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Lobão 🐺
Tava marolando naquele quarto de hospital. Dez da noite e o sono não vinha por nada, minha pistola tava por baixo do travesseiro pra qual movimento estranho que botasse.
A bala tinha alojado perto do osso e precisou de cirurgia pra tirar, foi um caôzinho mas agora ta tudo certo. Liguei a televisão procurando qualquer parada interessante e deixei numa novela qualquer la.
Soltei um suspiro e ouvi um bagulho estranho. Já catei a pistola e destravei. Fiz o esforço de sentar na cama e a janela fez maior barulhão.
Eu ajeitei a mira, mas foi maior caô, a Bruna empurrou a janela e eu neguei com a cabeça, levantando os meus braços sem entender. Garota desceu e travou a fechadura.
Bruna : Meu Deus, não imaginei que o terceiro andar fosse tão alto assim. -Murmurou e eu ri, passando a mão no meu rosto.
Lobão : Não entrou pela frente por que, garota? -Perguntei e ela me olhou com deboche, apoiando as mãos na cintura.
Bruna : Você acha que eu não tentei? A desgraçada da mulher la não deixou, só porque são quase onze da noite e o horário de visita terminou as três. -Falou como se fosse uma parada óbvia e eu ri.
Lobão : Ai tu decidiu escalar o terceiro andar do hospital? -Gargalhei e ela fechou a cara pra mim. -Pô, você tem o que na cabeça? Papo reto. Malucona pô, maior risco de você cair ou segurança te pegar.
Bruna : Cai? Não cai. Alguém me pegou? Não, né? -Perguntou prestando atenção no quarto. -Como ta o machucado?
Lobão : Ta preocupada? -Perguntei e ela riu, negando com a cabeça e passando a mão no rosto, enquanto fazia sinal de negação com a cabeça.
Bruna : Minha vó pediu pra eu vir, só por isso. Ficou preocupada de você ficar sozinho. -Falou e eu fiz um jooinha com a mão e ela riu, sentando na poltrona ali.
Começou a prestar atenção na tv e eu marolei na minha, tava na abstinência já, louco por um beck na ponta do dedo, detestava parada de ficar em hospital.
Fiquei batendo os dedos na cama, mas rapidão eu dormi. Bagulho de nem perceber, acordei com a Bruna praticamente em cima de mim, metendo a mão na minha testa.
Bruna : Você ta ardendo em febre, Lobão. -Falou e eu abri meus olhos, delirando e sentindo o meu corpo suar. -Cara, vou chamar alguém.
Lobão : É só dormir que passa pô, não mexe com isso. -Murmurei mas ela nem deu muita ideia. Saiu pela porta do quarto e depois de um tempo voltou com uma médica e enfermeira.
-É normal esse estado febril, pra ele que operou recentemente. -Falou depois de um tempo, olhando minhas parada. -Esse remédio que ele tomou vai fazer efeito, mas acredito que seja um pouco do psicológico também. -Completou. -Aconselho a tomar um banho mais frio pra morno e aguardar, que logo logo passa. -Falou e a Bruna concordou.
-Com todo respeito. -A outra começou a falar. -Mas a senhora não havia sido barrada de entrar? -Questionou.
Bruna : Se eu não estivesse aqui ele estaria ardendo em febre, né? Porque pelo que eu sei é norma do hospital as enfermeiras passarem no período da noite, pra ver se tá tudo certo. Principalmente no caso dele, que foi cirúrgico.
-Nós pedimos desculpas pelo ocorrido, mas infelizmente a senhora não pode ficar aqui, preciso que se retire.
Lobão : Ta maluca, pô? -Perguntei. -Tô pagando o hospital e não tenho direito a acompanhante? Que parada é essa?
-São permitidos membros da família.
Lobão : E ela é o que? Minha mulher, pô! Casada comigo! Deixa dessa onda errada, papo reto, pego minhas parada, meto pé e ainda deixo o hospital com fama ruim.
-Me perdoa, é que no balcão ela não disse que é casada, ou que teria alguma participação na família do senhor.
Lobão : A gente voltou agora. Ela ficou arrependia, com medo de alguma coisa acontecer. Vai dizer que tu não tem um homem? Pra terminar e voltar?
-Faz a liberação dela, Fernanda! -A médica falou. -Me desculpa o incômodo, se precisar é só chamar uma das meninas no corredor.
Elas saíram da sala e a Bruna caiu na risada, debochando na maior onda de mim. Fiz careta e ela secou os olhos, que tinha lágrimas de tanto rir.
Bruna : Ai Lobinho, me acabo com você. -Voltou a rir. -Sua mulher...ai ai, essa foi ótima. Passo mal.
Lobão : Tentei te ajudar, garota! Mas jae, pega teu caminho e segue reto. -Falei e ela riu mais ainda, negou com a cabeça e veio pro meu lado.
Bruna : Vai tomar seu banho, vai. -Murmurou depois de se controlar, segurou o meu braço e eu levantei.
Ela me ajudou até eu chegar no banheiro, porque estava manco de uma perna né. Me apoiei na parada do banheiro, parecia fácil mas era bagulho mo complicado.
Bruna : Só sustenta o seu corpo ai, eu te ajudo. -Puxou a minha blusa pra cima e colocou em cima da bancada. -Melhor você sentar, vai ser difícil forçar a perna assim.
Ela arredou a cadeira própria e eu sentei, esticando a minha perna. Bruna fez um coque no cabelo e subiu um pouco da manga da blusa. Puxou minha bermuda e me ajudou nas parada toda.
Falei que ia ficar sem blusa e ela só vestiu a bermuda em mim, que tinha vindo na bolsa. Voltou comigo pro quarto e eu deitei na cama outra vez.
Bruna : Pelo menos a febre abaixou, né. -Colocou a mão na minha testa. -Fica bem, agora?
Lobão : Fico né, mas vai embora agora? Três da manhã já, perigoso, ficou até agora mermo. -Ela suspirou e deu de ombros. Pegou o celular e deitou no sofá. -Deita aqui, vai ficar ai nesse bagulho duro?
Bruna : É tranquilo. -Murmurou. -Precisa de espaço pra sua perna, também.
Lobão : Minha perna não ocupa a cama de casal toda não, deita aqui, anda, maior espaço. -Falei e ela enrolou, mas veio.
Me ajeitei e empurrei um travesseiro pra ela, que tampou e ficou olhando pro teto. Puxei o rosto dela de ladinho e ela me olhou, aproximei meu rosto e dei um selinho demorado nela, que colocou a mão no meu rosto e mordeu o meu lábio. Pedi passagem com a língua e ela cedeu, passando a unha fina na minha bochecha enquanto os meu dedos estavam no queixo dela.
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Vivência [M]
FanfictionExige sacrifício, não é só fazer oração Ela me deu o bote porque sabe que eu não sei nadar Eu desci o rio, agora ficou longe pra voltar Tem sangue frio, espera a corrente levar Quanto mais puxa, menos dá pra respirar