CAPÍTULO 23

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Sarah acordou se sentindo meio zonza, sua cabeça estava pesada, sua boca estava seca, como se sua língua estivesse colada no céu da boca.
Ela gemeu, sua mãe apareceu em seu campo de visão.
"Oi, querida." Sua mãe disse baixinho. Sarah tentou erguer o corpo, ela ajudou.
"O que aconteceu?" Sarah perguntou, seu pai segurou sua mão e beijou seu rosto.
"Você trouxe Bronzy pra nós. Isso aconteceu." Ele disse, Sarah sorriu.
"Deu tudo certo?" Ela olhou para sua mãe, Sophia sorriu.
"Sim, meu amor, deu tudo certo." Sarah se recostou nos travesseiros que sua mãe ajeitou e olhou em volta.
"Eu só me lembro de estar olhando para Bronzy, os olhos dela estavam amarelados." Seu pai apertou sua mão e disse:
"Ela reagiu cuspindo veneno em você, mas Violet lhe aplicou o antídoto. Só que a dosagem foi maior do que deveria, então te trouxemos pra cá e Honest te estabilizou." Sarah assentiu.
"Honest estava aqui?" Antes de saírem, Honest estava no hospital universitário.
"Sim, Simple mandou que ele viesse e ficasse a postos." Ela sorriu, Simple tinha cuidado de tudo.
"Vocês apareceram a tempo?" Ela perguntou a seu pai, pois elas saíram antes dele e do tio V..
"Sim, para limpar a bagunça." Ele riu.
"Daisy e Violet mataram quase todos os aprimorados, James e Joe terão trabalho por muito tempo. Justice já acionou os advogados, estamos recolhendo provas, mas Eustace também está aqui, então vamos chegar a um acordo." Sarah se endireitou na cama.
"O trouxeram?" Seu pai assentiu.
"Sim, ele estava mal. Está estável, mas ainda inconsciente. Trisha está fazendo exames ainda, mas tudo indica que o coração dele não estava bom." Sarah olhou para sua mãe. Onde aquilo as deixava? Eustace mal, inconsciente no hospital deles, os seguranças mortos. Ela tapou o rosto com as mãos.
"Acho que fizemos uma merda gigante, mãe!" Sua mãe ergueu as sobrancelhas bem feitas.
"Eu faria tudo de novo. Justice vai achar uma forma de contornar o problema." Sarah suspirou, não havia o que fazer, só podiam enfrentar as consequências.
"E onde está Bronzy?" Sarah olhou a sua volta, só estavam eles no quarto.
"Ou os meus irmãos? Ou..." Onde estaria Noble? Será que ele estava com raiva dela por ter ido buscar Bronzy sem contar a ele?
"Ou Noble?" Seu pai perguntou com a cara fechada. Era a cara de Gift agora. Seu pai tinha uma aparência sombria mas era amável e simpático, estava sempre sorrindo, Gift não.
"Ele passou todo o dia aqui, até que saiu. Não sei pra onde ele foi." Brass informou. Sarah olhou para sua mãe, ela segurou a outra mão de Sarah.
"Parece que ele descobriu da proposta de Eustace." Ela disse.
"Mas eu não aceitei! Eu nunca faria isso!" Sarah começou a se levantar, seu pai a ajudou.
"Querida! Calma, você ainda está fraca." Sua mãe ainda falava quando Sarah sentiu uma forte tontura e foi amparada por seu pai.
"Onde ele está, pai?" Ela olhou para seu pai, ele deu de ombros.
"Ele não está na Reserva, isso é tudo o que eu sei." Sarah soltou o corpo ele a pegou nos braços. Ela sentiu o desespero começar a tomar conta dela, mas deixou seu pai a colocar na cama e sua mãe lhe cobrir. Eles a ajeitaram como faziam antes quando ela era só uma garotinha, foi bom, a ajudou a se acalmar.
"Onde está Simple?" Sua mãe acariciou o seu rosto, uma sonolência a tomou.
"Ele não está na Reserva, achamos que ele e Livie foram atrás de Honor." Sarah franziu a testa. Eustace jurou que não sabia qual era a ilha onde Honor estava.
"Mas Eustace não disse onde Honor estava." Ela disse, seu pai sorriu.
"Violet colocou um pendrive espião no computador dele, Simple conseguiu alguma informação e se foi." Sarah suspirou aliviada.
"Então, talvez Honor volte pra casa?" Ela perguntou, sua mãe sorriu.
"Sim, eu creio que ele vai voltar, que ele e Livie vão se acertar." Sarah olhou para sua mãe.
"Tomara." Sarah bocejou, seu pai beijou sua bochecha.
"Durma, anjinho. Estou orgulhoso de você." Ele sussurrou no ouvido de Sarah, ela se deixou levar pelo sono.
Quando acordou estava em seu quarto, na casa de seus pais. Sarah achou estranho terem tirado ela do hospital, mas gostou de estar em casa.
Ela olhou para a direita e Bronzy estava sentada em sua cadeira, de costas para Sarah se olhando no espelho.
Os olhos das duas se encontraram através do espelho e Bronzy se virou.
"Eu só estava..." Ela disse, Sarah sorriu.
"Olhando para seus olhos. Por quê?" Sarah achou engraçado ela ficar enrubecida por ter sido pega olhando para seus olhos.
"Eu estava verificando se meus olhos são mesmo da cor dos olhos de... Do..."
"Do nosso pai?" Sarah perguntou, ela se aproximou e se sentou na cama perto de Sarah. Sarah se afastou um pouco, ela se levantou.
"Me desculpe, sua cama é muito pequena." Sarah revirou os olhos.
"Se eu ganhasse um dólar a cada vez que alguém diz isso!" Bronzy inclinou a cabeça para a direita.
"Como assim?" Sarah balançou a cabeça.
"Deixa pra lá. Eu não tenho medo de encostar em você, é só que você mesmo me disse que não pode." Ela acenou.
"É. Eu não estou produzindo veneno, me injetaram alguma coisa, mas minha pele ainda não pode ser tocada." Sarah sorriu triste.
"Eu sinto muito." Bronzy também sorriu, também de forma triste.
"Eu devo ficar aqui e não sair, pelo menos é o que o Gift disse." Sarah aumentou o sorriso. Gift era um chato!
"Não deixe ele mandar em você, ele é um mandão, ele manda até no John!" Bronzy sorriu mais alegre dessa vez.
"Noble disse que ele é um velho rabugento." Sarah se sentou na cama.
"Você falou com Noble?" Antes de Bronzy responder, Gift entrou no quarto.
"Oi, mana." Sarah se deixou cheirar, Gift era calado, mas era muito carinhoso com ela.
"Oi." Ele se sentou na cama, Bronzy voltou a cadeira.
"Eu fiz uma coisa que eu me arrependo e se você ficar com raiva de mim, eu vou entender." Ele disse com o rosto sério.
"O quê?" Sarah perguntou, mas seu coração já sofria, antecipando que Noble não estava na Reserva por um motivo ruim.
"Bronzy falou sobre o acordo com Eustace, Noble quis saber do que se tratava e..." Bronzy o interrompeu:
"Eu só disse que não iria deixar o meu outro pai machucar o filhotinho de vocês! Eu queria mostrar que não ajudei meu pai por maldade. Eu só queria que ele não ficasse com raiva de mim!" Ela disse, Sarah fechou os olhos. Gift continuou:
"Ele ficou muito nervoso e me implorou para contar tudo, eu acabei contando por que se você acordasse e ele fosse pra cima de você, poderia ser pior." Ele disse, os olhos fixos nos de Sarah, ela o entendeu. Gift só queria ajudar, queria poupar Sarah de acordar fraca e já ter de lidar com um assunto terrível daqueles.
"Então, eu contei a ele sobre o acordo que Eustace propôs, sobre sua recusa, sobre as 'reuniões não tão secretas' com Livie e do plano de vocês de enganar Eustace fazendo ele acreditar que você topou o acordo através do cheiro de Noble na sua pele. Era como vocês pretendiam entrar na casa dele, não era?" Ele disse, Sarah achava que nunca viu ele falar tanto. Não depois de estar crescido, claro.
No plano original era, mas Livie viu que não daria certo.
"Como você sabia de tudo isso?" Ele deu de ombros.
"Você é minha irmã. Eu me importo com você. E a casa do tio V. fica muito perto da nossa." Ele disse e Sarah o olhou com outros olhos. Gift passava quase despercebido, mas ele era um Nova Espécie poderoso. Uma vez ela ouviu seu pai dizer que o faro dele era excepcional, mas Sarah achou que era apenas seu pai se gabando de seu filhote. Agora, Sarah estava vendo que seu irmão era muito mais do que aparentava ser.
"E o que Noble disse?" Gift olhou para baixo.
"Ele ficou furioso. Disse que você o usou. Eu acho que amanhã quando ele pensar melhor, ele vai se arrepender. Ele saiu da Reserva, não sei pra onde foi." Sarah apertou os lábios. Harrison tinha dito que Sarah não devia esconder nada de Noble e ela fez justamente o contrário.
"Me perdoe, mana. Eu não consigo entender como ele pôde pensar que você estava o usando. Você sempre o amou, todo mundo sabe disso."
"Tudo bem. Você fez o certo, e eu entendo por que ele ficou com raiva. Quando ele voltar, eu e ele vamos conversar e tudo vai ficar bem." Gift acenou e saiu.
"Eu também te peço perdão, Sarah. Eu só fiquei com medo dele me desprezar quando soubesse que Eustace fez uma proposta absurda dessas e eu concordei com ele, e eu fiquei te ligando, te pressionando." Bronzy disse. Sarah suspirou, ela errou desde o começo. Noble a ajudou quando ela teve de contar sobre Bronzy para a sua família, ele esteve junto dela nesse momento difícil e Sarah mentiu para ele. Ele devia estar se perguntando se Sarah era digna de confiança, se valeria a pena continuarem juntos.
"Eustace não acreditava que você aceitaria. Ele só queria que a força tarefa invadisse a casa. Pelo que eu entendi, a influência dos Novas Espécies no exército dos Estados Unidos está crescendo, ele e muitos milionários, além de uma parte do próprio exército, não estão gostando disso. Havia outra razão também, mas essa eu não sei." As palavras de Bronzy bagunçaram a cabeça já confusa de Sarah.
"Como assim?" Bronzy respirou fundo, ela devia estar se sentindo mal por participar de algo assim, algo que prejudicaria seu próprio povo.
"Se a força tarefa viesse, os seguranças iriam abrir fogo, a casa se transformaria numa zona de guerra. Eustace e seus aliados iriam processar os Novas Espécies, seria muito ruim pra imagem deles." Sarah acenou.
Uma guerra poderia ser deflagrada. Homeland tinha independência de país, invadir a casa de Eustace poderia ser considerado um ato terrorista.
"Mas e o que fizemos? Será que ele vai usar isso contra os Novas Espécies?" Sarah perguntou.
Bronzy deu de ombros.
"Eu ouvi o... O Brass dizer que Patrick viria pra cá e que conversariam com ele." Ela tinha dificuldade de chamar o pai delas de pai. O pai delas. Brass era pai de Sarah, ele a adotou e a amou desde que a viu, pela primeira vez. Era estranho para Sarah pensar que Bronzy era sua irmã, devia ser ainda mais estranho para Bronzy.
"Você ainda não consegue chamar o nosso pai de pai?" Ela perguntou a Bronzy, a outra baixou os olhos. Os olhos que eram exatamente da mesma cor dos olhos de Brass.
"Não. Eu sou má, Sarah, eu não mereço eles." Uma lágrima desceu pelo rosto dela. Sarah queria abraçá-la, mas não podia, Bronzy não podia ser tocada. Só esse fato já era horrível.
"Você não é má, irmãzinha. Você é muito novinha ainda, seu futuro é uma página em branco. Você tem o poder de escolha, pode escolher ser boa ou má. Só precisa fazer a escolha certa." Ela sorriu para Sarah, Sarah sorriu de volta.
"Eu estou gostando de ter uma irmã." Ela disse, Sarah riu.
"Eu sempre quis ter uma irmã. Você não imagina como é ter três irmãos, todos eles maiores que você." Ela riu de novo, Sarah se sentiu melhor. Seu coração estava dolorido por acordar e Noble não estar ali e Sarah morria de medo dele não querer ouví-la.
Mas ele a amava, Sarah sentia isso em sua alma e sua mãe sempre dizia que o amor resolvia tudo.
"Oi? É aqui que as fêmeas mais bonitas desse lugar se esconderam?" Sarah abriu um imenso sorriso para John, ele entrou no quarto, se deitou praticamente sobre ela e a abraçou. Sarah começou a rir.
"Sai! Você vai quebrar a minha cama!" Ela disse.
"Você já deveria ter jogado essa cama de brinquedo fora. É a menor cama que eu já vi." Ele disse se levantando.
Sarah se sentou na cama e observou seu irmão olhar para Bronzy.
"E você? Está tudo bem?" Ele disse para Bronzy a guisa de cumprimento, Bronzy olhou para o chão e murmurou que sim.
"Eu estava na casa de Eustace até agora, mas Daisy me contou tudo. Ela está suspensa, aliás." Ele disse, Sarah se lembrou de Daisy dizendo que seria suspensa, mas que não importava, ela queria ajudar.
"Eu tenho de agradecer a ela. Ela e Violet foram incríveis, John! Você devia ter visto!" Sarah disse, seu irmão rosnou.
"Eu devia era ter ido. Eu, não Daisy por mais incrível que ela seja. Bronzy é minha irmã." Ele disse e se aproximou de Bronzy. Ela se afastou o máximo que pôde.
"Não vou tocar em você. Já me disseram que não posso. Pelo menos até Candid e Hon conseguirem um antídoto. Mas espero que você goste de ter irmãos, por que você não vai escapar de nós." Ele sorriu para ela, Bronzy sorriu de volta.
"John, sabe pra onde Noble foi?" Ele parou de sorrir.
"Não. Gift acabou de me contar o que aconteceu. Quer que eu vá atrás dele?" John se esticou e esperou, Sarah balançou a cabeça negando.
"Não. Ele virá falar comigo quando estiver pronto para isso." John assentiu e beijou Sarah nos lábios. Sarah desfrutou do beijo leve, cheio de carinho de seu irmão e se sentiu melhor, mais esperançosa.
"Mamãe acaba de acordar e deve vir pra cá. E se ela vem, papai também vem e esse seu quarto não vai caber todos nós." Ele sorriu e saiu.
"Meu quarto não precisa ser grande!" Sarah disse para a porta fechada, ela ouviu John rir.
Bronzy disse:
"Na verdade, eu nunca vi um quarto tão pequeno." Sarah olhou para ela, ela estava séria, não estava brincando.
"Sempre me coube bem, eu era muito pequena quando projetaram e construíram a casa." Ela acenou e começou a mexer nas coisa da penteadeira.
"Você só tem um batom?" Sarah deu de ombros. Ela não gostava de maquiagem.
"Fêmeas Nova Espécie não usam maquiagem, eu cresci aqui, então nunca tive muita vontade de usar." Ela abriu um perfume e fechou os olhos.
"É fraco, mas eu gostei." Sarah se levantou.
"Para papai e meus irmãos, ou para os outros, não é fraco, na verdade eu..." Ela se lembrou de quando ela passou aquele perfume pela primeira vez e foi na casa de Noble. O perfume o fez espirrar. Joe fingiu que não estava incomodado com o cheiro, os outros todos saíram da sala. Simple pediu que ela tomasse um banho e aí ela nunca mais usou o tal perfume.
"O dia que eu usei isso, eu fui na casa de Noble e passei a maior vergonha da minha vida. Eles me trataram como se eu estivesse fedendo." Bronzy a encarou.
"Eu gostei do cheiro." Ela disse.
"Então, fique para você." Ela olhou indecisa para Sarah.
"Se eu usar, Can... Os outros, os rapazes daqui vão achar que eu estou fedendo?" Sarah se perguntou quem era 'Can'. Seria Candid? Ela já o tinha conhecido? Ele deveria estar no hospital, talvez conversou com ela.
"Alguns sim, outros não. Mas use por você, não pelos outros." Bronzy assentiu e agradeceu:
"Obrigada." Sarah acenou.
"Já estão se dando bem?" Sophia entrou no quarto seguida de Brass. Seu pai ficou na porta. Sarah nunca reparou no quanto seu quarto era pequeno.
"Sarah me deu." Bronzy mostrou o frasco para Sophia, sua mãe sorriu.
"Eu gosto muito desse perfume. Lembra, amor, você deu um para Sarah e um para mim." Sarah estendeu a mão para seu pai, ele entrou no quarto e a abraçou. Ele era a força que ela precisava, Noble estar longe estava afetando ela. Onde ele estaria?
"E agora vou ter o prazer de dar um para Bronzy. Se quiser é claro." Ele não soltou Sarah quando falou com Bronzy.
"Sarah me deu esse, então..." Bronzy falou baixinho, ela estava muito desconfortável, era visível.
"Então vou te dar outra coisa, posso?" Seu pai perguntou, Bronzy balançou a cabeça para cima e para baixo. Ela parecia uma criança encabulada, mas era previsível isso, Sarah estaria sem jeito igual a ela se estivesse no lugar de Bronzy.
"Eu vou fazer o jantar, Brave e Gift estão comendo tudo o que há na geladeira." Sua mãe disse, Brass beijou Sarah no rosto e eles saíram.
"Viu? Eles amam você, não precisa ficar com vergonha." Sarah disse, Bronzy segurou o frasco de perfume contra o peito.
"Eu fiz uma coisa horrível, Sarah. Eu não sou digna deles, não sou digna de vocês." Sarah se sentou na cama e bateu no espaço ao lado dela, Bronzy se sentou, mas tomando o máximo de distância possível.
"Que tal me contar? Talvez eu possa ajudar a te fazer se sentir melhor." Bronzy sacudiu a cabeça.
"Você já está triste por causa de Noble e eu sou a culpada, não quero te deixar mal." Sarah encarou Bronzy e disse:
"Se eu te ajudar de alguma forma vou me sentir melhor. Eu menti pra ele, a culpa é minha." Bronzy franziu os lábios e suspirou.
"Tá bom." Ela disse e Sarah pensou no quanto ela parecia infantil. Seu jeito de falar, de olhar e até sua insegurança, mostravam que Bronzy era muito diferente dos outros filhotes, até Rubi que foi super protegida por seus pais aparentava ser mais madura que ela.
Ela começou a contar e Sarah se esqueceu desse pensamento. A cada palavra, Sarah ficava mais aterrada. Quando Bronzy terminou, Sarah estava chorando com ela.
"Tem certeza que eram Adam e Noah? Eu não consigo imaginar que eles fariam isso!" Sarah se levantou.
"E o bebezinho? Teve notícias dele? Eustace sabe onde ele está?" Bronzy balançou a cabeça, ela estava inconsolável. Sarah queria tanto abraçá-la! Bronzy chorava escondendo o rosto nas mãos, desamparada.
Sarah puxou um lençol da cama e o jogou sobre ela e a abraçou apertado, mas Bronzy se contorceu e Sarah a soltou.
"Me desculpe, eu só queria abraçar você." Bronzy enxugou o rosto.
"Um lençol fino desses não protegeria você. Eu agradeço por você querer me tocar, me consolar, mas..."
Sarah sentiu suas mãos pinicarem. Ela correu para o banheiro, se despiu e se enfiou debaixo do jato de água. Ela se sentiu aquecer, então diminuiu a temperatura do chuveiro até seu corpo esfriar.
Quando voltou ao quarto Bronzy estava ainda sentada na cama.
"Viu? Eu não posso ser tocada. Nunca." Sarah sentiu a dor dela e mais uma vez seu coração doeu. Era muito triste ser como Bronzy.
"Talvez eu possa te contradizer?" Sarah olhou para a porta e Brave estava lá, com um sorriso enorme em seu rosto bonito. Ele e Bronzy pareciam gêmeos, tinham as mesmas feições.
"Onde você estava?" Sarah colocou as mãos na cintura.
"Eu fui no hospital ver você, você estava sedada. Mas Honest me garantiu que você estava bem. Então eu fui ver uma 'amiga'. Não me olhe assim, eu voltei antes de você acordar." Ele disse se sentando na cama de Sarah.
"Certo. Mas o que você quer dizer? Contradizer Bronzy? Como assim?" Ele olhou para Bronzy, sorriu e se aproximou. Bronzy se afastou o máximo que a cama possibilitava.
Brave estendeu a mão, Bronzy negou com a cabeça.
"Eu não tenho medo, você tem?" Brave disse, Sarah ficou em silêncio, em expectativa.
Bronzy retirou uma luva, Sarah prendeu a respiração quando ela tocou na mão de Brave. Seu irmão envolveu a mão de Bronzy com as dele e sorriu.
"Viu?" Bronzy arregalou os olhos e sorriu, um grande sorriso mostrando suas presas. Brave a puxou contra ele e a abraçou, ela o abraçou de volta, ele cheirou os cabelos dela, ela afastou a cabeça e beijou o rosto dele. Sarah começou a chorar antes dela.

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