27 | De quem é a culpa?

248 32 33
                                    

"A culpa é sua por ter esse sorriso
Ou a culpa é minha por me apaixonar por ele?"

("De quem é a culpa?", Marília Mendonça)

("De quem é a culpa?", Marília Mendonça)

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Perto das 17h meu celular tocou. Número desconhecido. Resolvi atender. Nunca se sabe se é apenas uma gravação com voz robótica, parte do telemarketing das operadoras, ou se é algo sério.

— Alô? — disse, hesitante. Se for banco oferecendo cartão de crédito, desligo na tora.

— Olá — o ronronar inconfundível identificou a chamada desconhecida. — O porteiro do meu condomínio me passou seu número. Disse que você era um encanador de confiança.

— Pois sou. — Resolvi dar corda. Que mal fazia? Logo meu turno acabaria e eu me afastaria da tentação. Não correria riscos.

— Eu tô com um probleminha no apartamento. Teria como você dar uma passada por aqui?

Para combinar com os problemas dela, meu plano entrara pelo cano. Ela quer me ver, e agora? A expectativa de dar perdido indo embora no minuto em que o relógio marcasse 16:59, e eu passasse o bastão para o próximo porteiro, evaporou-se.

— Claro. — Claro?! Pelo jeito, o F1 estragado chega pra todos.

— Quando você pode vir?

Nunca, jamais, em tempo algum. Só posso ir pra casa, arrumar a bagunça e resolver os assuntos pendentes do meu outro emprego.

Em vez de dar um firme "não" como resposta, olhei as horas no celular para recalcular a rota.

— Estourando, daqui a dez minutos — estimei.

Sim, mestra. Mais força, minha senhora. Pode fincar o salto na minha cara, não me importo. Tá tranquilo de respirar pela máscara, aperte a coleira sem dó, minha deusa.

Eu estava a um passo disso.

— Ótimo. — Do outro lado da linha, senti sua animação. — Até mais.

Silêncio. Com o fim da ligação e o processamento das informações, da minha própria postura, somente uma pergunta me atormentava:

— Meu Senhor, no que eu me meti? — murmurei para as paredes.

— Meu Senhor, no que eu me meti? — murmurei para as paredes

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora