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Bruna 🎡
Fiquei maior tempo pensando no que fazer da minha vida, acho que já deu pra mim, esse lance de ter que passar por umas situações sem merecer.
Liguei pra minha vó e demorou um tempinho pra ela atender, quando ia desligar ela atendeu, no último toque.
-Oii vó, bença. -Respondi com voz de choro e ela já começou a me atropelar de perguntas. -Ta tudo bem, eu só queria saber como a senhora ta.
Fiquei por horas conversando com ela, de alguma forma me acalmou. A verdade é que é muito difícil precisar lidar com isso, só eu sei o quão o meu pai foi ruim pra mim e para a minha mãe...e agora com ele de volta é como se tudo voltasse a tona, entende? São traumas de infância mesmo.
Calcei minhas havaianas e saí do meu quarto procurando alguma coisa pra comer, antes eu comprava e a Laura fazia.
E eu sinto que ela tem zero confiança em mim, só falou pro irmão dela deixar eu ficar, por consideração, porque a maneira que ela me olha, mudou por completo.
Bateram na porta três vezes e eu desliguei o feijão e sai pra abrir, assim que eu peguei a chave e puxei a maçaneta vi o Lobão parado na frente.
Lobão : Entra. -Falou autoritário e eu cruzei os braços. -Vai, tô sem tempo.
Bruna : Veio porque quis, não te obriguei a porra nenhuma. -Ele entrou e eu fui atrás, depois de fechar a porta.
Lobão : Eu vou te falar só mais uma vez, K3 e Laura tão dando muita margem de erro pra você, mas eu tô na tua cola, Bruna.
Bruna : Porra se você é neurótico a esse ponto o problema é teu, caralho! Eu já falei que eu nem sabia o motivo da porra daquele homem está presto, vai se fuder! Não tenho medo de você, pega a porcaria dessa arma e me mata então, honra tua palavra e deixa de me encher a paciência.
Ele destravou a arma e colocou na minha cabeça, cruzei os braços e fiquei encarando ele enquanto ouvia meu telefone tocar.
Bruna : Atira caralho! -Gritei e tirei a arma da mão dele e disparei ela na minha cabeça, vendo que ela estava descarregada, engoli em seco e ele me encarou. -Sai da minha casa.
Lobão : Tu é uma fudida do caralho, e se tivesse carregada porra? Tem noção que ia tá morta? -Perguntou assustado.
Bruna : Não era isso que você queria? Mas da próxima vez pelo menos faz o que você fala...agora sai da minha casa. -Empurrei ele pra porta, que ficou me encarando perplexo ainda.
Ele saiu da minha casa e eu sentei no sofá chorando de raiva, pela maldita daquela arma não esta carregada.
Sempre foi assim, eu por mim mesma, quem paga os cursos da minha irmã, aluguel da minha vó, sou eu, quem foi vítima de estrupo pelo meu pai, só com oito anos. Sou eu que aguento tudo, sempre! Mas acontece que eu já tô no meu limite, não sei se tenho forças, pra enfrentar mais problemas na minha vida, principalmente quando eles envolvem o bem da minha vó e da minha irmã.
Tô lutando sempre pelo bem estar das duas, e isso me consome, consome, porque todo mundo só consegue me vê como uma interesseira ignorante.
Sai de casa ligando pro pai da Eloá, perguntando por ela, me disse que ela estava dormindo no sofá, o que me fez ficar mil vezes aliviada.
Subi até o salão pra pegar minha bolsa com uns documentos que eu tinha deixado la, ia pegar a chave, mas nem rolou, porque a porta estava aberta.
Laura : Deixa ela por perto, pelo menos a gente sabe o que ela ta fazendo. -Falou com o K3 e com o Lobão, mas eu entrei mesmo assim, pra pegar minhas coisas.
K3 : Qual foi Bru. -Sorri em falso pra eles e peguei minha bolsa na bancada. -Vai sair essas horas?
Bruna : Tô indo vê minha irmã, mas pode ficar de boa, eu volto, pra vocês me vigiarem.
Laura : Os meninos vão com você. -Falou sem jeito e o Lobão ficou quieto, olhando pra parede.
Bruna : Pra vocês terem certeza de onde eu estou indo? Não precisa, não quero.
Lobão : Prometi pra mim mermo que nunca mais abro minha boca pra falar dessa parada. -Eu só ri, ignorando, e finalmente sai dali.
Coloquei o meu celular no bolso e desci pelas vielas, sentindo os soldados do Lobão me encararem, passavam até os fuzis pra frente, na intenção de eu ver.
Bruno : Todos mandados do caralho! -Falei passando o meu cabelo pro lado e ajeitei minha bolsa.
Sai do morro e assim que eu atravessei vi um carro na minha direção, tentei apressar o meu passo, mas nem deu, saíram e me pegaram rápido, me jogando no banco traseiro e me apagando.
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Vivência [M]
FanfictionExige sacrifício, não é só fazer oração Ela me deu o bote porque sabe que eu não sei nadar Eu desci o rio, agora ficou longe pra voltar Tem sangue frio, espera a corrente levar Quanto mais puxa, menos dá pra respirar