bolo pt.3

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nota: gente, eu não morri!! ahahah me desculpem por esses 3 meses, mas eu tenho andado bem ocupada, tipo, de verdade!! 😪
espero que gostem desse cap, não queria ele muito pequeno, tá com 1k+ de palavras AJAJJA não é muito mas acho que vão gostar <3

Desde que seus pais faleceram quando tinha apenas 9 anos, Yor nunca pôde realizar uma festa de aniversário verdadeira para o irmão.

O dinheiro era curto e as despesas altas. Yor acordava pensando se teria o que comer naquele dia ou se teria que deixar tudo aquilo o que conseguia de alimento para o irmão. Muitas vezes, a garota passava fome de modo que o irmão pudesse levar lanche para a escola. Quando recebeu Anya nos braços, ainda que de repente, Yor agradeceu a todos os deuses o facto de que aquela dor não se repetisse, o facto de que sua garotinha poderia ser criada com tudo aquilo a que tinha direito.

Porém, depois de se casar com Pois, há dois anos atrás, Yor percebeu que o aniversário do irmão nunca mais seria apenas mais um dia. Todas as datas eram cuidadosamente celebradas na família Forger. Principalmente por Anya, que lentamente aprendia a escrever e deixava post its cor de rosa espalhados pela casa assinalando cada um desses dias especiais.

Pois tinha acabado de chegar a casa com um bolo de aniversário para o cunhado. Era tão simples que Anya se propôs a decorá-lo, agradando Loid, mas o pedido foi imediatamente negado por Yor.

- Nem pensar! - Yor disse, um pouco mais alto do que seu tom normal de fala. - Eu limpei essa cozinha ontem de noite depois de vocês insistirem mil vezes para fazer aquelas panquecas grudentas. Foi a maior dor de cabeça! - Reclamou com o esposo e com a filha. - Eu e o bebê estamos exaustos!

- Isso é mentira, mamãe! - Anya retrucou. - O neném não cansa! Ele só dorme na sua barriga o dia inteiro! - Estava indignada. O bebê vivia no quentinho que era o ventre de sua mãe, apenas dormindo ou dando chutes bem ruins, enquanto que Anya vivia um pesadelo sempre que esquecia sua mantinha favorita na hora de dormir. Berlint consegue ser super frio em fevereiro!

Com a afirmação da menina, o casal não pôde evitar trocar um olhar carinhoso entre eles. Mesmo com todas as responsabilidades que ser uma irmã mais velha trazia, Anya continuava com seu espírito infantil e doçura inicial.

O casal estava sentado no sofá. Loid tinha uma perna da esposa em cima de sua coxa, um dos braços rodeando sua cintura, enquanto Yor tinha Anya no colo e os três conversavam sobre os novos acontecimentos no colégio. Loid, por vezes, levantava o braço da cintura e o levava aos cabelos da esposa, de modo a dar-lhe algum conforto, beijando-a na testa e logo depois fazendo o mesmo a Anya, enciumada. O papai conheceu a Anya primeiro.

Enquanto a troca de carinhos acontecia, a família ouviu alguns batimentos na porta. Yuri havia chego. Anya colocou seu chapéu de festa com a ajuda de Loid e Yor foi atender a porta.

- Feliz aniversário, Yuri! - Yor disse assim que abriu um pouco da porta, não aguentando e saltando para os braços do irmão, o tomando em um abraço forte. Não o via há algumas dolorosas semanas e, agora que estava grávida, essas semanas tornavam-se cruciais para o acompanhamento do crescimento do bebé. - Eu te amo.

- Obrigada, maninha, de verdade. - Yuri a apertou ainda mais, como se alguma coisa a fosse tirar de si. - Eu também te amo.

- T-Titio! - Os irmãos ouviram a voz de Anya, que corria desde a sala até à porta de entrada, de vestido florido, sem sapatos e com um chapéu de festa - já bem velho, que Loid achou em algumas de suas arrumações -, completamente eufórica. Yuri delicadamente soltou Yor do abraço, esta sendo automaticamente segurada por outros braços fortes que conhecia bem. Loid a abraçava por trás, colocando a cabeça na curva do seu pescoço, inalando o perfume doce. - Anya sentiu muita saudade, titio! - A garota havia saltado para o colo do tio, que a segurou pelas costas com delicadeza e começou a girar com ela, fazendo seu pequeno cabelo cor de algodão doce balançar em certas mexas. Uma cena adorável para o casal agarrado, que presenciava tudo com um sorriso no rosto de cada um.

- O titio também sentiu saudade de você, minha Nini.- Yuri a endireitou no colo, a segurando só com um braço, para que tivesse outro disponível. A beijou na testa.

- Feliz aniversário, Yuri. - Loid desejou, timidamente, estendendo sua mão, que logo foi correspondido com um aperto vindo do mais novo.

- Obrigada, Loid, de verdade. - O garoto sorriu.

A família, agora completa, comeu alguns aperitivos aguardando ansiosamente a hora do parabéns. Anya vez ou outra entregava alguma comida da mesa para Bond sob o olhar repreensivo de Loid. Queria que o cachorro se alimentasse apenas com aquilo que era indicado.

Passado alguns bons minutos, recheados de risadas de Anya, piadas mais feitas de Yuri e Loid e Yor agindo como o casal apaixonado que são, chegou a hora do parabéns, momento que Anya ansiava há demasiado tempo.

Loid colocou o bolo no meio da mesa, vendo Yuri sorrir grande. O homem se derreteu vendo aquele sorriso. Saber que algo tão simples quanto um bolo poderia gerar uma alegria tão grande numa pessoa enchia o coração de Loid mais uma vez.

- Titio! - Anya chamava, mais alguma vez, Yuri, eufórica. - Vamos cantar parabéns!

- Vamos sim, meu amor. - Yuri sorriu de volta, estava emocionado. Se sentia amado de um jeito que nada poderia pagar.

- Esperem um pouquinho. - Yor pediu baixinho, colocando duas velas com o número dois no bolo. 22 anos. Essa era a idade que Yuri completaria.

- Um, dois, "tês"! - Anya contou.

A família cantou os parabéns a Yuri com sorrisos enormes no rosto de todos e de cada um deles. Porém, o sorriso no rosto de Yuri em especial era diferente. Seus olhos denunciavam as lágrimas teimosas que queriam sair, mas ele não permitiria.

Meu Deus, como se sentia amado, como se sentia feliz nos braços daquela família que, na primeira vez que vou, rejeitou. Como se sentia calmo no meio de toda a turbulência que era a sua vida. Como se sentia grato à irmã por ter encontrado gente tão bondosa.

Yuri percebeu, finalmente, que para ser feliz nem sempre é necessário completar todas as missões policiais corretamente, ou puxar o gatilho na direção certa.

Por vezes, é só preciso um pedaço de bolo.

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