Capítulo Bônus

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Oioi, não teve atualização ontem por falta de tempo, então capítulo em plena quinta e num horário diferente, explicar melhor no finalzinho!

Não esqueçam de curtir e comentar 🙆🏽‍♀️

Boa leitura! ❤️
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Ravena Copper:

É a última vez. A última vez que me coloco nessa posição, de procurar uma pessoa que obviamente nunca teve o interesse de saber sobre mim. Uma parte minha, com certeza a idiota, acredita que ele vai entrar nessa cafeteria, me explicar o que houve, responder minhas perguntas e vamos seguir caminhos diferente. É apenas isso que quero.

Mas a parte racional sabe que é mais fácil eu acabar o dia na minha cama chorando e agarrada com uma garrafa de vinho branco, já que nem o colo do paizinho eu posso ter. Ele nunca apoiou a minha busca, sempre disse que só serviria pra me machucar mais ainda – seu Gregory não estava errado, é pura tortura. Mas eu não consigo, eu preciso ter uma responda, pra poder esquecer essa história e seguir minha vida com a família que me escolheu.

Dessa vez a pesquisa foi bem mais rápida, graças a Kate que contratou um detetive que Ethan indicou e ele descobriu sobre o meu pai. Não tive nenhum contato com ele, o detetive foi a ponte de toda a comunicação -primeiro sinal que isso não vai acabar bem.

Kate não pôde vir conosco, então estamos só eu e Olívia em uma cafeteria do outro lado da cidade.

Olívia está sentada perto da porta enquanto eu estou em uma das mesas da parede, ela só veio para me dar apoio, mas eu sei que foi para catar meus cacos, caso precise. Ela não para de me observar com pura preocupação no rosto e não larga o celular, ou está falando safadeza com Will ou descrevendo cada movimento meu para Kate.

“Ele já está atrasado 40 minutos, deveríamos ter apostado” - brinco.

“Ele vai aparecer, pessoas simplesmente se atrasam, Ravena” - Olívia me olha por cima do celular.

Vacilo rápido demais olhando para a porta quando o sino em cima faz barulho, mas quem passa pela porta é uma mulher muito bem vestida, que acaba chamando atenção de todos no café. Ela não está nenhum pouco vestida para uma cafeteria com seu macacão longo ciano, com saltos brancos, grandes brincos e uma corrente dourada. Seus cabelos são pretos e uma mulher de idade, mas muito bem conservada. Está com o pulso direito elevado pela bolsa que segura com muita classe junto com seus óculos.

Seu olhar é de puro desdenho ou desprezo pelo lugar ou por todos aqui presente, ela com certeza não está aqui por vontade própria. Olha para todos os lados procurando por uma mesa ou pessoa até que para o olhar na mesa ao meu lado. Quanto mais ela se aproxima mais consigo notar os detalhes dela em si - não tem nada que ela esteja usando que não seja de grife.

Uma dondoca!
Mas o que chamou realmente a minha atenção foi o seu perfume floral, extremamente enjoativo que parecia ter impregnado todo o local. O cheiro foi ficando mais forte enquanto ela se aproximava até que ela sentou ao lado da minha mesa e eu foquei na grande janela ao meu lado direito.

Me viro um pouco tentando ser discreta, mas pela minha visão periférica consigo ver que ela está sentada na mesa ao lado da minha olhando para a janela, como eu. Olho para a porta quando o sino toca mais uma vez, mas noto que a tal dondoca me observa, com o queixo apoiado delicadamente na ponta dos dedos como se eu fosse um animal em exposição.      

Não gosto desse tipo de gente, dessas pessoas que só porque tem dinheiro se acham no direito de se comportar como bem entendem e quando elas me olham de baixo para cima ou me analisam exatamente dessa forma só me motivam a mostrar que elas estão erradas.

Foco minha total atenção nela, a dondoca me parece ter por volta de uns cinquenta anos, talvez mais, os procedimentos estéticos que ela fez, devem ter sidos bem caros para esconder a idade tão bem. Ela não parece nenhum pouco afetada por eu estar encarando, então eu a olho de baixo para cima, lentamente, observando cada detalhe seu. Sua expressão vai mudando aos poucos, o que me confirma seus procedimentos estéticos super caros.

DEUS! Nenhum pé de galinha.

Mas eu ainda não estou satisfeita com sua cara de puro choque pela minha ousadia, então eu espirro e coço o nariz com o indicador, o que a faz travar o maxilar e me fuzilar.

Isso mesmo, dondoca. Seu perfume é enjoativo que nem você.

Sinto meu celular vibrar e eu nem preciso ver para saber que é a Olívia me repreendendo enquanto assiste toda a cena do seu lugar. Tenho um péssimo hábito de focar em coisas sem sentido quando estou preocupada ou ansiosa e é exatamente isso que estou fazendo.

- Perdão - digo com inocência coçando o nariz, mas a dondoca apenas abre um pequeno sorriso.

- Não se preocupe querida – diz fingindo simpatia. – Gente como você não sabe apreciar o que é bom – abre um sorriso discreto.

Pelo tom que o usou e sua expressão de seriedade nem parece que acabou de me ofender, algo me diz que ela usa esse truque com muita frequência. 

- Se gente como eu a senhora – enfatizo a última palavra – quer dizer pessoas não esnobes e uma classe fingida, eu fico grata por não saber o que é bom. Afinal... perfume enjoativo dona do perfume enjoada – tento fingir inocência, mas com certeza não foi tão boa quanto a dela.

A dondoca bufa e dá um risinho curto nenhum pouco afetada pelas minhas palavras. Se levanta pegando sua bolsa, óculos e celular e para na minha frente arrumando seu macacão no corpo.

-  Criança... - meu celular vibra mais uma vez. - Você tem tanto a aprender ainda – analisa meu rosto – Mas só pelo seu comportamento... tão gentinha, vai morrer gentinha – sinto uma raiva pelas suas palavras e elevo meu rosto em desafio, mas ela me responde com mais um sorriso ensaiado, o que me deixa mais irritada. - Tão petulante quanto imaginei – se vira indo em direção a saída, sem consumir nada.

A observo sair da mesma forma de quando entrou, como se fosse dona do lugar. Essa mulher conseguiu me tirar do controle apenas sentando ao meu lado e o pior, não vou esquecer nunca o cheiro ruim desse seu perfume. Quando pego meu celular para responder Olívia, noto uma mulher parada na minha frente me olhando fixo.

- Posso te ajudar? - pergunto com o celular na mão.

- Você está a minha espera – puxa a cadeira a minha frente e senta colocando a bolsa marrom e um pouco desbotada sobre a mesa.

Analiso a mulher estranhando toda aquela situação. Consigo ver apenas a camisa polo amarela que ela usa, sua pele é negra, está com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo baixo e com pequenos brincos. Aparenta ter uns quarenta anos no máximo, mas a sua pele já é bem marcada.

- Estou esperando... - hesito por uns segundos. – Estou esperando meu pai.

- Eu sei, ele não vem – diz naturalmente enquanto pra mim é como um soco no estomago. – Ele não quis vir, então me mandou para acabar com o problema – travo o maxilar. – Sou a esposa dele – diz por fim.

Respiro fundo tentando assimilar suas palavras enquanto tento não chorar na frente de uma desconhecida.

- Podemos começar? - pergunta.

Ela percebe meu desconforto, mas não se importa. Respiro fundo mais uma vez, tentando ignorar a palavra “problema” que ecoa na minha cabeça e ignorar a sensação de que cometi um erro quando decidi vim aqui hoje.

- Sim – consigo responder.

- Seu pai trabalhava no clube do centro da cidade, onde os ricassos vão para passar o tempo – diz com desdenho. – Ele trabalha tanto no campo de golf como em um dos principais restaurantes no lugar, que no caso, foi lá onde ele conheceu a sua mãe... - sinto uma bola se alojar no meu pescoço. - Eles foram amantes por alguns meses até que ela apareceu gravida de você - fala me olhando com ódio nos olhos. – Meu marido não quis, disse que era casado e que não podia assumir, na verdade que não queria assumir – cada uma das suas palavras era como um soco, ela parecia realmente disposta a me machucar. – Ele sugeriu que ela abortasse você, mas sua mãe não quis – senti o chão desabar em baixo de mim. – Ele saiu do clube e começamos do zero, até você nos procurar – falou entre os dentes. – Ele não quer conhecer você, nunca quis, por isso eu to aqui, pra colocar um ponto final nisso. Então será que agora que já sabe a verdade, você pode nos deixar em paz? - assenti com a cabeça e a tal mulher saí rapidamente do café.

Fixo meu olhar na mesa com o maxilar travado tentando engolir a vontade de chorar, mas vacilo por um segundo e uma lágrima escorre pela minha bochecha direita.

Ainda não, aqui não.

Olívia puxa a cadeira ao meu lado e me olha confusa.

- O que aquela mulher queria? Ela entrou num carro muito estranho - não a respondo focada nos rabiscos da mesa.  – Ravena...

- Ela é a mulher do... - hesito novamente. – Homem que estávamos esperando... ele não quis vir então a mandou para colocar os pontos nos is – excluo todas as palavras ruins que acabei de escutar, mas não vão me deixar em paz nunca. – Vamos embora, isso tudo foi perda de tempo – digo já em pé.

Olívia me olhava desconfiada de cinco em cinco segundos, ela estava dirigindo e eu estava com a cabeça deitada no braço direito que estava apoiado na porta do carro, observando a paisagem sumir tentando não chorar.

Ainda não.

- Ravena...

- Não quero falar sobre isso – digo sem olhar para ela limpando uma lágrima silenciosa.

Não consigo nem mais segurar.

- Eu só estou preocupada - não respondi.
Consigo sentir seu olhar sobre mim, me avaliando.

- Vamos para casa? - pergunta quando paramos no sinal.

- Pro papai – Olívia suspira com minha resposta e não diz mais nada pelo resto do trajeto.

O pai não iria precisar saber, mas eu preciso dele, do colo dele.

Assim que paramos, atravesso a rua apressada, estava tão perdida que nem notei o carro tão próximo de mim, só escutei a buzina. Quando olhei para a porta meu pai já estava lá olhando assustado, devido ao barulho do carro.

Seu Gregory me olha assustado e me analisa enquanto me aproximo, o abraço com força e afundo minha cabeça no seu peito. Inspiro seu cheiro amadeirado e sinto seus braços ao meu redor, suas mãos alisam minhas costas, me dando conforto, sendo meu porto seguro.

- Lótus... - sussurra. – O que houve? - continuo calada, o que o faz suspirar. – Tudo bem... - sinto suas mãos nas minhas costas. – Eu to aqui, filha – foi aí que eu desabei.

Comecei a chorar compulsivamente, tudo que aquela mulher me falou, cada palavra voltou à minha cabeça e foi como se eu tivesse escutando pela primeira vez. Me senti uma péssima filha, por ter conseguido uma família que me adora, mas mesmo assim eu decidir ir atrás de alguém que nem tem vontade de me conhecer e ainda fiz tudo isso escondido do homem que fez de tudo por mim.

- Lírio, o que houve com a sua irmã? - diz preocupado.

- Acho melhor entrarmos – sugere Olívia.

Olívia contou tudo para o papai, todo o plano e ele parecia irritado, preocupado e confuso, como se não acreditasse no que aconteceu.

Depois de algumas horas minha irmã foi embora, meu pai fez chá, sentou do meu lado e eu deitei na sua perna.

- Desculpa – digo baixinho enquanto faço formas geométricas na sua perna

- Você não deve pedir desculpas por procurar seu pai de sangue, minha lótus – fala fazendo carinho no meu cabelo – Mas por me esconder isso, sim

- Não queria te incomodar com isso, nem fazer essa cena ridícula... – limpo as lágrimas com raiva

Ele sabe que não gosto de chorar

- Ei... – Gregory me interrompe e faz olhar para ele – Nada vindo de você é ridícula e eu sou seu pai – enfatizou a última palavra e eu concordei – Estou aqui pra isso, não se importe com as palavras vazias de... – para por alguns segundos – pessoas que não te conhecem e nem te merecem. Vamos esquecer isso tudo e só seguir em frente, sim? – assenti e deitei minha cabeça no seu peito – Você é minha filha e eu te amo muito – disse antes de beijar minha cabeça. 

Me senti em casa

- Eu também te amo muito, paizinho

Passamos a noite assim, vimos um filme e comemos porcaria, tendo um momento nosso nada programado. Seu Gregory era tudo que eu precisa e ele nunca seria capaz de nenhuma dessas coisas comigo e era por isso que ele era o meu pai de verdade.
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Um pouquinho da história da nossa próxima protagonista.

Comecei na faculdade essa semana, a noite por isso não tô com um horário fixo pra postar.
*Desculpa qualquer erro ortográfico*

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Até domingo ❤️

LírioOnde histórias criam vida. Descubra agora