brisa

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escute a música acima enquanto lê! <3

- Papai!

Era dia quinze de julho de mil novecentos e dois, verão na Alemanha. Depois de ser acordada por Anya, que reclamava do imenso calor, Yor sugeriu a seu marido que fossem à praia. Loid hesitou, afinal, fazia imenso tempo desde a sua última vez na praia. Mas quando encarou os olhos de rubi pelos quais se apaixonou, perdendo o brilho que neles nunca se ausentava, se rendeu.

Agora, a brisa do mar era tudo o que a família Forger tinha o prazer de sentir. Loid levou suas garotas a uma praia perto de casa, com a areia que constituía as dunas já bastante gasta, devido ao impacto que as ondas do mar lhe causavam. A praia constituía um ambiente estranhamente familiar. A areia estava quente, mas confortável. O céu apresentava poucas nuvens, às quais Anya atribuía formatos sem largar a mão de seu pai.

Yor estendeu sua toalha, que compartilharia com o marido, e a de sua filha na areia, perto do mar, para que pudesse vigiar sua filha e não se sentir muito quente, já que a brisa do mar acalmava as temperaturas que, estranhamente para a Alemanha, atingiam valores bastantes altos.

- Anya, por favor, não corra para o mar agora. - Loid ordenou, com certa seriedade.

Nunca se considerou um bom pai, mas dava o seu melhor. Estudou crianças como um estudante estuda para uma prova que decidiria o seu futuro, mas ainda assim, não se considerava um bom pai. Só mais tarde percebeu que era um pai excelente, apenas pela sua ganância de se tornar um pai melhor. O desejo de dar a Anya o que ele nunca teve, de a fazer sentir emoções que ele nunca sentira, mantinham essa ganância de pé, o mantinham de pé. E, só por isso, Loid poderia se considerar o melhor pai do mundo.

- Amor, me dê uma mãozinha aqui. - Yor pediu, ao que Loid se virou para encará-la. - Por favor, abra essa bolsa, tire o protetor solar e passe na Nini enquanto eu abro o chapéu de sol. Nós viémos cedo para a praia, os raios ultra violeta vão irritar a pele dela.

- Claro. - Loid não hesitou.

Pegou sua garotinha e a sentou no seu próprio colo, de frente para ele, dando-lhe um beijo na bochecha. Passou seu braço pelo corpo frágil para que a pudesse segurar enquanto se inclinava para ir buscar o protetor solar. - Pronto. - Colocou o líquido nas mãos, esfregando uma na outra para passar no rosto de sua filha.

- Papai também tem de passar protetor solar.

- Você tem razão, meu amor. - Yor respondeu, vendo Loid suspirar. - É importante que todo mundo passe, até mesmo a mamãe passa, acredita? Se o papai não passar, vai ficar com o rosto todo vermelho.

- Tomate!

- Exato, igualzinho um tomate. - Yor riu.

- Papai! Tem de passar! Não pode ficar igual um tomate. Anya passa em você, viu?

A mais nova juntou as mãos em concha em direção ao seu pai, aguardando que ele colocasse o líquido - que saía em spray - nas suas mãos. Depois disso, repetiu o processo de esfregar as mãos e passou o protetor no rosto de seu pai.

- Bem, depois de toda essa proteção, duvido que me tornarei um tomate. - Loid riu, mordendo a bochecha de Anya - Obrigado, filha. - Anya sorriu.

- Tomate feio! De nada, papai! - Anya abriu seus pequenos braços para abraçar o pai, colocando suas mãos - ainda gosmentas, por estarem ainda um pouco cobertas de protetor- nas costas do mesmo.

- Anya, você está deixando minhas costas sujas. - Loid alertou a menina. - Eu já entendi, já estou protegido. Você pode sair do meu colo agora. - Disse, com um tom de voz suave.

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