Vivência [M]

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Lobão 🐺

Soltei a fumaça, enquanto palmeava o movimento da laje. Dei toque para os moleques irem fazer contenção de uma carga, última semana do ano e eu tô tentando manter tudo na máxima paz e sem muita neurose.

Galera tava agitando churrasco depois do campeonato hoje, mas eu ainda tava palmeando se ia brotar ou não. Ia jogar, mas sem muita animação.

Rd : Qual foi, tua irmã recebeu alta do hospital, vieram dar o recado, qual o proceder? -Perguntou e eu inclinei a cabeça pro lado, pressionando o cigarro no dedo.

Lobão : Nenhum, deixa se virar. -Levantei e não rendi mais papo, ele acatou a ordem e deu as costas, descendo pelas escadas.

Marquei dez ali, e peguei caminho pra minha casa. Tomei meu banho e separei o uniforme do time, só calcei o tênis e a bermuda, jogando a blusa no ombro. Comi qualquer parada, escovei meu dente e segui caminho pro campo com os moleque.

De longe eu vi o K3, mas nem tava interessado em render assunto, bota fé? Considerava o maluco meu irmão, pô, batia no peito e falava que era amigo de verdade, pra descobrir que comia minha irmã? Se fode, porra.

Levei pro coração mermo, não esperava e não aceito o proceder, até porque eu já perguntei e ele negou. Errou em ter ficado com ela, e mentido pra mim, descartei da minha vida e é zero papo, sem brecha pra cuzão.

Lobão : Juiz tá tirando, né não? Cinco horas já, pô! Tá achando que eu tô com tempo pra sustentar atraso dele? -Passei a mão no rosto, e abri a garrafa de água ali.

-Que homem estressado! -Ouvi uma voz atrás de mim e era a Patrícia, olhei pra trás, reparando nela de cima em baixo e soltei a, respiração.

Lobão : Não tô falando contigo, se toca, garota! -Ela riu sem graça, e passou por mim, indo direto pra arquibancada com as amigas dela.

-Não tá rendendo mais papo pra mina por que, Lobão? Maior ideia errada em. Mó gatona. -Jean murmurou e eu neguei com a cabeça.

Lobão : Tá incomodado? -Perguntei. -Se acha, vai atrás, pô! Tô te impedindo não, ou tô?

-Nossa lobinho, não faz assim. -Jean murmurou e eu só meti um tapão no pescoço dele, que gargalhou. -Te falta é pica.

Lobão : A sua, vagabundo! -Respondi, vestindo minha blusa.

K3 não se aproximou e ninguém fez questão de chamar também, ele não ia jogar e os cara sabia que se chamasse e eu tivesse por perto, não iria gostar.

Mas o juiz chegou e eu nem tive tempo pra pensar no bagulho também. Jogo esquentou e o primeiro tempo foi suave, um a um. Deu o intervalo e eu só peguei um copo de água, jogando no rosto.

Vi a Bruna, sentada com a Daniela e outras meninas que trabalham no salão dela, tava com uma lata de cerveja na mão, com uma cara boladona.

O segundo tempo seguiu e como é que foi? Dois gols do pai, fi. Só no toquezinho maneiro e sem muito esforço, naquele estilo jogador caro. Levantamos a taça e o mérito veio todo no colo de quem? Ah é, pô, do meu!

-Ai, tá ligado nas mina lá da sul? Daquela vez lá, de Angra? -Jean parou do meu lado, tirando a blusa e eu confirmei, andando no paço dele. -Vão subir pro churrasco lá no João, tu vai brotar né?

Lobão : Ir em casa tomar banho antes, tá cedo ainda. -Respondi e ele concordou, falando que ia aparecer só mais tarde também. -Mariane vem?

-Disse que sim. -Murmurei um "jae" e fiquei mais um tempo ali, de graça e bebendo cerveja com os cria.

Loira passou por mim, no meio dos moleque, ia fingir que não tava me vendo, mas eu acompanhei o olhar dela, que ficou sem graça e cumprimentou, e eu ri, porque sabia que se não fosse por isso ela ia se fazer de sonsa, e depois dar o papo que tinha muita gente e por isso não me viu ali.

Lobão : Ai, vou dar um pulo ali em casa, marca uma hora que eu apareço lá. -Fiz toque com eles e sai trocando ideia com uns mano. Bruna tava sentada na calçada, com a Daniela do lado e no caô eu passei, dando um chute leve nas costas dela e sussurrei um "feia." que só olhou por cima, mas eu segui caminho pra casa e fui me arrumar maneirinho.

Tomei um banho e coloquei minha bermuda e blusa preta, joguei a corrente no pescoço, passando o boné pra trás e joguei o perfume no pescoço, calcei meu tênis da nike e prendi a pulseira no braço.

Na esquina do bar já dava pra ver o movimento, lotado de nega e geral puxando cadeira e mesa pra calçada, apoiei o capacete no antebraço e fui entrando, falando com quem era necessário.

Lobão : E ai, suave? -Fiz toque com uns parceiros, parando ali e peguei um copo, virando a Brahma gelada. Molhei a boca, apoiando a gelada no balcão e meu olhar foi completamente tomado por uma loira alta e vestida de rosa.

-Quanto tempo. -Jogou o cabelo pro lado, inclinando a cabeça e eu soltei a respiração, descendo o olhar pelo pescoço dela, que sustentava a corrente de ouro, que carregava o pingente com o nome. -Pensou que fosse ela, né? Pediu pra te falar que tá folgada hoje.

Lobão : Da última vez que eu te vi tava morena, não reconheci pô! -Respondi e ela riu, segurando o pingente com os dedos.

Poliana : E gostou? -Questionou e eu dei de ombros, bebendo do meu copo.

Lobão : Pra ser sincero contigo eu preferia antes. -Poliana é irmã da Mariane, as duas são gêmeas idênticas e eu só sabia diferenciar pela cor do cabelo, foi um lance maneiro, K3 e eu sempre colava e desenrolava mermo, papo de sair de casal.

Poliana : Sua sinceridade me encanta. E o Kaue? Não vi ele ainda. Tava conversando com a Mariane sobre...

Lobão : Não sei, você vai ter que se virar pra achar ele aí, pergunta os moleque. E fala pra tua irmã, que ela tem boca pra vir falar direto comigo, jae?

Poliana : Ela é o lado tímido, você sabe! -Murmurou e beijou o meu rosto. -Foi bom te ver. -Deu as costas pra mim e eu segui o caminho dela, subindo o olhar pra mesa onde a irmã dela estava sentada, pisquei e ela sorriu de canto, acenando.

Não demorou muito pra Bruna chegar com as amigas dela, tava num vestido rosa, apertado e gostosa a beça. Salto dela aumentava a estrutura corporal e chamava atenção para ela, não tinha maluco que não olhava.

Daniela : E eu em, que monas feias, não entendi porque ficou me acompanhando, não sou novela! -Murmurou sozinha, parando do meu lado do balcão e chamou o João.

Lobão : Falando sozinha? -Perguntei e os moleque riram, observando ela.

Daniela : Por enquanto sim, mas se precisar eu falo na cara dessas ai que estão me encarando, não tô entendendo, o motivo do cochicho e comentário. -Respondeu, enquanto batia o dedo no balcão! Pegou os dois litros de cerveja na mão e deu a volta, indo pra mesa da loira e das outras meninas.

Meu celular vibrou e era a Mariane, neguei com a cabeça e só li pela barra de notificações "quero conversar com você, posso?". Respondi pra ela marcar cinco e ir pro lugar de sempre.

Não demorou muito pra ela levantar, saindo da porta do bar e eu esperei parada de uns oito minutos ainda. Virei a esquina, enfiando a chave no bolso e ouvir uma voz atrás de mim.

Bruna : Lobão, posso falar com você? Coisa rápida!