Lobão 🐺
Todo ano minha mãe chegava atrasada na ceia la em casa, papo que ela era líder da pastoral da criança, então organizava tudo que era relacionado ao fim de ano, jantar pros moradores, essas coisas.
Não era sempre que eu participava, até porque meu pai sempre me arrastava pros lugares que ele ia, lançar corte novo, comprar presente pra minha mãe e a Laura, então quando nós chegávamos em casa minha mãe já tinha piado a muito tempo.
Mas sempre que era possível eu encostava, nunca deixei de ajudar, com grana ou doação. Mas esse ano a tiazinha falou que tava fraco de voluntário, então eu vim e dei o papo pros cria la da gestão, caso alguém quisesse fazer algo de útil.
Virei de costas, enfiando a chave no bolso e dei de cara com a Bruna, ela estava na minha frente, então automaticamente não me via, mas com certeza já tinha ouvido minha voz.
Encaixei minha mão na nuca dela e apertei com força, fazendo ela se contorcer, fazendo uma cara fechadona pra mim.
Bruna : Que isso garota, me erra! -Falou, permanecendo com a feição séria e eu deixei quieto também, sem muito assunto.
-Meu bem, se você ajudar a empratar, ta ótimo! Vai adiantar, enquanto a gente serve la fora. -Eu concordei e fui fazer o meu também.
Parei na frente da Bruna, que estava fazendo o mesmo. Comecei a montar as refeições e tava fluindo numa boa.
Ia puxar assunto com a estressada, mas pela postura dela não estava muito pra conversa, não olhava na minha cara e eu não ia me intrometer também.
Tinha uns dias já que eu tava palmeando a mente dela, pra mim não fazia sentido algum ela ser do jeito que é, papo reto! Impulsiva, ta ligado? Sem medir as consequências. Queria muito ter a oportunidade de trocar uma ideia maneira com ela, mas sei la, medo de me intrometer demais e acabar voltando a estaca zero.
Meu celular tocou e era a Laura, coloquei no ouvido e ela perguntou onde eu estava e se ia descer pro baile com ela.
Lobão : Talvez mais tarde eu apareça ai, te dou o toque, mas toma cuidado ai, tô de olho em você. -Ela só riu, antes de desligar e eu voltei pro lugar onde estava antes.
Levei os pratos que estavam prontos e as tias foram pegando. Não tinha muito o que fazer mais, geral tava na sua função e estava encaminhando da melhor forma.
Lobão : Nenhum esforço pra ficar feliz pelo menos por hoje, polly pocket? -Sentei do lado dela, colocando minha panturrilha por cima da coxa.
Bruna : E quem disse que eu tô triste, lobinho? -Devolveu a pergunta, suspirando e eu ri em falso, passando a mão no rosto.
Lobão : Sua cara entrega. Qual foi? -Questionei e ela deu de ombros, encostando a cabeça na parede. -Vai fazer o que depois que entregar o presente das crianças?
Bruna : Comer e dormir. -Respondeu de olhos fechados e eu sorri, olhando pra baixo, ajeitando a correia do meu kenner no pé.
Lobão : E se eu te fazer outra proposta? -Perguntei olhando pra ela que abriu os olhos pra me encarar.
Bruna : Baile? -Nem eu tinha muita noção do bagulho, falei por falar mermo, minha intenção era arrastar ela pra algum lugar e ficar de marolinha.
Lobão : Tô sem ânimo pô, mas se você quiser... -Sugeri e ela negou. -Qualquer rolê na pista, a gente encosta em algum lugar pra comer alguma parada...ou minha casa, você que manda.
Bruna : Só vamo comer alguma coisa, no carro mesmo, pode ser? -Concordei e o assunto cortou quando a tia entrou.
-Danilo... -Falou com aquela voz de gente velha que quer alguma coisa, bota fé? -Nosso papai noel não veio... -Já neguei boladão e a Bruna riu.
Bruna : É pelas crianças, lobinho. -Dei de ombros e passei a mão no ombro.
Lobão : Problema é das crianças, eu não tenho nada com isso não, ta maluco? Parada feia.
-Sua mãe que gostava, vivia atrás do seu pai pra fazer esse papel... -Falou e já tocou no meu ponto fraco, sem caô. Olhei pra baixo e levantei putão, passando a mão na roupa e indo colocar.
Bruna : Vou querer o meu presente, ta? -Falou quando me viu, comprimindo os lábios pra não eu e eu dei o dedo do meio pra ela.
Lobão : Maia noite eu te entrego. -Ajeitei o saco de brinquedos nas costas e sai, notando os passos dela atrás de mim.
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Vivência [M]
FanfictionExige sacrifício, não é só fazer oração Ela me deu o bote porque sabe que eu não sei nadar Eu desci o rio, agora ficou longe pra voltar Tem sangue frio, espera a corrente levar Quanto mais puxa, menos dá pra respirar