CAPÍTULO 37

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Candid correu até as terras de Lash e subiu a montanha. Ele estava um pouco sem fôlego, não podia se ausentar muito tempo da cabana.
Adriel pousou, seu braço esquerdo estava torto em um ângulo estranho.
"Você não trouxe meu irmão. Não cumpriu sua parte." Candid disse, ele arregalou os olhos.
"Me dê a localização da minha mãe ou vou matar a sua." Candid riu.
"Você não tem culhões para isso. Sabe que se fizer algo assim eu te manteria vivo por anos e a cada dia você perderia uma parte pequena de seu corpo. Eu começaria por uma bem pequena." Candid olhou com desprezo para a virilha dele.
"Seu irmão não quis vir comigo! Ele me asfixiou e esmagou os ossos do meu braço! Fora o chute que o tal Quinze me deu e os filhotes dele arrancarem um monte de penas minhas! Eu não pude fazer nada, porra!" Ele estava irado, seu ódio quase escorria por seus olhos. Candid viu que estava indo longe demais.
Ele tirou a chave do apartamento de Fiona e jogou para Adriel.
"Essas chaves..." Ele encarou Candid com muita raiva.
"Ela nunca saiu do apartamento. Eu apenas a dopei e a liguei numa central de sobrevivência portátil. É só não ministrar o sedativo de hoje e amanhã ela estará acordada." Ele pousou e saltou para cima de Candid, a ira o impedindo de pensar claramente. Candid o recebeu com um soco, ele foi jogado contra uma árvore.
"Você é uma vergonha para nossa espécie." Ele se levantou e cuspiu o sangue do corte na boca que o soco de Candid abriu.
"Você só vê o que está a sua frente. Um dia vai se arrepender e muito do que está fazendo hoje." Candid sorriu.
"Você não consegue discernir os batimentos do coração de sua própria mãe, ou ter um faro que supere a valeriana e eu é que vou me arrepender? Eu te fiz voar sobre o pacífico, idiota!"
"Se ela não estiver lá, eu vou voltar aqui e cada humano, criança, fêmea ou macho que não for imune a minha mente vai sofrer." Ele falava a sério e Candid também teve de falar:
"Incluindo Missy?" Ele rosnou, mas não disse nada.
"Você não teria coragem." Candid deu um passo até ele, Adriel era um pouco menor e era forte, mas não chegava ao nível de força de Violet por exemplo, uma vez que seus ossos eram ocos. Candid abriu sua mente a ele, Adriel deu um passo para trás.
"Não me ameace. Você não é páreo pra mim." Adriel piscou, Candid sorriu.
"Bom, diga a sua mãe para continuar fora dos nossos assuntos, exatamente como ela fez todos esses anos." Adriel se virou e começou a flutuar, Candid achava que talvez mesmo sem as asas ele seria capaz de voar e isso era incrível.
Ele se virou no ar e disse:
"A filhote, Dezesseis. Eu não matei o pai e o irmão dela por que a achei interessante. Se não quiser que ela me 'conheça', a proteja." Ele se virou e sumiu. Candid ficou admirado da velocidade de vôo dele, mas haviam outras coisas para se preocupar ainda, mesmo que o cheiro de cadáveres femininos nas cobertas de Adriel o intrigou. Quem dormiria sobre um cheiro daqueles? Embora, o faro dele e do tio V. eram muito bons, talvez o idiota nem percebesse. Ele, porém teria de proteger a tal Dezesseis, fosse ela quem fosse. Honor fez amigos no inferno em que ele vivia, então? Nenhuma surpresa.
Candid começou a correr, no meio do caminho sentiu o cheiro de Simple e foi até ele. Simple vinha correndo acompanhando de...
"Honor!" Candid gritou ele parou e esperou Candid se aproximar. Candid ia se lançar sobre ele, mas algo no olhar de seu irmão o congelou.
"Você mandou aquele tal de Adriel me buscar, eu agradeço." Candid assentiu, Simple e Honor voltaram a correr, Candid os seguiu. Eles entraram na cabana, Candid olhou para Sarah no colo de Gift, dormindo, Gift assentiu para eles.
"O que foram fazer?"Honest saiu do quarto sua fisionomia marcava o cansaço e a preocupação. Ele sorriu ao ver Honor, mas Honor não sorriu. Honest acenou e ele retribuiu o aceno e só.
Eles entraram no quarto, Honor tocou a testa de Noble e olhou para Gabriel.
"Eu fui acertado muitas vezes por essas balas malditas, meu corpo já se adaptou a elas, acha que meu sangue ajuda?" Era a teoria de Simple, então?
Honest ficou pensativo, Gabriel disse:
"O problema é o sangue de Vengeance e o sangue do próprio Noble. Teríamos de ter feito uma transfusão só com o seu." Gabriel disse, mas olhou para a janela. Candid conhecia Gabriel muito bem, ele estava escondendo algo. Candid ia pegá-lo pelo pescoço quando Simple disse:
"Na visão de Sarah, Noble não foi cremado, foi enterrado. Ao invés do fogo, a terra. A terra fria." Ele disse, aí sim, Candid segurou o pescoço de Gabriel. Mas não apertou muito, era só uma advertência. Gabriel disse com voz estrangulada:
"Ele pode ficar como eu." Candid o soltou. Honor disse:
"O salvamos, depois resolvemos isso." Candid olhou para Honest, seu irmão mais novo era prudente, Candid podia ver as engrenagens de seu cérebro funcionando. Já Candid via claramente o que Simple quis dizer, que o sangue de Honor o curaria, mas devido ao sangue de Vengeance, o organismo iria rejeitar o sangue de Honor. O sangue de Gabriel estabilizaria a rejeição. Gabriel era como um zumbi, seu sangue agiria como um agente neutralizante.
"E se usarem essa proporção?" Simple começou a rabiscar num papel qualquer.
Ele entregou a Honest, Candid não teve paciência de esperar Honest ler e foi até ele. Era uma complexa fórmula. Puta que pariu!
"Como aprendeu a fazer isso? Ou quando?" Simple deu de ombros.
"Não vai se passar por mim mais. Estou aqui agora." Candid rosnou, Simple sorriu. Simple poderia ameaçá-lo?
"Parem com isso. Façam logo!" Honor disse, a voz fria, os olhos duros. Candid nunca o viu ordenar nada, estranho.
Honest começou a mexer nas substâncias de Gabriel, Gabriel estava com o pedaço de papel nas mãos e sorriu.
"Ousado, mas sim, vai funcionar."
Simple fez uma reverência e saiu do quarto, Candid fez sinal para Honest ir descansar, ele auxiliaria Gabriel, Honest assentiu e saiu do quarto.
"Quem diria? Um sonho de Sarah resolvendo as coisas." Gabriel disse. Candid não o corrigiu dizendo que tinha sido uma visão de Lily.
Honor se sentou, eles colheram seu sangue, com dificuldade, afinal agulhas não perfuraravam sua pele, foi um trabalho exaustivo de cortar sua jugular com um busturi e recolher o sangue rapidamente até que a jugular se reconstruísse. Candid olhou para Gabriel, ele parecia admirado. Surpreender Gabriel era algo muito difícil.
No fim, a primeira transfusão foi do sangue de Gabriel e só assim, Noble recebeu o sangue de Honor. Não demorou muito e Candid chamou seus irmãos, foi impressionante ver o corpo de Noble expulsar todos os estilhaços. Simple pegou um pedacinho da bala, era algo que ele nunca viu, parecia um organismo vivo.
"Isso não é o que Romulus criou." Ele disse, mas Candid o ignorou quando os sinais vitais de Noble se fortaleceram. Gabriel ergueu uma sobrancelha, Honest chorou, Simple fez a sua cara de 'eu salvei o dia, idiotas', e Honor suspirou aliviado.
"Posso ir embora?" Ele perguntou, Candid o encarou, mas assentiu. Honor saiu silenciosamente, Candid se concentrou nos passos dele, ele não foi na direção da casa deles. Mas ele salvou Noble, era justo deixá-lo ir onde quer que fosse. Embora sua mãe devia estar louca para vê-lo.
No começo da noite, eles levaram Noble para o hospital, Candid ficou só um pouco preocupado com o sedativo que deu a Sarah, mas ela acordaria no outro dia, era um sedativo inofensivo.
Talvez Noble recuperasse a consciência antes dela e a acordasse com um beijo. Era bem possível, machos vinculados faziam coisas idiotas.

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