CAPÍTULO 5

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Noble dedilhava seu violão, enquanto cantava uma música aleatória, lamentando o que iria fazer a seguir. Não. Ele não faria aquilo, era muita idiotice e ninguém iria acreditar que ele caiu em cima de um violão. Mesmo um violão que ele comprou para as aulas dos filhotes, um que já tinha se quebrado algumas vezes.
Era um bom violão e não tinha culpa dele estar fugindo de Sarah. Ele se perguntava por que ele estava fazendo isso quando seu telefone tocou.
"Noble?" Era Honest. Não era Simple, isso significava que ele desistiu de ir na casa de Sarah? Noble sentiu uma pequena esperança.
"O que foi?" Por favor, diga que Simple resolveu ir foder as prostitutas! Sua mente implorou.
"O filhote de Pride chutou pela primeira vez, então tive de ligar para você." Ele disse.
"Por que?" Noble não estava acostumado ao jeito deles de conversarem, eles não falavam tudo, por que praticamente adivinhavam os pensamentos uns dos outros.
"Por que Simple é um idiota e Candid e eu temos de sair." Noble suspirou.
"John?" Simple e John não eram amigos mais e Simple estava numa onda de se castigar. Ele estava sempre provocando John.
"Isso. Você é o mais velho, tem de ficar de babá dele. Da última vez que ele queria que o matassem, ele deu um tiro em Adam." Noble suspirou.
"Pride não pode mesmo ir?" Pride conseguiu a proeza de ser o melhor amigo de Violet e de Simple. Como ele fez isso era um mistério para Noble.
"Não. Ele jura que o filhote se mexeu quando ele imitou a voz do papai. Agora ele só fala imitando o papai, e não quer sair de perto de Minerva."
"Talvez Joe?" Joe era um que se dava bem com todos.
"Que ótimo! Joe! Os dois vão sair, Joe vai encher a cara e eu terei de sair procurando a fêmea que ele fodeu pra enfiar uma pílula do dia seguinte na garganta dela. Por que não pensei nisso antes?" Honest disse.
"Estou indo." Ele saiu de seu quarto e sentiu sua mãe no quarto de Honor. Noble sentiu a dor pela falta de seu irmão e a dor de sua mãe. Ele abriu a porta, ela se virou.
"Mãe." Ele disse, ela enxugou o rosto e começou a mexer nos lençóis da cama.
"Eu vou colocar esses lençóis para lavar." Ela disse, juntando tudo numa trouxa.
"Eu tenho fé na força tarefa, mãe. Ainda mais com Daisy fazendo parte dela." Ele brincou, ela sorriu.
"Ele gostava de implicar com ela, dizia que ela era gorda. Ela dizia que ele era um fracote." Uma lágrima escorreu pelo rosto dela. Noble a abraçou. Tammy começou a chorar um choro que devia estar a muito contido. Ela se preocupava em parecer forte, para que não entristecesse os outros, então raramente ela se mostrava triste.
Ela se afastou, suspirou e enxugou o rosto.
"Temos de acreditar. Ele vai voltar. A minha virgem está com ele, ela vai cuidar dele, até ele voltar." Era tocante o quanto ela tinha fé.
"Mamãe, você sempre foi assim? Sempre teve essa fé?" Ele perguntou.
"Não. Em minha juventude, até mesmo depois que eu acasalei, ou quando tive vocês cinco, eu não me ligava muito nisso. Sempre acreditei em Deus, mas quando Joe e James sumiram, eu me desesperei. E foram trazidos de volta pelo reverendo Bhrams, eu acabei me aproximando mais de Deus, e como minha tia era muito católica... Bom, acreditar em Deus, em jesus e na virgem só me trouxe coisas boas. E agora é o meu consolo." Ele a abraçou de novo.
"Eu amo tanto você, mamãe! Você é a nossa fortaleza." Ele disse.
"Exatamente." Seu pai disse da porta.
"Eu ia colocar esses lençóis para lavar." Ela explicou.
Seu pai acenou.
"Eles podem esperar." Ele a pegou com delicadeza e a levou para o jardim. Noble viu pelas portas de vidro abertas seu pai se sentar numa espreguiçadeira e ajeitar sua mãe em seu colo. Ela parecia tão pequena e tão frágil! Ele nunca a viu assim.
O tempo passava e tudo ficava pior, não melhorava. Em alguns momentos, a dor era física. Talvez se descobrissem que Honor...
Não. Seu irmão estava vivo, ele era particularmente difícil de matar, ainda que não fosse cruel, ou frio ou selvagem.
Noble pegou o jipe de sua mãe, a tristeza dela o desanimou de correr.
Quando chegou ao zoológico já estava escuro.
"Você veio de jipe e ainda demorou isso tudo para chegar? Veio com o jipe nas costas?" Candid reclamou quando ele chegou.
"Eu consigo levantar um jipe." Bells disse saindo na área de convivência com seu filhote nos ombros.
"Nós tivemos que chamar o Bells, você não chegava nunca!" Ele disse.
"E por que ainda estão aqui?" Noble perguntou, Candid bufou.
"O leãozinho de verde está falando a horas com a namorada dele." O filhotinho de Bells sussurrou, Candid assentiu, sua cara era a cara do desânimo.
"Talvez você deva ir comigo no lugar dele." Ele disse. Noble negou.
Bells se despediu:
"Eu já vou. Leãozinho, não vá embora sem passar lá em casa." Ele disse, o filhote desceu dos ombros dele, subiu pelo corpo de Noble, o cheirou e eles se foram. Fortune era muito carinhoso, ele gostava muito das aulas de Noble. Curiosamente, ele gostava muito de violão. Noble balançou a cabeça. Ele não estava em seu normal se quase quebrou um violão para passar a noite o consertando.
Honest apareceu na varanda, Candid deu um pulo da cadeira.
"Não. Você disse que ia!" Honest balançou a cabeça.
"Elsie quer conversar amanhã quando voltarmos, não posso sair com as fêmeas hoje." Ele ligou o fogão e abriu a geladeira, tirando uma grande vasilha de carne e colocando na mesa.
"Que porra! Noble, você vai comigo. Honest fica com Sim." Ele pegou no braço de Noble o arrastando até o jipe. Noble fez força para se soltar dele, ele não soltou.
"Primeiro: eu já disse que não vou. Segundo: por que acham que podem me fazer vir até aqui a toa?" Noble deu um safanão e se libertou de Candid. Eles eram uns folgados!
Candid suspirou.
"Nos desculpe. É só que Sim não está bem. Ele provocou John de uma forma tão escrota que eu quase deixei John bater nele." Ele disse e se sentou a mesa de novo. Noble ficou triste por seu irmão. Honest rosnou:
"Ninguém bate na gente, Cam. Ninguém. Sempre foi assim, sempre vai ser. Não se esqueça disso." Honest disse, a voz fria, os olhos duros. Candid baixou a cabeça, Depois suspirou.
"Mesmo se estivermos errados?" Ele perguntou, Noble viu o mérito da pergunta.
"Resolvemos entre a gente, se ele continuar assim, eu e você damos um sacode nele, mas perto de mim, nem John, nem ninguém encosta a mão nele. Nem em você."
Candid acenou, abriu o colarinho e tirou a camisa.
"Vou ligar para as fêmeas. Mas vou dizer que você é um cuzão." Ele disse, entrando na administração.
"Posso ir embora, então, doutor Honest?" Noble perguntou.
"O que ia fazer lá em casa? Fique aqui. Podemos ver um filme. Sim está no quarto, só não podemos deixar ele sair." Honest disse, Noble se lembrou de sua mãe e seu pai tristes, sentados na espreguiçadeira. Talvez fosse melhor ficar por ali mesmo.
"O que ele fez?" Honest ia dizer quando Flora apareceu pela entrada lateral.
"Flora?" Noble disse surpreso por ela estar ali. Ela sorriu e a frigideira pegou fogo, só então, Noble percebeu que foi porque Honest a virou errado. Honest olhava com os olhos brilhando para ela.
É claro que para ele que morava ali, Flora sempre seria a mesma, mas pelos olhos de seu irmão, Noble viu o quanto Flora estava impressionante.
Ela tinha crescido, não estava alta, mas não era tão baixinha mais. E seu corpo! Noble nunca tinha reparado, mas ela usava um short curto e uma camiseta de alcinhas. Como suas irmãs viviam fazendo, ela também não usava sutiã. O rosto dela era uma coisa a parte, ela sempre foi linda.
"Eu queria falar com Simple. Será que ele falaria comigo?" Ela disse, Honest tinha desligado o fogo e a olhava com a boca aberta.
"Diga." Simple apareceu na varanda, se sentou a mesa e a olhou. Seu rosto não expressava nada. Honest ficou a postos perto dele.
"Eu quero que pare de provocar o John. Eu sempre gostei muito de vocês, mas nunca dei a entender que poderia sentir qualquer coisa diferente de amizade por você. E agora nem amizade eu consigo sentir. Não o provoque mais. Ou tenha a coragem de fazer isso longe de um dos seus irmãos." Ela disse. Noble sentiu a raiva que ela sentia, a revolta, a decepção. Ele ficou um pouco tonto. Honest pareceu também se sentir mal, ele se sentou e segurou a cabeça.
Simple se levantou e se aproximou. Honest estendeu a mão na direção dele, mas se virou para o lado e começou a vomitar. A cabeça de Noble girava. Honest caiu da cadeira.
Simple parou bem perto dela, ela estreitou os olhos e rosnou. Ele segurou numa mecha dos lindos cabelos dela e sorriu.
"Ele pode resistir a você? A mente dele é forte o suficiente?" Ele perguntou, foi a vez dela dar um passo para trás.
Ela abriu as ventas do nariz, Honest desmaiou. Noble sentiu tanta tristeza, tanto sofrimento que ele começou a chorar, as lágrimas foram escorrendo por seu rosto, a ânsia de vômito o castigava, sua cabeça doía tanto que ele mal conseguia manter os olhos abertos.
Simple a puxou e beijou a boca dela, com raiva, ou com fome, Noble não conseguiria dizer, mas sua mente foi clareando.
Honest abriu os olhos, ele estava em meio ao seu próprio vômito, Noble o levantou. Simple continuava beijando Flora, e Noble se sentiu aquecer. Depois de sentir como um merda, ele sentiu seu pau endurecer. Ele rosnou para Simple, ele queria Flora.
Simple a soltou, bruscamente, ela quase caiu para trás.
"Só me procure se quiser mais." Ele disse, se virou e voltou para a administração.
Flora olhou para ele, Noble quase arrancou sua roupa fora, os mamilos dela estavam quase furando a camisetinha, ele salivou. Ela deu um passo para trás, Noble sentiu Honest o chamando, ele não entendia, ele sabia que não devia tocá-la, mas continuou avançando, mesmo com Honest o segurando. Ele rosnou.
"Durma Noble." Foi a última coisa que a mente dele registrou.
Quando abriu os olhos um cheiro de desinfetante ardia seu nariz. Ele se situou, estava em cima da mesa, ao lado de Honest. Honest estava dormindo, ele tinha um olho roxo.
"O idiota adormecido acordou?" Candid perguntou, ele guardava a mangueira.
"Eu fico fora por um segundo e vocês bagunçam tudo aqui." Ele disse, Noble se levantou de uma vez e ficou tão tonto que caiu da mesa. O chão estava molhado, ele molhou sua roupa.
"Quem bateu em Honest?" Ele sentou no banco.
"Você." Cam disse ligando o fogão.
"Eu o desmaiei?"Noble se lembrava de Honest o puxando por que...
"Puta que pariu! Eu quase..." Candid sorriu.
"Violentou Flora?" Noble se levantou.
"Não, eu nunca faria isso!"
"Pois pra mim, pareceu que faria." Honest cometeu o mesmo erro que ele, tentou se levantar de uma vez e caiu no chão molhado.
"Que porra!" Ele disse.
"Onde está o Sim?" Honest perguntou se levantando com um rosnado. O olho dele estava inchado.
"No quarto." Noble inspirou e viu que ele estava no último quarto.
"Você me deu uma puta cotovelada no olho, seu desgraçado!" Honest disse, Noble sentia tanta culpa que nem ralhou com Honest por falar assim com ele.
"É, desgra... Nossa, eu só estava brincando." Candid disse quando Noble se levantou e deu passo na direção dele. Ele ergueu as mãos, Noble voltou a se sentar.
"Eu sempre soube que ela manipulava os sentimentos a volta dela, mas nunca que podia fazer algo como isso. Eu me senti mal pra caralho!" Honest se sentou ao lado de Noble.
Candid colocou alguns bifes a frente deles.
"Comer deve ajudar." Tanto Honest quanto ele, Noble, fizeram que não.
"Eu acho que nunca mais vou comer nada." Honest disse.
"Eu estava ao telefone de longe. A sensação foi tão ruim que eu fiquei lá. Não me senti mal, mas não sei, eu só fiquei lá." Cam disse.
"Acho que por termos um faro muito bom, somos mais atingidos." Honest disse. Candid balançou a cabeça.
"Não. Acho que é exatamente o contrário. Outra pessoa poderia cortar os pulsos se ela quisesse." Candid disse.
"Mas e Simple?" Noble perguntou, Honest franziu o nariz. Depois que cresceram, só Honest continuou fazendo isso, era estranho.
"A mente dele funciona em outra frequência, ou outras frequências. Ele é imune a Livie, a Rom e agora sabemos que também a Flora." Ele informou.
"Filho da puta sortudo!" Candid disse, Noble se levantou e deu uma cotovelada nele.
"Eu não estava falando da mamãe!" Ele se sentou.
"Bom vamos esquecer essa porra. Se não querem carne, que se foda, sobra mais pra mim." Candid começou a comer. Noble estava se sentindo estranho.
"Por que acha que só eu fiquei excitado?" Ele perguntou a Honest. Honest acabou pegando um pedaço da carne de Candid e comeu.
"Acho que por você estar sem sexo a algum tempo." Ele disse.
"Eu não estou a..." Honest apontou para seu nariz, Noble suspirou.
"É, pode ser isso. Agora tenho que me desculpar com Flora." Ele disse desanimado.
"Eu não quero estar perto dela nunca mais. Eu me senti impotente, vazio, um merda." Candid disse.
"Então acho que ela não fez efeito algum em você, você é exatamente assim." Honest disse, Candid rosnou.
"Vai tomar no..." Ele parou. Noble se virou. Mais essa!
"Oi, Sarah." Ela sorriu sem jeito ao cumprimento de Honest.
"Eu queria falar com o Sim."

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