capítulo 35

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OIOI, COM CAPÍTULO NOVO E GRANDE!
Como pedido de desculpas pela demora 😅

Boa leitura ❤️
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William Foster:

Chego no apartamento da Olívia o mais rápido que pude depois daquela reunião insuportável. Passei o dia pensando na nossa briga, nas suas palavras até que não aguentei mais e liguei para minha mãe pedindo ajuda. 

Nunca tive um relacionamento sério, mas fui criado por um casal que se ama muito e sempre fizeram de tudo um pelo outro apesar das dificuldades e é isso que eu quero para nós. Na minha cabeça estava apenas tentando dar tudo do melhor para ela e não privando-a de conquistar por si só, mas dona Amélia abriu minha cabeça e me mostrou onde eu estava errado com a rosa bebê. 

Ela sempre lutou por tudo que quis e conseguiu conquistar cada uma delas, oferecer lhe dar tudo de mão beijada não é uma prova de amor, é duvidar da sua capacidade. Olívia não é como as outras mulheres que já me envolvi, por isso ela me conquistou com tanta facilidade. Meu pai me disse tantas vezes que Olívia não era o meu tipo e parece que eu só entendi agora. Ela nunca aceitaria ser sustentada, ela nunca aceitaria uma vida de dondoca como todas as outras porque ela nunca esteve atrás do meu dinheiro ou do que meu nome poderia oferecer. 

Ela simplesmente me ama e eu não estava retribuindo como ela merece. Olívia precisa saber que eu a amo mais que tudo e que faria qualquer coisa por ela, apoiá-la é o mínimo. 

Estava louco para conversar com ela e resolver tudo, mas tinha a droga dessa reunião que não podia ser desmarcada e ainda demorou horas pra terminar.  

- Will? - Kate franze a testa ao me ver, mas logo abre a porta para que eu entre.
Passo os olhos por toda a sala esperando que a Olívia apareça, mas vejo apenas a Ravena no sofá de pijama com uma caixa de pizza no colo. 

- Cadê a Olívia? - pergunto olhando para o corredor.

- Jurava que vocês estavam fazendo as pazes nesse exato momento – Ravena brinca.

- Não, ela saiu mais cedo do trabalho já que eu estava numa reunião importante – me viro para Kate que também está de pijama. – Por isso vim aqui, para conversarmos – sinto uma sensação ruim no peito.

Ravena tira a caixa do colo e se levanta parecendo confusa.

- Ela pode estar lá no papai – Kate sugere. – Sempre que alguma de nós está com problemas vai atrás dele – diz pegando o celular com um sorriso, como se fosse óbvio. 

Ela teria avisado, ela sempre avisa. 
Pego meu celular e ligo para Olívia, o toque do celular no meu ouvido parece não ter fim até que a ligação cai. Tento mais uma vez enquanto vejo Ravena se aproximar de Kate que tem a mão na testa e fala com Gregory.  

Não estou gostando disso.

A ligação cai mais uma vez e sinto um calafrio percorrer todo meu corpo. Decido ligar para Henry. 

- Ela não está com o papai, Will – Kate fala receosa.

- Estou ligando para o meu irmão, eles almoçaram juntos hoje, ele pode saber de algo – elas assentem. - Já liguei para ela... - as duas me olham preocupadas. – Chamou e caiu.

Henry não atendeu. 

- Ela está com raiva de você! - Ravena rebate com certeza indo pegar o celular no centro. – Ela não vai te atender – colocando o celular no viva voz e escutamos chamar.

Sei que nós três não acreditamos nisso, sei que estamos os três aflitos e rezando para que seja só um mal entendido, que seu celular tenha descarregado ou que esteja no silencioso. 

Atenda a droga desse celular, rosa bebê! 

“Oi” - fico aliviado por escutar a sua voz. “Eu sou a Olívia, acho que você já sabe”.- Ravena afunda no sofá ao perceber que é a gravação da caixa de voz - “Estou ocupada no momento, deixe seu recado e eu retorno, tchau”.

Ligo novamente pro Henry e coloco no viva voz. Sinto um pequeno tremor nas mãos. 

“Oi, Bart” - brinca e eu escuto uma música alta de fundo.

“Você sabe da Olívia?” – só consigo escutar a música alta - “Henry?” 

“O que?” - Olho para as meninas que estão tão apreensivas quanto eu.

“A Olívia não atende minhas ligações nem a das irmãs...” - sem resposta. - “Henry?” - passo a língua nos lábios e engulo o nó que se formou na minha garganta - “Eu tô surtando, cara. Me fala que você sabe de algo” - meu desespero é nítido. 

“A última mensagem que a Liv me enviou foi a tarde” - não consigo mais escutar a música do fundo, apenas sua voz sem o humor de sempre, olhos para as meninas. Kate pisca várias vezes tentando entender o que tá acontecendo e Ravena não para de andar de um lado para o outro. - “Me fala aonde você tá que eu chego aí em 5 minutos”

** 

Um zumbido tomou conta dos meus ouvidos desde que falei com meu irmão e quando dei por mim estava no meu apartamento – por ser mais amplo para todos. Kate avisou ao Ethan que ligou para os meus pais e o Henry está no apartamento das meninas com a Ravena atrás de algo que possa ajudar.

Olívia sumiu. E parece que arrancaram uma parte de mim. Sinto uma dormência por todo o meu corpo que dificulta a minha respiração. Estou sentado no sofá segurando minha cabeça com as mãos apoiadas nos joelhos enquanto minha família tenta sussurrar sobre o que houve com a minha namorada como se eu não estivesse aqui. Mal sabem eles que a única coisa que está ecoando na minha cabeça é nossa última briga. 

Quando ela disse que não ficaria com alguém que não a apoia achei que tinha me sentido sem chão, por me imaginar sem ela comigo - até agora. Agora eu tenho certeza como é essa sensação e é agoniante. 

O barulho do elevador me acorda do transe e eu me levanto às pressas, fazendo todos pararem de falar e me olharem. Tinha esperança de ser ela saído do elevador com um sorriso no rosto, o sorriso que ela dá apenas pra mim. Mas quem sai do elevador é Kate e seu pai, a expressão de medo de Gregory é um soco no estômago em mim. 

- Will, onde está a Olívia? - Gregory pergunta vindo até mim, Kate o acompanha.

- Eu não sei – digo travando o maxilar na tentativa de não desabar. – A última vez que eu a vi foi a tarde... 

Gregory pisca algumas vezes tentando assimilar o que eu disse, mesmo que a Kate já tenha o deixando por dentro. 
-  A polícia acabou de chegar, estão subindo – diz Eva.

Todos estão aqui, desde Eva que não me deixou sozinho por nenhum segundo até a mãe do Ethan em solidariedade, mas que foi embora logo depois.

Minutos depois que o detetive Taylor, chegou junto com mais dois homens Henry e Ravena apareceram, já passava da meia noite e nenhum sinal da Olívia. Passamos todas as informações para o detetive que ouviu atentamente enquanto os policiais tomavam nota. 

Taylor distribuiu tarefas para seus homens, um foi ao restaurante perto da empresa e o outro foi a Foster com o Henry atrás das imagens. 

- A senhorita Anderson tinha algum inimigo? - Em outra situação eu poderia rir dessa pergunta, Olívia não é capaz de fazer mal a ninguém.

Olho para Gregory que troca um olhar cúmplice com meu pai e Ted que negam com a cabeça. 

- Algum ex? - sugere e uma luz acende na minha cabeça.

- Thomas Lewis – digo sem hesitar e vejo meu pai bufar desacreditado.

- O ex chefe da Íris? - Gregory pergunta confuso.

- Eles tiveram algo que não durou muito, ele não aceitou muito bem o fim, teve até um incidente na Foster, mas ela não quis denu... 

- O QUE? - Gregory me interrompe procurando por suas filhas na sala. – O que vocês estão me escondendo? 

Vejo as duas respirarem fundo e se aproximarem do pai. 

- Paizinho... - Ravena começa e Ted se afasta um pouco, meu pai o acompanha. - A Liv conheceu o Thomas na festa de posse do Will, ele acabou chamando-a para sair – travo o maxilar só pela lembrança. - Mas quando ela se envolveu com o Will, Olívia terminou qualquer coisa que eles tivessem.

- Mas ele não aceitou muito bem e foi atrás dela na Foster – Kate continua. – Mas... - Troca um olhar rápido com a Ravena. – O Henry chegou a tempo... 

- O que vocês estão me escondendo? - Gregory interrompe de novo fitando as filhas que ficam caladas. – Ele a machucou?... Katherine, não minta para mim – disse firme.

É a primeira vez que escuto Gregory chamar uma das filhas pelo nome.

- Ele a machucou, mas o Henry chegou antes que algo pior acontecesse – Ravena fala no lugar da irmã. - Ela escondeu isso de todos por um tempo, depois Will deu uma surra nele e ela não quis te contar nem denunciar – Gregory bufa irritado.

- Por isso eu saí da Lewis, pai – Kate fala mais baixo olhando para qualquer canto menos para o pai.

- E eu só estou sabendo disso porque sua irmã sumiu? 

O ar some dos meus pulmões assim que escuto a pergunta de Gregory e todos sentiram o peso delas. Até o momento ninguém tinha tido em voz alta e saber que pode ter o dedo do Thomas nisso me faz sentir um misto de desespero e raiva dentro de mim. 

- Nós vamos encontrá-la - digo chamando a atenção de todos. – Eu vou encontrá-la e ele nunca mais vai chegar perto de ninguém da minha família. 

- Não temos certeza se foi ele – o delegado Taylor diz. - É apenas um suspeito.

- Ele falsificou os documentos da Company Foster, o senhor sabe – Ethan argumenta. – Ele já a machucou – diz com cautela. – Tem um histórico agressivo em Cambridge, pode ser ele sim. 

- Espera... - Gregory se vira para meu pai e Ted. – Esse é o garoto que o pai pediu para você não denunciar? - os dois congelam no lugar, mas Ted é o primeiro a se recuperar.

- Gregory... - Ted dá um passo à frente, indo até ele. - Nós conversamos sobre isso – Fala olhando de mim e para Ethan – E decidimos que era a melhor solução, lembra? - fala parecendo um pouco aflito com o rumo da conversa.

Olho para Ethan que está completamente concentrado na conversa deles. As meninas estão atrás de do pai, quase como uma escolta.  

- Melhor para quem, Ted? - Gregory devolve. 

Vejo minha mãe levantar e ir até eles. 
- Esse não é o momento – fala firme. – Nem o lugar.

- Eu só quero o meu lírio comigo... - Gregory fala se afastando de James e Ted e sentando no sofá, minha mãe o segue e acaricia suas costas.

- Detetive... - chamo sua atenção. - Thomas Lewis passou dos limites diversas vezes, eu apostaria tudo que eu tenho que ele está envolvido nisso – digo firme e escuto meu pai bufar novamente, me viro para ele. – Qual o problema? 

- Só não acredito que ele seria capaz disso - Dar de ombros -  Está o acusando sem provas.
- Quando nós tínhamos provas o senhor não deu importância porque daria agora? - Ethan diz ácido e meu pai congela.

- JÁ CHEGA! - Ravena grita e todos se calam. – Minha irmã está desaparecida! Vocês entenderam isso? - olha para todos. - Não é momento para isso e se vocês não conseguem calar a porra da boca e acharem um jeito de serem úteis é melhor irem embora! - Diz indo se sentar no braço do sofá, perto de Gregory. 

- Ravena está certa – Kate diz fuzilando Ethan que apenas olha para o chão. - Detetive? Thomas Lewis, tenho certeza – diz firme.

- Certo – Taylor anota no bloco. – Vou pedir que procurem seu paradeiro – Diz escrevendo no seu celular. - É o seguinte – olha para todos nós e eu cruzo os braços. - Com tudo que vocês me falaram a Olívia não me parece uma pessoa que sumiria sem avisar. – Ele para por uns segundos. – Entretanto, não posso acionar toda a equipe sem ter certeza – bufamos. - É o protocolo, mas se encontrarmos algo que comprove o sequestro nas imagens que seu irmão foi buscar, a situação muda de figura – minha visão fica turva com suas palavras.

- Ethan, ligue para Henry, por favor – Amélia pede com o braço esticado na minha direção, na tentativa de me impedir de dizer algo.

** 

Uma da manhã.

Gregory estava sentado perto das janelas olhando para o nada, chorando silenciosamente, totalmente perdido. Ted e James um tempo depois puxaram duas cadeiras e foram para o seu lado – não trocaram uma palavra, mas não saíram do seu lado. Ravena está andando de um lado para o outro e Kate está na varanda chorando enquanto Ethan a consola. 

Eva fez lanche para todos, mas ninguém tinha apetite – acredito que ela só fez para se distrair. Já minha mãe está do meu lado, fazendo carinho na minha perna, na tentativa de me acalmar.

Uma e trinta da manhã.

O policial que foi até o restaurante disse que conversou com o dono, como vamos lá com muita frequência o dono já nos conhece e ele disse que a Olívia nem apareceu por lá. Ele também encontrou sua bolsa e seu celular, que foi levado para averiguação. 

O barulho do elevador me faz levantar novamente, mas quando vejo Henry vir com o policial que o acompanhou a dor volta com tudo. 

- Vocês precisam ver o que encontramos – Henry anuncia e nos reunimos.
- Porque demoraram tanto? - Ted pergunta.

- O senhor Henry deu a ideia de pegarmos não só as imagens da Foster, mas de todas os prédios do percurso até ao restaurante – Disse o policial que foi com meu irmão.

- Assim podemos ver até onde a Liv foi – Henry explica.

- Boa, irmão - Ethan falou e eu assenti.

Kate pegou meu notebook no escritório e todos nos juntamos no sofá. Ao todo era cinco gravações. Na da Foster, Olívia aparece na portaria com um café na mão e mexendo no celular, segundos depois ela tira uma foto do seu copo de café e saí do prédio. Continuamos a vê-la devido as portas de vidro, ela olha para os dois lados, pressiona sua bolsa no corpo e começa a andar um pouco rápido. 

Nas duas gravações seguintes é apenas ela andando um pouco rápido, talvez pela rua não estar muito movimentada, no final da segunda é possível ver um homem todo de preto a seguindo.

Na penúltima vemos o exato momento em que o homem a pega pelo pescoço com brutalidade, sinto um aperto no peito ao ver a minha Olívia tão pequena ao lado dele, segundos depois Olívia bate nele conseguindo se soltar e corre com ele logo atrás de si e a gravação acaba. 

Já na última podemos ver o homem a puxando pelos cabelos e a puxando para o seu corpo, logo em seguida seus joelhos dobram sem força, o homem a pega no colo e atravessa a rua saindo do campo de visão da câmera.  

O silêncio caí sobre a sala, ninguém tem o que dizer, me sinto impotente, inútil.

- Isso é prova suficiente para ser considerado um sequestro, detetive? - Ravena pergunta.

- Sim, senhorita Anderson – O detetive diz neutro. - São os protocolos, não concordo, mas tenho que segui-los – diz a olhando de forma compreensiva, logo em seguida ele pega seu rádio e diz. – Estamos tratando de um sequestro, pessoal. Quero todos aqui – fala e meu coração aperta novamente. - Eles entrarão em contato com vocês, possivelmente através de você, William – aponta para mim rapidamente. – Precisamos do seu celular – Assinto. – Minha equipe está preparada para esse tipo de situação, não se preocupem. – Taylor olha para Gregory. – Vou trazer seu Lírio de volta – Gregory sussurra um obrigado. – Mas vocês precisam confiar em mim. 

- Porque está dizendo isso? - Kate se pronuncia depois de um tempo.

- Porque vocês terão que ter paciência, por mais difícil que seja. - Taylor diz com segurança. - Eles que farão o primeiro contato – bufo.

- E o que o senhor sugere? - digo.

- Não escondam nada de mim ou da minha equipe, isso é essencial – afundo na poltrona com raiva.

Levo minhas mãos à cabeça e pressiono as unhas no coro cabeludo com força.

Quatro da manhã.

Meus olhos ardem, meu maxilar está dolorido e minha mãos estão feridas pelas minhas unhas.

A equipe do detetive Taylor chegou e se instalou rapidamente, mais de dez pessoas andam pelo meu apartamento agora, meu celular já tinha sido grampeado e eu estava há mais de horas esperando que ele tocasse.   

Minha mãe permanece comigo enquanto eu fuzilo a droga do meu celular.

Se não tivéssemos brigado Olívia teria esperado minha reunião acabar e viríamos pra minha casa. Se eu tivesse entendido desde o começo que ela não se sente bem estando tão exposta, ela poderia estar comigo. Se eu não fosse um idiota que quer as coisas do meu jeito a Olívia não teria saído daqui de casa da forma que saiu ontem e ela ainda estaria comigo, com sua família.  

O barulho do elevar anuncia a chegada de mais dois homens da equipe do Taylor. 
Já sei que não pode ser ela.

- Falamos com os Lewis, senhor – diz um policial baixinho de olhos puxados. – Eles falaram que o filho está em Denver, no Estados Unidos. 

- Fazendo? - Taylor pergunta.

- Descansando, cuidando da saúde, depois dos últimos acontecimentos – diz o outro policial, negro de quase dois metros. Fecho minha mão em punho na tentativa de controlar a raiva. 

- Nas palavras do Jonh Lewis, depois do caçula Foster ter o atacado – O policial fala e Henry bufa.

- Não serve como álibi - Taylor diz firme.
- Eles disseram que vão ligar ao amanhecer para o filho, já que fomos na sua casa as 3h da manhã - minha vez de bufar.

- Eles estão encobrindo o filho – digo me levantando. – Ele mexeu os pauzinhos para o filho não ir preso por nos incriminar – Olho para o meu pai – Porque entregaria agora por sequestrar a minha mulher? - digo antes de sair da sala.

- Will? - Escuto minha mãe me chamar.
Vou em direção ao meu escritório me sentindo sufocado, com raiva de toda essa situação. As gravações estão repassando na minha cabeça desde que vi. Dele. Do Thomas, tenho certeza que é o Thomas. A agarrando por trás, a puxando pelos cabelos, da Olívia lutando para fugir e por fim despencando, perdendo as forças. 

Sinto minha cabeça rodar, parece que tem um peso em cima do meu peito que não me deixa respirar, não sem ela comigo. Não consegui protege-la, não sei aonde ela está, nem se está bem... ou viva. 

E ter esse pensamento me parte ao meio. Até que tudo fica escuro. 

- Will? - Henry me chama.

Pisco várias vezes sentindo algo escorrer da minha mão direita, olho para o lado e vejo Henry pegar na minha mão e pressionar seu lenço de bolso - tudo parece estar em câmera lenta. Volto a olhar para frente e vejo que destruí todo meu escritório, está tudo fora do lugar. Mesa de bebidas estilhaçadas no chão como o centro, papéis espalhados por todo o lugar, livros no chão. 

Minha cabeça agora pulsa. 

- Não posso perdê-la, Henry – confesso me sentando no braço do sofá e abaixando a cabeça. 

Henry está na minha frente. 

- E você não vai... - diz colocando a outra mão na minha nuca. - Nós não vamos – Henry coloca a outra mão na minha nuca - Will... eu posso falar com o Matteo, ele nos ajudou da última vez – levanto minha cabeça.

- Eu sei, mas como ele ajudaria dessa vez? - pergunto confuso.

- Matteo tem o seu jeito de conseguir as coisas... - permaneço calado. - Já faz mais de doze horas que a Liv sumiu. – Odeio quando dizem isso. – E ainda não temos nada, só essa tortura coletiva enquanto esperamos o Thomas entrar em contato... - Ele também acha que foi o Thomas, meu irmão bufa. -  Você confia em mim, Will? 

- Com a minha vida – digo sem hesitar, paro por uns segundos e respiro fundo. – Pode falar com o Matteo, não sei o que ele vai fazer ou como, mas se for trazer a Olívia de volta não importa. 

Oito da manhã. 

Nenhuma ligação. Continuamos aqui, Gregory parece definhar a cada hora que passa enquanto eu mal sinto meu corpo – apenas o machucado da minha mão direita que a Eva cuidou.

Agora a mídia desconfia da movimentação “suspeita” na minha casa, como não recebi nenhuma ligação até agora o detetive Taylor acha melhor não deixar público o sumiço da rosa bebê. 

Os resultados sobre a análise no celular da Olívia não nos mostraram nada. Nenhuma mensagem suspeita ou ligação. Nenhuma novidade e eles não tomam nenhuma atitude.   

Doze da manhã. 

Matteo conseguiu informações em menos tempo do que a equipe do Taylor demorou para se instalar. Não faço a mínima ideia de como ele conseguiu, mas sou eternamente grato. 

Ele não está na cidade, mas mandou seu braço direito, Vincenzo, com as informações que precisávamos. Henry enviou as filmagens para Matteo, Taylor não gostou nenhum pouco disso talvez por ser alguém de fora trazendo informações ou pela aparência de Vincenzo.

No entanto com a ajuda do Matteo descobrimos que o carro parado do outro lado da rua, de frente para a Foster é do sequestrador. Um gol prata 2005 e sua placa. Depois dessas informações os homens do Taylor começaram a trabalhar como formigas. 

- Muito obrigada – digo um pouco aliviado. – Diga ao Matteo que estou devendo uma a ele – Vincenzo dá um pequeno sorriso. 

- Ele sabia que diria isso, senhor Foster e me mandou lhe dizer que não necessário – inclinou levemente a cabeça. - Mas ainda tenho mais uma informação - todos olhamos para ele, principalmente o detetive Taylor, olhar que não passou despercebido por Vincenzo. – Matteo também descobriu que Lewis nunca pisou em Denver, então seus pais podem estar o encobrindo – olho para meus irmãos em choque.

- E como o seu chefe conseguiu essas informações tão rápido? -  Taylor pergunta desconfiado. 

- Não sei, senhor – Vicenzo negou. – Estou apenas seguindo ordens – falou inocente e Taylor bufa. 

- Matteo Adams é o seu chefe? - Taylor pergunta analisando o terno de Vicenzo.
- Sim, senhor – Vicenzo o respondeu naturalmente.

- Diga-o para não se meter mais em investigações confidenciais, isso é contra a lei – um canto dos lábios de Vicenzo se eleva sutilmente.

- Isso não é necessário – intervenho. – Foi apenas um pedido que fiz a um velho amigo.

- O senhor deveria rever suas amizades – fala olhando para Vicenzo.

- E eu acredito que o senhor deveria focar sua total atenção no desaparecimento da minha mulher – digo firme. - Já que graças às informações do Matteo vamos sair do lugar – o fuzilo.

- Isso é desacato, senhor Foster – Taylor se aproxima de mim. 

- Estamos todos a flor da pele aqui – Kate me puxa pelo braço. - Por favor.   

Duas da tarde. 

Descobrimos que o carro está registrado como roubado, o detetive Taylor usou a informação do Matteo e começou a procurar pelo paradeiro do Thomas, as buscas partiram daí. 

Todos sabem do sumiço da Olívia agora, repórteres ligaram, está passando direto no noticiário e agora a portaria da minha casa está uma loucura. Jasmine ligou e prestou solidariedade, disse para não perdermos a fé. 

Cada um tenta lidar como pode com a situação, nenhuma ligação, nem um sinal de que ela está bem. A hora parece não passar de jeito nenhum, Ravena parece estar perto de explodir, Kate tenta se manter útil como pode, minha mãe intercala entre mim e meus irmãos e Eva vez ou outra vem até mim, tentando me fazer descansar um pouco que seja ou comer algo, mas eu não posso. 

Já cometi o erro de deixar Olívia sozinha, não vou errar novamente quando ligarem. 

Cinco da tarde. 

Estou com a cabeça apoiada no sofá, olhando para a porra do meu celular. Ainda nada. Consigo escutar com facilidade a risada do Thomas na minha cabeça, aquela risada vitoriosa e cheia que ele dava quando era melhor que eu nos treinos, ou fazia um ponto durante o jogo. 

Ninguém ousa dizer nada, só se escuta o barulho dos teclados da equipe do Taylor trabalhando. Eles nos olham com pena. Não é necessário muito para saber o que eles estão pensando, que já vai fazer 24h do seu desaparecimento e nada, que é um buraco sem saída. 

Olho para o lado e vejo meu pai cochichar de forma frenética para Gregory que nega com a cabeça, Ted percebe meu olhar e tenta dar um fim à conversa dos dois – o que deixa Gregory mais irritado. 

- Vamos dar um jeito nisso, Gregory, vamos trazer a Olívia de volta – meu pai tenta o acalmar.

Gregory bufa e se aproxima do meu pai, Ted o acompanha.  

- O sequestro da minha filha é culpa sua – vejo meu pai perder a cor. – E você sabe disso. 

- Greg... - Ted intervém. – Vamos conversar em outro lugar? - olhando para nós, como da última vez. - Você está nervoso e... 

Dona Amélia acompanha cada movimento dos três. 

- NERVOSO? - Gregory berra. – A MINHA FILHA ESTÁ DESAPARECIDA HÁ 24 HORAS! PORQUE VOCÊS SÃO DOIS COVARDES! EU NÃO CONCORDEI COM NADA DISSO! - Grita novamente. – Eu... Eu não vou... – fala sem fôlego. - Perder uma filha pelas mentiras de vocês... já fiz e ainda faço muito por vocês, mas parece que nunca vai ser o suficiente – fala olhando nos olhos dos dois.
Gregory se vira e vai até a poltrona mais próxima, ele coloca as mãos sobre os olhos e desaba. Kate e Ravena sentam em cada braço da poltrona e o abraçam parecendo um pouco confusas.   

Meu pai sai da sala sem dizer uma palavra, Ted intercala entre os dois até que minha mãe aponta para a direção que meu pai foi e Ted vai até ele.

- Detetive - Amélia diz calma. – O senhor pode nos dar um momento? - Taylor acena e chama seus homens que saem do apartamento, minha mãe vira para Eva. - Eva, você pode pegar um copo de água com açúcar para o Gregory? - Eva assente indo para a cozinha. – Precisamos nos acalmar, discutir não vai ajudar em nada.  

Eva aparece com o copo e dá para minha mãe que se agacha na frente de Gregory e chama sua atenção com um leve toque no seu joelho. 

- Obrigada – Gregory fala fungando e limpando o rosto.

- Não precisa e você sabe – sorrir para ele. – Vamos encontrar a nossa Olívia, Greg... eu te garanto – disse fazendo um carinho no seu joelho.

Sete da noite. 

Eva me convenceu a tomar banho e a comer. E tudo sumiu por alguns segundos, menos a falta que a Olívia faz. Peguei a primeira roupa que vi no closet e ando por ele enquanto seco meu cabelo, chego na parte onde a Olívia guarda suas roupas. Tem dois tênis brancos aqui, alguns livros, um sobretudo, algumas roupas do trabalho e o seu perfume. 

Inalo seu cheiro e tudo volta com tudo, por alguns segundos pareceu que era um domingo qualquer que ela tinha ido para a casa de Gregory e a noite viria dormir aqui, que estava tomando banho enquanto esperava por ela e não para sentar no sofá e esperar seu sequestrador ligar. 

Limpo meus olhos rapidamente sentindo meus olhos arderem. Então escuto um celular vibrar entre suas roupas, não como há um dia posso estar imaginando coisas. Pisco algumas vezes tentando focar e a vibração continua, começo a procurar de onde vez até que encontro um celular descartável entre suas roupas. O número está registrado com o nome “rosa bebê”. 

“- Olívia?” -  Digo desesperado.

“- Deus, Foster!” - fecho o punho com força, sentindo as unhas machucarem novamente minha pele por escutar sua voz. - “Para alguém que esperou por essa ligação o dia inteiro você até que demorou” - escuto sua risada.

“- Onde está a Olívia?” - digo entre os dentes.

“- Na minha frente, quer deixar recado?” - fala como se estivéssemos tendo uma conversa normal.

“- Coloque ela na linha” - mando.

“- Não” - diz bem humorado.

“- Thomas...” 

“- William...” 

“- Sempre soube que tinha sido você, em nenhum momento desconfiei de outra pessoa. Sabia que era você.” 

“- Não é bom estar certo?” - diz alegre. - “Agora vamos ao que interessa, não ouse contar a ninguém dessa ligação, eu amo a Olívia, mas não teste a minha paciência, Will."

“- Não vou, eu garanto” - digo apressado.

“- Ótimo” - diz animado. - “Que tal uma troca? Você pela rosa bebê” - sugere e minha raiva aumenta ao ouvir chama-la assim.

“- Feito” - digo sem hesitar. - “Mas eu quero saber que ela está bem” 

“- Ela está, dou minha palavra” - escuto um barulho estranho do outro lado da linha.
“- Coloque ela na linha, Thomas” - o barulho continua.

“- Não estamos negociando, eu mando e você obedece. Simples” - Escuto algo cair no chão.

“- NÃO VENHA, WILL, É UMA ARMADILHA” - Escuto Olívia gritar e logo em seguida um tiro que faz o todo o sangue do meu corpo congelar e por fim um silêncio torturante. 

Mil vezes pior do que as últimas horas da minha vida. 

“Thomas?” - digo com o maxilar travado.
“- Estou aqui, Will” - Fala eufórico. - “Não se preocupe com a rosa bebê”

“- Coloque-a na linha” - ordeno.

“- Acho que seu grito já lhe serve como prova de vida e como amostra de que não estou de brincadeira “- sua voz vai ficando fria. - “Agora venha, vou te mandar o endereço e não avise a ninguém ou o próximo tiro não vai ser no braço da rosa bebê, mas na cabeça” - meu coração aperta e a ligação caí. 

Logo depois chega uma mensagem de texto com o local de encontro. Coloco o celular no bolso e tento normalizar a respiração, passo por todos na sala e vou para a cozinha. Acho a saída de funcionários e saio por lá. 

Estou chegando, rosa bebê.

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Desculpa a demora de verdade, já tô escrevendo o próximo não se preocupem.

*Pode conter erros*

Não esqueçam de curtir e comenta 🙆❤️


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