabeça dele. Péssima hora para ter um filhote lhe fazendo carinho.
"Oi, leãozinho. Você não passou lá em casa." Bells disse, cheirando Simple. Noble observou seu irmão inspirar o cheiro de Bells com os olhos fechados, como se fosse algo muito bom, ele gostava de Bells, mas Noble não imaginava que fosse tanto.
"Eu vou lá qualquer dia. Estou entregando trabalhos." Ele mostrou os cadernos.
"Isso é bom. Você é inteligente demais, leãozinho de vermelho, tem mesmo de estudar." Bells sorriu. As presas dele tinham um novo significado agora que sabiam o que ele era.
"Eu vou direto para casa, papai." Jewel disse, Bells a beijou nos lábios, se despediu de Noble e saiu com Fortune.
Noble a encarou.
"Precisa de alguma coisa, Jeje?" Ele perguntou. Jewel jogou o grosso cabelo castanho para trás e disse:
"Eu preciso falar com você, Simple." Ela se dirigiu a Simple ignorando Noble. Jewel era muito arrogante, mas ela não era filha dele, então Noble foi até a porta do quarto e ia abrir quando seu irmão disse:
"Noble, pode ficar. Não há nada que essa filhotinha vá me dizer que você não possa saber." Ele deu ênfase a palavra filhotinha, Jewel apertou os lábios. Ela estava com sete anos, quase oito e era humana em toda a linha. Seu porte e olhar inteligente lhe conferiam mais idade, mas ela era pequena e não tinha se desenvolvido ainda.
"Por que está sempre me evitando? Eu sei que você não vai mais lá em casa por minha causa. Por quê? Diga e eu vou embora." Ela disse cruzando os braços.
Noble olhou para Simple e o viu desconfortável. Jewel era um clone de Cassie e ele se apaixonou por ela, talvez a única fêmea que ele amou em sua vida. Ele era muito novo, não era tanto tempo assim, mas a mente dele era velha, ele sempre foi muito maduro.
"Eu não evito você. De onde tirou isso?" Ele disse, ríspido. Ela abriu as ventas do nariz.
"Sim, você me evita e eu quero saber por quê!" Ela pôs as mãos na cintura e bateu o pezinho. Ela era uma criança, por que Simple se sentia desconfortável? Noble sentia isso nele, Simple estava até suando, era muito estranho.
"Certo. Você me lembra Cassie. Eu não gosto de olhar na sua cara, por que me lembro que a entreguei de bandeja para Hush. Por mais felizes que eles sejam, eu sempre vou me perguntar o que seria se fosse eu no lugar dele. Está satisfeita? Vai sair contando? Vai estragar a felicidade de sua irmã?" Ele disse, Jewel baixou os olhos.
"Eu não deixaria Cassie triste, eu a amo. Eu queria uma resposta sincera e agora tenho. Obrigada." Ela sorriu e Noble viu Simple franzir o nariz.
"Papai ama muito você, então quando quiser ir lá em casa, ligue e eu saio. Eu tenho muitas amigas, posso ir para a casa de uma delas." Ela disse, ainda sorrindo, mas era um sorriso triste.
Simple se ajoelhou ante ela e enxugou uma lágrima dos lindos olhos azuis.
"Não tem a ver com você." Ela acenou.
"Eu sei. É só que eu cresci amando vocês três. O leãozinho de verde é calmo, bonzinho e responsável, o de azul é o mais engraçado desse lugar e você, o leãozinho de vermelho nos deixa seguros. Você é firme e inteligente. Eu amo você." Ela o abraçou e Simple retribuiu o abraço, cheirando os cabelos dela por alguns segundos, os olhos fechados com força. Ele estava se inundando no cheiro de Jewel.
"Não tem a ver com você. É só que você é humana e tão novinha! Eu não sei, acho que se você fosse mais velha, eu..." Ele disse ainda ajoelhado.
"Não diga isso, ou vou dar um jeito de você me esperar. Seria um desafio e eu adoro desafios!" Ela disse e Simple riu.
"Não. Eu não sou pra você. Você precisa de um macho doce e submisso para você comandar." Ele disse com um sorriso.
"E o que eu faria com um macho submisso?" Ela perguntou, até Noble riu.
"Ainda falta muito tempo. Jure pra mim, Jewel. Jure que você vai viver todas as etapas de sua vida ao máximo. Vai ser essa pestinha terrível, uma adolescente totalmente aborrecida e uma adulta incrível. Jure pra mim." Ela jogou o cabelo para trás, era muito cabelo, Simple afastou todo o cabelo dela, ela sorriu.
"Eu já sou incrível. Quando for adulta serei ainda mais." Ela prometeu.
"Essa é a minha garota. Vamos, vou te levar pra casa." Ele se levantou e deu a mão para ela. Abriu a porta, esperou ela passar e disse a Noble:
"Arrume tudo, limpe cada bibelô duas vezes e coloque como quiser, quando eu voltar eu coloco no lugar certo." Noble ia mandar ele tomar no cu, mas ele saiu dizendo algo que fez Jewel rir.
Quando voltou a janela viu Simple colocar Jewel nos ombros e correr com ela. Jewel abriu os braços como se estivesse voando, ela gargalhava, Noble não conseguiu evitar pensar nas palavras de Simple quando disse que a doutora Mônica tinha preparado uma fórmula para Sarah.
A doutora tinha passado muito tempo estudando com afinco uma forma de se impedir de engravidar. O próprio Honest e até Candid ajudaram, ela não queria um filhote e era resistente a tudo o se conhecia de contraceptivos até então.
A possibilidade de uma gravidez acidental estava fora da jogada e isso era bom, Sarah estava certa, ele concordava com isso. Ela ia se formar, eles iam acasalar, aproveitarem bem a vida conjugal e seriam felizes.
Noble respirou fundo, foi até a cozinha e comeu o resto da carne que Simple deixou na frigideira. Até fria ainda estava uma delícia. Exatamente como quando Candid cozinhava.

FILHOTES DE VALIANT - NOBLE Onde histórias criam vida. Descubra agora