33 | Olhar 43

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"Seu corpo é fruto proibido
É a chave de todo pecado e da libido
E pra um garoto introvertido como eu
É a pura perdição"

("Olhar 43", RPM)

Encostando no bar, onde havia notas de animação na atmosfera, Luciana pediu uma nevada e voltou-se a mim

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Encostando no bar, onde havia notas de animação na atmosfera, Luciana pediu uma nevada e voltou-se a mim.

— Certeza que não quer nem uma cerveja superfaturada? — Arqueou a sobrancelha.

— Certeza absoluta — decretei. — Alguém tem de estar sóbrio pra te levar pra casa.

— Ou nós dois podemos não terminar a noite sóbrios nem ir pra casa — sugeriu.

— Nem pensar. Nada de casa do patrão, correria de manhã, piada do ex. A senhora não invente. — Pulei fora.

— Assim você me magoa. — Luciana dramatizou.

Eu arrastei minha mão pelo balcão e alcancei a sua.

— Trate de desmagoar — sugeri quase ordenando. — E fique satisfeita, porque eu tô muito satisfeito de você ter defendido minha honra.

— Bobagem. Eu senti seu desconforto e reagi, nada de mais. — Ela deu de ombros. — Faz parte. Aconteceu de eles terem encarnado os enciumados hoje, não sei o porquê. Aliás, acho até que sei a causa. Tão sentindo falta de um membro. Supostamente, há um quinto elemento no grupo.

Meneei a cabeça, prestando mais atenção, agora que o assunto me envolvia.

— Nunca nem vi — afirmou. — Não curte sair da toca, isso deu pra deduzir. Provavelmente é "aquele cara".

— Aquele cara? — Interessei-me nas teorias sobre mim.

— Aquele cara do tipo insuportável, mas que os amigos insistem em incluir na rodinha por conta dos velhos tempos ou de empréstimo não quitado. Cá pra nós, o senhor misterioso parece ser um daqueles milionários esquisitos.

"Deve ficar recluso em sua mansão. Visita a própria empresa uma vez no mês; comparece nas sociais mais relevantes do meio, nunca ultrapassa a cota anual de festas; e gasta rios de dinheiro com acompanhantes de luxo apenas pra ter alguém com quem conversar, sem segundas intenções."

Agradeci internamente pelo quão eficaz foi o minha segurada de riso.

Quer dizer que me enquadro no perfil do cara que paga R$700 somente pra bater papo e reclamar da vida no colo de uma estranha? Uau! Luciana merecia créditos pela narrativa elaborada.

— Uma coisa é certa: a orelha do homem tá pegando fogo depois dessa. Haja criatividade! — Sorri, discreto. — Já pensou na possibilidade de ele ser só uma pessoa reservada e não alguém que chora no banheiro e estoca sangue de virgem num porão?

— Nem passou pela minha cabeça... — Ela atacou o drink recém-chegado antes de tornar a falar. — É, tem razão, pode ser chatice dele e mais nada. Talvez ele seja mais sério do que você.

Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora