36 | Poder monetário

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"O nosso poder é monetário
E ela se amarrou no empresário"

("Poder monetário", Luxúria)

O aniversário de dez anos da VacchianoServ começou com um estouro

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O aniversário de dez anos da VacchianoServ começou com um estouro. Literalmente. Takahashi caprichava quando o assunto era agitar uma festa. Tinha altos contatos e altas ideias.

Fora difícil convencê-lo de que um bolo gigante, com uma stripper saindo de dentro dele para cantar parabéns — no estilo da Marilyn Monroe —, não seria uma escolha adequada para todas as idades, nem para o evento.

Tirando as extravagâncias do Yudi que não dava Playstation 2, o evento correu calmo, comedido feito funeral — o que não chegava a ser um defeito.

Não me importava com a festa virando um enterro. Até gostava da calmaria, dada a montanha-russa que minha vida se tornara. Mas nem tudo são flores e os desgostos vieram em pares.

Como a ocasião exigia um anfitrião cortês, passeei de mesa em mesa, de aglomerado em aglomerado, de subgrupos em subgrupos. Afinal, receber quem viera me prestigiar era o mínimo que poderia fazer.

A pior parte dessa jornada, entretanto, fora cumprimentar os gêmeos Blair. Charles e Christopher eram os mais insuportáveis expoentes do universo empresarial do momento — talvez da história. O par de sósias do Henry Cavill só não era mais mala por falta de espaço.

O mundo dos CEOs era um lugar hostil por natureza, mas nós conseguíamos chegar num consenso quando o assunto era detestar os Blair.

Tinham um rei na barriga, uma autoestima da porra. E não eram nem a metade do que juravam ser. Ainda havia o orgulho, a força do nome, a honra dos Blair. A vontade de gorfar longe ao avistar aqueles engomadinhos arrogantes...

A maior parte das famílias listadas como as mais relevantes do setor industrial eram compostas herdeiros de imigrantes das mais variadas origens. Ninguém se impressionava com sua "herança escocesa" além deles mesmos (e dos puxa-saco).

Eba! Parabéns pelo sobrenome estrangeiro exótico... Agora superem.

Alerta de spoiler: eles não superavam. Não superariam tão cedo.

Para piorar, ainda se reproduziam feito coelhos. Contudo, só passavam o bastão da presidência do Grupo Empresarial Blair para os "machos alfa" da família. O cúmulo do absurdo.

Charles, por exemplo, tinha seis filhas e pouco ligava para as meninas. Seus olhos só se iluminaram quando o caçula nasceu. Carregava o bebê para cima e para baixo, apresentando-o a quem quer que passasse pelo seu caminho.

O menino, chamado Michael, coitado, virara uma peça de exposição para o pai com Síndrome do Rei Leão. Dava dó.

Vai crescer ouvindo podcast de finanças, mimado pra cacete, pra depois assumir a empresa, se casar com uma galega e tirar uma xerox em forma de filho. O modus operandi dos Blair seguia uma fórmula mais fixa do que receita de bolo.

Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora