flores

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Hoje era dia dos namorados.

Loid acordou a esposa trazendo-lhe um café da manhã na cama, que consistia em uma bandeja com comidas tipicamente alemãs para a primeira refeição do dia. Carne, iogurte e queijo e uma grande variedade de pães enchiam o recipiente de madeira que Loid segurava com tanto amor.

Mas tinha um detalhe.

Em um dos lados da bandeja, estavam três rosas bem vermelhas, amarradas por um cordão simples que segurava um cartão:

Da Nini e do Papai

E, em baixo, era possível ler dois "te amo". O de Loid, com sua caligrafia manuscrita completamente exemplar e o de Anya, que ainda não a dominava totalmente, fazendo algunas letras bagunçadas.

Se sentou na cama, enquanto sua esposa ainda dormia. Sacudiu de leve a extremidade do edredão branco quente que a cobria, vendo que a esposa abria seus olhos de rubi.

- Bom dia, amor. - Loid beijou a testa da esposa. - Feliz dia dos namorados. - Pegou na bandeja e a colocou no colo da esposa, assim que a viu sentar na cama. - Anya insistiu para que eu enrolasse o queijo desse jeito. - As fatias de queijo pareciam flores vistas de cima. - Desculpa se parece bobo.

- Bom dia, Lottie. - Yor o beijou. - Feliz dia dos namorados. - Pegou na mão do esposo. - Obrigada, amor. Muito obrigada. O queijo não parece bobo! - Riu. - Cadê ela?

- Ah, eu deixei ela com o Yuri. Eu pensei que...poderíamos aproveitar a manhã só nós dois. - Loid suspirou, atrapalhado. - Você não quer? - Fechou um sorriso em um pequeno bico.

- Não! Amor, não. Não é isso. - Yor segurou no braço do esposo, o acariciando. - Eu quero, muito. Só estranhei. - Beijou sua bochecha e finalmente encarou as flores. - Que flores são essas?

- Ah, isso...

duas horas atrás

Loid estava na cozinha preparando o café da manhã especial. Já tinha dado banho em Anya. Colocou um vestidinho fresco e calçou umas sapatilhas brancas nela. Prendeu sua franjinha com um elástico com algumas pérolas. E agora Anya estava sentada no sofá, esperando seu tio chegar para que Loid a deixasse com ele. A garotinha assistia Spy Wars, mais especificamente um episódio onde o renomado espião Bondman entregava um buquê de flores para a princesa Honey.

Espera, flores.

Anya se virou no sofá, pronta a avisar seu pai.

- Papai, tem algo de errado no café.

- Como assim?

- Você tem que colocar flores no café da manhã da mamãe. É romântico e bonitinho.

- Anya, estou preparando o café para que a mamãe coma. Flores não são comestíveis, não vamos inventar moda agora.

- Papai, seu bobo! - Anya levantou do sofá e correu para seu pai. - As flores são para deco'ação, não para comer.

Loid hesitou. Não sabia quando sua esposa acordaria, mas não parecia má ideia. Encarou a garotinha de olhos verdes que tanto amava e tomou sua decisão.

- É. Acho que podemos descer e comprar algumas flores.


Loid desceu do apartamento com Anya no seu colo. Sentir o leve peso da filha em seu braço era terapêutico. E seu cheirinho, de uma colônia idêntica a de um recém nascido, despertava no homem memórias que julgara esquecer.

Chegaram na loja de flores que ficava no prédio do lado. Deixou a filha escolher as flores, que pediu para sair do colo.

- Papai, mamãe gosta de vermelho e preto.

- É verdade. Vamos ver o que achamos.

Minutos depois, Anya aponta para rosas vermelhas.

- Rosas vermelhas? Isso é tão clássico, Anya.

- Mas mamãe gosta. Por favor, papai.

- Tudo bem.

Loid comprou três rosas, que Anya suplicou para carregar enquanto subiam as escadas do prédio.

- Papai, a gente tem que escrever um bilhete.

- É, trás até o papelzinho.

- Anya vai escrever uma frase bem grande.

- Ah, é? Tipo qual?

- Te amo.

- Oi?

- Anya vai escrever "te amo" para a mamãe.

- Mas você disse que seria algo grande.

- É grande, papai. - Fez um coração grande com os braços. - É desse tamanhão!

Loid não respondeu, apenas sorriu. Nunca iria parar de agradecer por ter sido escolhido para ser pai de uma garota tão doce.


- É, foi mais ou menos assim.

Yor, que já tinha acabado de comer, responde. - Ela é perfeita. Nossa família é perfeita. - Colocou a bandeja na mesinha que ficava do lado da cama e encostou a testa à do marido. - Obrigada por ter me escolhido. Feliz dia dos namorados. - O beijou.

Loid não respondeu, apenas deitou a esposa e, por cima dela, voltou a conhecer seu corpo, naquela manhã, como se fosse a primeira vez.

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