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Maratona 1/3
Bruna 🎡

Nós estávamos rodando em círculos há horas, o garoto não falava nada comigo e eu até preferia. Demorou um tempo pra gente se aproximar da rodovia e conseguir sinal, ele ligou pra um dos superiores a ele, que ofereceu todas as informações e pediu pra nós ficarmos onde estávamos.

Não fazia a mínima ideia de onde o Lobão poderia estar, mas eu tinha total noção que para ele era arriscado até demais. Veio um farol muito alto na minha direção e eu cobri os olhos com a mão, mas reconheci um dos seguranças do Lobão e o Kaue.

K3 : Bora. -Falou comigo e o bofinho ficou, ou melhor, voltou por onde nós havíamos vindo, pelo o que eu entendi ele só ficou pra me acompanhar e retornou pros serviços dele. -Tudo no certo?

Bruna : Tudo. -Murmurei, colocando o cinto de segurança. Apoiei a minha cabeça no banco e agradeci a Deus, desejando um banho.

Ia perguntar sobre o Lobão, mas mudei de ideia quando lembrei que não estava somente eu e o Kaue no carro, só questionei sobre as minhas malas e ele disse que já havia encaminhado tudo pra minha casa, no Rio, pra onde nós estávamos indo agora.

Bruna : Você sabe alguma coisa sobre o Lobão? -Perguntei curiosa, enquanto ele me ajudava a carregar as minhas malas pra dentro de casa.

K3 : Não, mas ele sabe o que faz, não é a primeira e a última vez que isso acontece. -Confirmei, e aquilo me tranquilizou um pouco. -O que foi?

Bruna : Não sei, me deu um pouco de medo, ele naquela mata, já pensou se algum policial cerca? Ele sozinho, sem cobertura?

K3 : Lobão conhece aquilo ali de canto a rabo, pô, ele não entraria em uma dessas sem saber o que poderia aguardar ele. O máximo que pode acontecer é ele sumir durante um tempo, pra poeira abaixar e os cana achar outra coisa que prenda a atenção deles. Mas logo mais ele liga, te dou notícias.

Confirmei e agradeci ele pela ajuda. Fui tomar um banho e preparei uma comida, precisava descansar pelo menos um pouco, até porque o serviço me aguardava. E assim eu fiz, fiquei bem quietinha na minha cama, mas antes fiz minhas orações e envolvi o Lobão nelas.

Acordei no outro dia com a mente mais descansada, tomei um banho e preparei um café bem forte porque o meu dia iria ser longo, peguei o meu carro pra ir ao salão, porque tava na ideia de ir ao shopping depois do expediente.

K3 : Qual foi, problemática. -Me cumprimentou, da janela do passageiro e eu acenei. -Tô com notícias do teu homem. -Revirei os meus olhos e ele gargalhou.

Bruna : Tá vivo? -Indaguei e ele riu ainda mais, concordando.

K3 : Ta, pô! Mas vai ficar uma semana longe, observar o movimento de fora, ele mandou o papo que quer fazer contato contigo, depois te aciono pra explicar melhor. -Concordei e dei partida para o salão.

Atendi algumas clientes e aproveitei a minha agenda livre na tarde pra ir comprar algumas coisas que eu estava precisando no salão.

Peguei um subway e comi na praça de alimentação, ajeitei as bolsas no antebraço e na saída do shopping eu trombei com o mesmo policial do dia da invasão no hospital.

-Bruna? -Parou na minha frente, com dúvida e eu sorri sem graça, arqueando a sobrancelha. -Que bom te encontrar aqui.

Bruna : Digo o mesmo... -Tentei passar por ele, que me segurou pelo braço com determinada força.

-Não tenta fugir. -Sussurrou no meu ouvido e eu o encarei com dúvida. -Anda, pro carro. -Senti a arma dele e soltei a minha respiração.

Bruna : Olha, eu não faço a mínima ideia do que está acontecendo, mas com toda certeza você não tem o direito de fazer isso comigo, qual o motivo? Eu não ter rendido assunto pra você? Me respeita.

-Nós precisamos conversar, e o assunto é consequência daquele dia do hospital. -Eu sustentei o meu olhar e sorri, subindo o meu óculos de sol para a cabeça.

Bruna : Então eu vou esperar ansiosamente por uma ordem judicial, babaca! -Soltei o meu braço da mão dele com força e andei andei alguns passos.

Atravessei a rua, indo em direção a garagem, destravei a minha ranger e dei partida, dando diversas voltas pela zona sul. Notei um carro me seguindo e dei seta pra um beco sem saída, estacionei o carro e sai, aguardando o audi preto parar onde eu estava.

Bruna : Não tô entendendo o motivo pra essa perseguição! -Murmurei quando ele saiu do carro, e me encarou. Mas então eu olhei para o lado e notei outra pessoa no passageiro, demorei um pouco para reconhecer, mas era o mesmo delegado que havia me questionado sobre o Lobão no incidente do hospital.

Tentei controlar a minha respiração e ele apontou pra dentro do carro, entrei, e logo em seguida ele fez o mesmo, acendeu a luz do carro e eu cruzei as minhas pernas.

-Bruna Louzada Ferreira. -O delegado murmurou e eu olhei pra ele como se fosse óbvio, até porque eles tinham a minha ficha no nome das testemunhas. -Você reconhece, esse documento? -Tirou uma identidade da bolsa e era a minha, franzi o cenho, e então no mesmo instante ele colocou fotos impressas do quarto da casa onde nós havíamos passado o ano novo.

Não tinha absolutamente ninguém nas fotos, apenas algumas armas, drogas, e obviamente, o meu documento no chão, próximo a cama.

Bruna : Reconheço a minha identidade, mas não faço a mínima ideia de onde é este lugar. -Falei convicta e o delegado soltou uma risada falsa.

-Você tem certeza disso? Um covil de bandidos, com o seu documento, e você não reconhece?

Bruna : Se serve de justificativa, eu perdi a minha identidade no dia da operação, no hospital, e infelizmente eu não tenho controle sobre o que eles fazem, então, bom licença. -Tentei abrir a porta do carro, mas ele me segurou com força pelo braço. -Essa conversa não precisava estar sendo realizada na delegacia?

-De qualquer forma nós vamos descobrir a sua relação nesses dois casos, Bruna, e é melhor você abrir a sua boca o quanto antes. -Olhou no fundo dos meus olhos e eu permaneci encarando ele. -Nossa conversa não acaba aqui.

Bruna : Eu espero que a próxima seja na sua sala, e com a presença do meu advogado! Não sei o que vocês estão querendo insinuar, mas se é pra esclarecer as coisas, que seja a verdade. -Finalmente sai daquele quarto e entrei no meu.

Peguei caminho pra zona norte, pensando o que eu iria fazer diante dessa situação. Parei no sinal e tentei ligar pra minha vó, ela disse que estava no aeroporto e eu afirmei que iria buscar ela.

Mas sabe qual era a questão? Eu NUNCA deixo os meus documentos jogados, e eu tenho total certeza que conferi ela na carteira na parte da manhã, quando organizei as minhas coisas pra vir embora.

(…)


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