+ 100
Lobão 🐺K3 : Qual foi cara, fica suave! -Entrei no carro, e ele logo em seguida no banco do carona. -Não tô ligado no que aconteceu, mas talvez ela só precise de um tempo pra respirar, tu conhece o jeito dela.
Bruna decidiu ir embora na nossa frente, fiquei no quarto depois que a gente trocou aquela ideia e quando eu sai o K3 veio com papo que ela havia descido.
Tentei ajudar da melhor forma possível e o que ela fez foi jogar os bagulho na minha cara, né não? Então jae! Ela que se foda também. Nessa vida a gente ajuda quem quer ser ajudado, e se é uma decisão dela eu que não vou me meter.
Estacionei o carro na garagem de casa e desci, fui direto pro meu banho e os cara tava agitando pagode na quadra. Vesti a blusa e a bermuda preta, jogando o malbec no pescoço e calcei meu tênis.
Desci as escadas correndo enquanto ajeitava o boné e peguei a chave da moto, fui guiando ela e parei na boca. Acenei com a cabeça pros cara e enfiei o celular no bolso, entrei na salinha e o Foguinho e uns moleque tava de marola.
Lobão : Beco da viela principal ta vazio, perdendo tempo por que aqui? -Questionei, apoiando meu capacete ali e os dois mais novos saíram de cabeça baixa.
Palmeei a postura do Foguinho, que permanecia no mermo lugar enquanto me encarava, sustentei o olhar durante mais um tempo e ele desviou para o chão, passando a mão na nuca.
Lobão : Quem ta com os moleque na salinha lá embaixo? Obrigação não era tua? -Dei a volta na mesa, sentando na cadeira pra puxar as notas.
Foguinho : Pô Lobão, natal e você deixando os pivete preso la? Pra que, cara? Geral já entendeu o recado, se não vai torturar os moleque nem nada é melhor liberar.
Lobão : Não tô lembrando a parte que te pedi uma opinião. Única obrigação sua é continuar na segurança deles la, ou ta esquecido do aviso? -Perguntei sem dar importância, anotando as vendas pra vê se a conta batia.
Foguinho : Jae. -Fez sinal de beleza, virando de costas. Fiquei um tempo ali, resolvendo umas questões mas não demorei também.
Tranquei a sala e fui descendo pra quadra, tinha uma mesa com algumas mulheres e eu me liguei que pela postura não era do morro, paty da sul. Laura estava na mesa delas e eu fui na direção dela quando me chamou com a mão.
Me aproximei e apertei a mão das quatro amigas dela, mas nem dei importância não, bagulho de educação mesmo. Senti uma morena me encarando mas eu nem retribui, não fazia meu estilo e eu estava tranquilo, sem afobação.
Peguei meu caminho e fiz um toque com o K3 e os meus parceiros que estavam ali, puxei uma cadeira e sentei, observando que na minha frente estavam as meninas que trabalham com a Bruna no salão.
Enchi meu copo com brahma e acendi um, passando meu boné pra trás. Subi meu olhar, soprando a fumaça e minha visão foi completamente tomada pela loira com a cara fechada. Neguei com a cabeça, acompanhando os passos dela em cima do salto alto e marolei nas amigas da Laura encarando ela pelas costas.
Meu olhar desviou pra morena de antes e ela me encarava com um sorriso, mas eu meti serinho, fechando a cara e ela se tocou virando pro outro lado toda sem graça.
Bruna terminou de se aproximar e eu reparei pra caralho no decote dela, que evidenciava a tatuagem no peito e o pingente de ouro no pescoço. Ela me encarou no desdém e eu ri em falso, envolvendo o meu copo com a palma da mão.
Daniela : Senta aqui, amiga! -Ela pulou uma cadeira e a Bruna encarou bem as pessoas que estavam nas mesas antes de sentar, mas falou com todos.
Sorriu pra ela e jogou o cabelo todo pra trás. Me olhou, percebendo meu contato visual e sustentou até um certo ponto. K3 ofereceu cerveja e ela pegou, começando a mexer no celular.
Fiquei maior tempo ali mas depois os cara me arrastaram pra parte de fora. Encostei no carro, pegando uma dose de whiskey e fiquei ali trocando uma ideia massa com eles.
K3 : Ih cara, tão desenrolando assunto naquele perfil lá e papo que envolve a Laura, tem tu no meio não? -Falou baixo, me mostrando a tela do celular e eu franzi a testa, vendo uma foto dela. Tirei meu celular do bolso e dei a volta, sentando em uma escadaria afastada ali, com o meu cigarro nos dedos. Abri a publicação e comecei a ler, notando que os moleque da rua tava tudo com celular na mão também.
•
"Eu já conhecia o ditado amigo da onça, mas não tinha noção que ele era tão verídico assim. Acontece que a princesinha mimada do morro tá fazendo sua própria casa cair, fez novas amizades, mas esqueceu que elas não são tão fiéis como a Bruna era. Tá duvidando? Seguem os áudios que uma "amiga" dela me encaminhou ontem mais cedo...para não prejudicar as outras não vou soltar as mensagens, mas nem é necessário quando se tem o que escutar, né?"
gravação de tela
áudios Laura"Ah amiga, pra falar a verdade eu não sou mais próxima deles, Bruna é uma falsa, maldita, isso sim."
"E em relação ao Kaue, a gente tinha uma relação do caralho e eu era apaixonada por ele, entende? Quando eu precisei de ajuda ele só serviu pra jogar as coisas na minha cara, se eu soubesse que tudo acabaria dessa forma eu não teria me entregado da forma como eu me entreguei pra ele...só queria que ele não contasse pro Lobão sobre as agressões do meu ex. Pensei que nós pudéssemos dar certo."
Irmão, ali eu já tava no maior ódio. Traição de amigo e irmã? Vai se fuder, porra! Embaixo do meu nariz e nenhum dos dois teve peito pra chegar em mim e conversar?
Kaue me olhou e ali eu já tava ligado que ele tinha ouvido o áudio dela. Cara ficou esperando qualquer reação minha, mas eu não conseguia esboçar nada além de ódio e tristeza, papo reto.
Coloquei minha cara a tapa por ele, minha mão no fogo, pro maluco comer minha irmã e ainda inventar o maior caô pra cima de mim? Não fode, caralho. Ele veio se aproximando e eu levantei na merma hora, joguei o cigarro no chão e empurrei o peito dele, apontando na cara.
Lobão : Você é um frouxo do caralho, um fudido. Quantas vezes eu te dei ideia? Perguntando se já tinha rendido papo pra cima dela?
K3 : Papo reto, não vou criar confusão contigo aqui no meio de geral porque tu ta ligado como funciona as parada. Foda-se eu e a Laura, ta ligado? Sei das minhas ações e ela também, termina de ler essa porra ai e desenrola pra vê o que dá pra gente fazer.
Neguei com a cabeça, rindo em falso de toda aquela postura dele. Foi falso, cuzão e imbecil do caralho. Página atualizou e ele ficou parado na minha frente. Desci minha mão pra cintura e coloquei o auto-falante no ouvido enquanto encarava ele com o maior desgosto do mundo.
"A Bruna sempre foi assim mesmo. Mais estourada e maluca. Vagabunda é uma ordinária, me fez passar maior vergonha no salão mas ela pode ter certeza que o que é dela tá guardado, eu tenho é pena, sabe? -Soltou uma risada. -Lembro até hoje dela vendendo brigadeiro na porta da escola com o papo que precisava ajudar a vó, ganhava vinte reais e já ficava maluca, me segurava pra não rir."
"Ela é uma idiota, isso sim. Sonsa. Mãe dela trocou ela por homem e a coitada era tão ingênua e sozinha que tinha medo de absolutamente tudo, tanto que foi beijar na boca com dezessete anos, acredita? Mete maior marra de fodona, gostosona, mas não é o que finge ser."
"Bruna é sozinha na vida, ninguém ta disposto a ficar com um peso daquele, não sei como eu su-por-ta-va. Acha ser a dona da razão. Vi ela chorar quando soube da morte do pai dela, mas deveria agradecer, porque ele estuprou ela a infância toda, desde os sete, tadinha, até hoje tem sequela."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vivência [M]
FanfictionExige sacrifício, não é só fazer oração Ela me deu o bote porque sabe que eu não sei nadar Eu desci o rio, agora ficou longe pra voltar Tem sangue frio, espera a corrente levar Quanto mais puxa, menos dá pra respirar