Vivência [M]

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Lobão 🐺

Acordei antes da Bruna e ela estava no vigésimo sono. Levantei, pegando minha toalha e segui direto pro banheiro. Abri o registro na água mais fria e entrei, deixando correr pelo o meu corpo e sentir meus músculos relaxarem.

Lembrei da madrugada e a situação da Bruna era complicada. Me causou surpresa, sem caô. Vi ela daquela forma e eu realmente não esperava.

Eu tô acostumado com outra versão dela, fechadona e sem brecha pra demonstrar sentimentos, tava na minha mente que pra ela chegar naquele nível o bagulho tava feio. Conhecia a garota e pela índole dela, nunca choraria na minha frente.

Tô ligado que ela tem ódio de mim, fiz o verdadeiro inferno na vida dela e a loira sempre sustentou a confusão. Se eu ia pra cima ela revidava da pior forma possível, por mais que não me atinge-se de uma maneira tão grande ela não ficava por baixo e não abaixava a cabeça.

Pra chegar naquele ponto, dela ficar por horas dentro de um banheiro, completamente fora de si, em um desespero fora do normal, alguma fita tinha acontecido e não era papo de assunto recente.

Uma parte de mim queria palmear o passado dela todo, até achar qualquer coisa que explicasse aquele comportamento, a outra tentava entender e respeitar o limite, até porque a mesma não quis me contar.

Minha preocupação era eu ter feito qualquer lance, bota fé? Mas ao mermo tempo era parada inexplicável, já tinha passado daquele nível com ela, não dava pra entender.

Vesti uma roupa, passando a toalha no cabelo e fui pra cozinha. Coloquei a água do café pra ferver e fiquei marolando ali, com um cigarro no bico. Por hoje eu não ia pesar muito no assunto com ela, mas a qualquer custo eu vou atrás.

Meu celular tocou e eu tirei do bolso, era o Kaue e eu atendi. Soprei a fumaça pro lado e ouvi a voz dele de ressaca preencher a linha.

K3 : Qual foi moleque? Tá por onde? -Perguntou, e eu virei de costas pra passar a água fervente no filtro com o pó.

Lobão : Tô na Barra, por que? -Deslizei a caneca na pia e abrir o armário, tirando uns lance pra comer.

K3 : Atoa irmão, natal desse e você me deixando sozinho? Quale? Sou nada pra você, né não? -Eu gargalhei, jogando a cabeça pra trás.

Lobão : Vira homem rapaz, ta me tirando? -Ouvir a risada dele do outro lado e neguei com a cabeça. -Bruna ta aqui comigo, fazendo o que ai?

K3 : Pior ainda, me trocando pela problemática, papo reto, maior sacanagem. Não me conta nada, parceiro só sou eu mermo. -Passei a mão no rosto e deslizei pro pescoço ajeitando a corrente no peito. -Mas eu tô preparando um almoço aqui pô, ia te chamar pra encostar, o natal de sempre.

Lobão : Desce pra ca e trás as parada que a gente te ajuda terminar, não tô com ideia de subir pra ai agora. -Cruzei minhas pernas.

K3 : Ja tô pronto pra brotar, irmão. Só jogar uma peita aqui e resolver as coisas que você me pediu. Maior fofoca pra te contar, do que rolou no baile ontem.

Lobão : Jae, tô te esperando aqui! Vai trazer o que precisa pro almoço mermo?

K3 : Levar meu peru pra você. -Passei a mão no olho, dando risada e torci o pescoço.