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Bruna 🎡

Cruzei as minhas pernas e umideci minha boca com a língua, prestei atenção em cada detalhe daquela reunião, cada fala e soltei a minha respiração.

A porta abriu e um garçom entrou, na bandeja haviam diversos copos com whiskey. Ele serviu um por um e eu me afastei, pra ele ter espaço para servir o  Lobão.

Olhei pra baixo negando com a cabeça e subi o meu olhar. Estava me sentindo uma trouxa, por toda aquela situação. Fui uma boba, em acreditar em uma mudança tão rápida assim, partindo dele.

Mas a pergunta que tanto passava pela minha mente era : Deixo ele beber a porra dessa bebida e agonizar até a morte, ou me submeto ao papel de otária outra vez, pra salvar a vida dele?

Acompanhei os movimentos dos dedos dele, ao envolver a circunferência do copo, composto pelo líquido e o gelo de coco.

Revirei os meus olhos e exerci um movimento em falso com o braço, fazendo com que todos os homens daquela sala me olhassem após o barulho de vidro quebrado ocupar o local.

Lobão : Ta suave. -Falou baixo, após se assustar, como os outros e eu acenei com a cabeça, sem olhar pra ele. -O cara limpa ai, esquenta cabeça não.

Bruna : Vou me limpar, te espero. -Afirmei e não esperei uma resposta dele. Fui ao banheiro e lavei minhas mãos, me olhando no espelho.

Ajeitei os meus fios loiros e bati com o meu salto no piso, me perguntando como ele conseguiu me manipular e atrair dessa forma.

Sorri amargurada e joguei todo o cabelo pra trás, sai e percebi uma movimentação, indicando que ele e os outros já haviam finalizado a reunião. Me aproximei outra vez e não demorou muito, pra ele se despedir deles e apontar com a cabeça para a saída.

As mãos dele pararam na minha cintura e a alguns metros eu ouvir o barulho do carro sendo destravado. Ele deu a volta e eu entrei, colocando o cinto de segurança e apoiando minha bolsa no porta-luvas, mapeando o carro.

Lobão : Tem horário pra voltar pra casa? -Perguntou em um ar de riso e eu olhei pra ele, negando. -Ta assim por que? -Questionou e eu senti a palma da mão dele sob a minha coxa.

Bruna : Tô normal! -Respondi calma. -Sua contenção? -Me referi aos carros pretos que estavam atrás e a frente do nosso e ele afirmou.

Lobão : Mas fica tranquila, loira! Só vão deixar a gente la, depois é suave. -Voltei minha atenção a estrada e ele seguiu no toque do volante.

Estacionamos em uma praia, bem distante, ele saiu pra falar algo com os seguranças e consequentemente, me deu tempo o suficiente para fazer o que queria. Os carros da contenção sumiram da minha visão e não demorou pra presença dele ocupar a evoque preta.

Pegamos um pouco mais de estrada, e ele parou o carro em frente a uma casa, distante e enorme. Era absolutamente linda, e só dava pra ouvir o barulho das ondas do mar.

Lobão : Bora. -Apontou pra dentro e eu dei a volta no carro. Esperei ele e entramos. Babei legal, papo da casa ter elevador pro segundo e terceiro andar.

Bruna : É, até que você tem bom gosto. -Murmurei quando a porta do elevador fechou, me reparando no espelho. Ele soltou um ar de riso e enfiou a mão por baixo do meu cabelo, puxando com força fixando nossos olhares pelo reflexo.

Lobão : Tô ligado. -Passou o nariz pela minha nuca, após falar em um sussurro. Meu corpo reagiu, mas no mesmo instante a porta abriu. Percebi que paramos em um dos quartos da casa e ele entrou primeiro.

Saquei a arma, que estava na minha bolsa e destravei, fazendo com que o barulho ocupasse o quarto. Mirei diretamente na nuca dele, que levantou as mãos em rendição, sem ao menos olhar na minha cara.

Bruna : Se você tentar fazer qualquer coisa, eu atiro, entendeu? -Perguntei e ele virou bruscamente na minha direção. Apertei o gatilho com força e passou de raspão, na orelha dele. -A próxima eu acerto, agora senta na porra dessa cadeira.

Lobão : Ta maluca? Que porra é essa, tá tirando garota? -Passou a mão na orelha, mas só estava vermelha, nada demais.

Bruna : Ate quando você ia me usar? -Questionei, me aproximando dele. -Até quando, eu ia servir de bucha pra você? -Ele franziu o cenho, sem mostrar alguma outra reação. -Me responde, caralho. -Gritei e ele tentou segurar o meu braço, mas eu ameacei a atirar outra vez.

Lobão : Porra Bruna, se manca, para de onda e abaixa essa parada ai, tô fazendo nada contigo. Surtada, problemática. -Gritou e eu sorri de canto a canto, no deboche.

Bruna : O whiskey, envenenado? -Perguntei séria e ele soltou a respiração, passando a mão no rosto.

Lobão : Era o whiskey? -Questionou e eu ri, olhando pro lado. -Pô, eu tava ligado na parada, mas não pensei que fosse assim.

Bruna : Você sabia que queriam te matar, me enfiou dentro da porra daquela sala, porque sabia, que se necessário eu serviria de bucha pra você.  Não me levou por vontade própria. -Minha garganta fechou e ele permaneceu com os olhos fixos nos meus. -Ficou com medo, né?

Lobão : Não te levei por isso. -Falou e eu gargalhei, negando, meus olhos encheram de lágrimas mas nenhuma desceu. Manti o meu rosto em pé e sequei elas com o polegar.

Bruna : E foi por que, então? -Indaguei e ele dividiu a visão entre o meu rosto e a glock na minha mão, que ainda estava com ele na mira.

Lobão : Porque eu precisava ter a certeza, que não é você a pessoa responsável pelas parada que ta acontecendo no morro. -Falou sério e o ódio só me consumiu. -Envolve umas parada além de qualquer coisa que você possa imaginar, abaixa essa arma e me escuta.

Bruna : Te escutar, agora? -Gritei. -Você me usou esse tempo todo, me manteve por perto, desconfiando de mim? Depois de tudo que eu fui capaz de fazer por você? -Minha garganta rasgou e por um instante eu fechei os olhos e me visualizei descarregando todas aquelas balas, e foi isso que eu fiz!

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