+18 | Completo | Dizem que dois bicudos não se bicam e isso fica claro para Ítalo quando, em seu primeiro dia como porteiro de um condomínio de luxo, conhece Luciana, uma moradora provocante que o tira do sério só de respirar. Entre tapas e beijos...
"Toda vez que te vejo eu te quero mais, mais, mais Larga logo esse cara que ele não te satisfaz mais Eu não sei por que você fica se enganando assim Vê se para e repara que você nasceu pra mim"
("Sou o cara pra você", Thiaguinho)
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O universo me fez de estepe de Femme fatale, constatei pouco antes de adormecer. Primeiro Helena, depois Luciana. Arrio os quatro pneus por essas mulheres de arrasar quarteirão. Fato consumado.
Queria eu ser um cara normal, com minha Amélia, uma exemplar mulher de Atenas, dois gatos e um cachorro. Assim eu não teria de me preocupar com outros homens entrando no meu caminho. A vida seria mais fácil.
Entretanto, vida de brasileiro já começa no nível hard. Comigo não seria diferente. Não bastava chegar ao ponto de pensar na diabinha a todo instante, precisava sonhar com ela também.
Lá estava eu, no décimo sono, deitado eternamente em berço esplêndido, coberto até o pescoço, quando Luciana chutou Morfeu para longe e invadiu os meus sonhos.
No sonho ela me provocou como na vida real. Agarrou-me e tascou um beijo doce, o qual aprofundou até chegar ao núcleo interno da Terra. Quando pensei que não poderia melhorar, ela desceu na boquinha da garrafa.
Abocanhou meu pau com uma vontade tremenda que chega deu gosto de imaginar. Minha mão logo se adiantou para segurar-lhe o cabelo e controlar a velocidade como eu bem entendesse.
A Luciana dos sonhos tinha uma língua gostosa, operava mágica, ia e voltava, da base à cabeça, sem esquecer de nenhum lugar.
Ao perceber a mulher se empenhar para envolver a extensão toda, comecei a ver estrelas e deixei escapar um gemido sôfrego de quem estava prestes a padecer com apenas uma mamada imaginária.
— Shhh! — Ela pôs o indicador sobre minha boca ao engatinhar para cima de mim. — Sua mãe vai ouvir — repreendeu-me.
— O quê? — Falei alto demais e, em seguida, tomei consciência de dois fatos importantes. Um, eu estava acordado. Dois, os passos ruidosos de mãinha ecoaram no corredor e em questão de segundos ela abriria a porta.
Luciana esquivou e deitou-se no chão, onde estaria fora do alcance do olhar de águia de dona Cecília. Curiosa ironia: ontem fora eu, agora era ela quem se ocultava num esconderijo. "Às escondidas" virara nosso carro chefe nas últimas 24 horas.
Com o rodar da maçaneta, me cobri de qualquer jeito, ainda espantado por aquela experiência de sonho vívido que terminou numa constatação da realidade.
— Filho, tá tudo bem? — Ela adentrou o quarto temendo que algo ruim tivesse acontecido.
O que ela encontrou? O Zé Bezelgas ondulando o lençol, molhado de saliva, grudando no tecido fino — o que piorava a aparência de modo geral e demarcava até as veias da piroca do cidadão.
