bebê

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- O que está fazendo, bebê? Me devolva o controle.

- Nã nã. Nada disso, bebê.

Loid e Yor brincavam no sofá da sala de casa, enquanto Anya escovava os dentes no banheiro. Tinham acabado de jantar e, como tal, o casal estava bem cansado, assim como a garota. Menos para brincar, para brincar sempre havia energia.

Enquanto o casal brincava, Anya saía do banheiro, escutando os gritos de seus pais. Ficou confusa.

Como assim "bebê"? A bebê não era ela? Algo estava errado. Só os bebês não alcançam a mesa de jantar, o que era o caso da garotinha. A mamãe alcança, e o papai é ainda mais alto!

Será que seus papais também eram bebês?

Anya andou até à sala, silenciosa. Viu seu pai deitado no peito de sua mãe, que acariciava os cabelos do mesmo.

- Mamãe.

Yor e Loid olharam, sorrindo entre si.

- Olá, amor. Já escovou seus dentinhos? - Yor respondeu.

- Já. Mamãe..

- Tem algo de errado, filha? - Dessa vez foi Loid quem quebrou o silêncio. A menina fazia uma expressão confusa, como se fosse perguntar algo importante, que surgiam dúvidas.

- Papai, você e a mamãe são bebês? Tipo eu?

- Do que está falando?

- Você chamou a mamãe de bebê, e a mamãe te chamou também. 

O casal riu, Yor querendo rir. Loid olhou para ela com um olhar repreensivo.

- Não, amor. Não somos bebé-

- O papai é meu bebê, filha. Ele é um bebê sim. - Yor disse, interrompendo o marido.

- É-É sério mesmo? - Anya estava eufórica. Suas pupilas dobraram de tamanho, em pura alegria. - Então a gente tem de cuidar dele, mamãe! 

- Não! Sem chan-

- Você está certa, Nini! Venha, bebê. Fique sentado no sofá.

- Anya vai arrumar o cabelo dele! 

- Boa ideia! - Yor viu a filha correr para o banheiro, onde Yor guardava alguns acessórios de cabelo ao alcance de Anya.

- Não acredito que você está me submetendo a isso, Yoru.

- Ela está feliz. - Passou seu braço ao redor dos ombros do marido, o abraçando. - E não é mentira, você é um bebê. - Roubou um selinho ao esposo. - Meu bebê.

- Saco. - Ergueu a cabeça. - Tudo bem, então. 

Yor sorriu. - Sabia que você não rejeitaria! Te amo, tá? - Beijou a bochecha.

- Papai! Fique sentado! - Anya voltou do banheiro, com dois elásticos e alguns laços. - Mamãe, me ajuda.

- Certo. - Yor riu fraquinho.

Minutos depois, Anya grita um animado Pronto!

- Posso me olhar no espelho agora? - Um Loid entediado resmungou.

- Sim! - Anya disse, animada. Yor levou seu pequeno espelho à frente do marido.

- Cara.. - Loid suspirou, depois de se olhar. No seu cabelo, mesmo que pouco, estavam duas maria chiquinhas, amarradas com um laço vermelho, que contrastava com o loiro claro do tom de seu cabelo. 

- Tá bonito, né, papai? - Anya disse, esperançosa.

- Bonito? - Loid questionou. Estava ridículo, ele queria dizer. Bem, queria dizer até olhar para os olhos verdes da filha, cheios de esperança, alegria e admiração. Se olhou novamente, começando a achar alguma graça àquelas decorações em seu cabelo. Encarou a esposa, que corava. - Está perfeito, filha. 

Anya abriu um sorriso enorme, mostrando seu sorriso banguela.

- É sério papai? Anya fez certinho!

- É verdade. - Beijou a bochecha da filha.

- Agora Anya vai fazer na mamãe!

- Espera, o quê? - Yor perguntou, confusa. Loid riu gostoso.

- É, amor! Vamos fazer na mamãe! Ela é um bebê também.

- Aqui vamos nós novamente.. - Yor desabafou, sorrindo. O amor que sentia não cabia em seu peito.

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