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Bruna 🎡

Estávamos sentados em um sofá longo e confortável, Lobão conversava com alguns caras sobre assuntos zero interessantes para mim. Porém, a mão dele envolvia a minha cintura e a outra um copo de whiskey com gelo de coco.

Me deu vontade de ir até ao banheiro e assim eu fiz, avisei ele e após lavar as mãos e secar elas com o papel andei em direção ao pátio, pra respirar, muito cheiro de cigarro misturado com bebida no ambiente interno e eu precisava sentir o ar livre.

Virei de costas e dei de cara com o Foguinho, ele me olhava com uma feição extremamente desapontada e no olhos dele eu percebia ódio.

Foguinho : Que falsidade, em! -Murmurou baixo e eu engoli em seco, dando liberdade pra ele falar. -Quantas vezes eu perguntei se você tinha algum lance com ele, mentiu olhando dentro do meu olho, esperava isso de qualquer pessoa, Bruna, menos de você.

Bruna : Entendo sua chateação, mas eu não tenho obrigação de justificar fatos da minha vida pra você. -Falei convicta. -Da mesma forma, me desculpa.

Foguinho : Tu tá ligada que ele tá te usando, né? Fazendo jogo com você. -Eu respirei fundo. -Tava rolando teu nome na boca, murmurinho que você estava de papo com ele, bati no peito pra te defender, falar que era caô e que você mesmo havia me negado a história. Me pintou como maior otário, ao ponto do cara me colocar na contenção só pra eu ver esse bagulho ai, de vocês dois. No papo reto, vocês se merecem.

Bruna : Foguinho, eu não tenho responsabilidade sobre as expectativas que você cria sobre mim. Se eu não te falei, foi porque eu não quis, por algum receio, não sei, da minha vida pessoal quem cuida sou eu. Sei que suas intenções eram as melhores, mas cara...

Ele abaixou a cabeça, em estado de negação e de alguma forma aquilo me atingiu. Tentei me aproximar pra fazer contato visual com ele, mas ele simplesmente levou as mãos em direção ao meu rosto e começou a apertar com muita força.

Foguinho : Você era pra ser minha. -Falou em um ton que eu não reconhecia partindo dele. -Tudo o que eu fiz por você, pra te ter comigo. -Ele chorava desesperado e eu não entendia aquilo, eu tentava fugir mas era impossível pela força que ele exercia sobre mim.

Foguinho me empurrou na direção da parede de mármore, e começou a me enforcar com uma das mãos, eu estava agoniada, implorando com o olhar pra ele parar, minha respiração estava fraca e saia lágrimas de desespero do meu rosto.

Ele apertou ainda mais, me sufocando e eu já estava enxergando tudo preto, a outra mão dele apertava o meu braço com muita força e parecia que nem ele tinha noção aquilo.

Veio o vulto do Lobão na minha frente, que derrubou ele com um soco e eu tentei regularizar a minha respiração, enquanto sentia a minha garganta arder.

Lobão : Tá maluco, porra? -Continuou depositando diversos socos nele, que fazia o esforço de revidar. -Qual a tua onda? De fazer isso com ela? -Bateu a cabeça dele no chão e eu vi sangue.

Ele levantou, sacando a arma e o Foguinho estava irreconhecível no chão, mas respirando ainda, e consciente. Eu olhei pra ele, lembrando do meu amigo de adolescência, que sempre apoiou todas as minhas decisões, comprou todas as minhas brigas e me fez rir por horas até esquecer todos os meus problemas.

Ele me encarava, como se eu fosse a pior pessoa desse mundo, no olhar dele eu percebia um pedido de socorro, misturado com ódio e ao mesmo tempo um sinal que aquele Foguinho que eu conheci hoje, sempre esteve ali.

Bruna : Lobão... -Murmurei baixo e ele relutou pra não me olhar, mas não conseguiu, virou o rosto na minha direção e franziu o cenho.

Lobão : Agradece por eu não te matar na frente dela, seu cuzão. -Chutou a barriga dele com força e saiu, indo falar com dois dos homem dele que estavam ali.

Fiquei encarando o Foguinho ali, naquela situação e nem me toquei quando o Lobão se aproximou, me puxando pelo braço.

Os dois homem tiraram ele do meu campo de visão e o Lobão me puxou pelo queixo, sustentando os nossos olhares.

Lobão : Ele te machucou muito? -Perguntou com a voz séria, olhando o meu pescoço e eu coloquei a mão por cima.

Bruna : Minha garganta tá doendo um pouco. -Respirei fundo. -Mas tá tranquilo, consigo suportar.

Lobão : Bora pra algum lugar. -Me pegou pelo braço e eu acompanhei os passos dele até o carro, abriu a porta para mim e eu entrei. Segurei a vontade de chorar pela situação e nem me dei conta quando chegamos em uma casa.

Ele ficou quieto, forçando o maxilar e me mostrou onde era o banheiro, em um dos quartos, por eu ter perguntado. Me olhei no espelho e o meu pescoço estava bastante roxo, fiz um coque no meu cabelo e eu saí, dando de cara com ele sem camisa e uma maleta de remédios na mão.

Lobão : Deixa eu ver essa parada ai! -Influenciou com que eu sentasse na cama e ele sentou na minha frente. Levantou o meu pescoço com as duas mãos e negou com a cabeça, soltando a respiração. -Por qual motivo ele te fez isso?

Bruna : Por ter me visto com você. -Falei sentindo o algodão que ele manuseava passar pelo o meu pescoço. -Eu menti, as vezes que ele me perguntou sobre eu estar me aproximando de você.

Ele ficou calado, concentrado em cuidar da minha garganta que evidenciava os hematomas roxos, tentei perguntar onde o Foguinho estava mas pelo que eu percebi ele não queria tratar daquele assunto comigo.

Lobão : Mandei buscaram um remédio pra você tomar e melhorar, evitar sentir dor. -Puxou o meu rosto, beijando a minha bochecha.

Bruna : Não precisa, eu tô bem. -Ele me ignorou e levantou da cama, colocando os remédios por cima da bancada. -A reunião já tinha finalizado? Quando eu saí ainda estava no início.

Lobão : Não, mas depois chega no meu ouvido, não tem caô. Você saiu pra procurar ele?

Bruna : Não, foi por acaso. -Respondi e ele passou a mão no rosto. O celular dele tocou e parecia ser um dos meninos da segurança dele. Lobão não queria que eu ouvisse então saiu do quarto, fechando a porta.

Peguei o meu celular e tinham algumas mensagens, mas eu não respondi, fui explorar o quarto e abrir a porta que dava acesso a uma sacada com vista pro mar e fiquei ali durante um tempo.

(…)

Vivência [M] Onde histórias criam vida. Descubra agora