+18 | Completo | Dizem que dois bicudos não se bicam e isso fica claro para Ítalo quando, em seu primeiro dia como porteiro de um condomínio de luxo, conhece Luciana, uma moradora provocante que o tira do sério só de respirar. Entre tapas e beijos...
"Eu quero ficar com você Mas chega de namoro escondido Eu quero ficar com você Mas nada de romance proibido Larga esse cara agora pra ficar comigo"
("Tudo ou nada", Nosso Sentimento)
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Ela ainda estava largada sobre mim quando acordei. Minha mão, com vida própria (mais esperta que eu), repousava sobre sua bunda. Sua cabeça mantivera-se apoiada em meu peito.
Quem dera eu pudesse acordar assim todo santo dia... Permiti-me sonhar. Até então, era de graça.
Ainda deitado, olhei de soslaio para os arredores, desorientado. Que horas são? O quarto tá meio escuro.
As persianas abertas pouco faziam diferença. Lá fora, o sol não havia despontado no horizonte, não havia claridade o suficiente para acordá-la.
Arrisquei-me numa tentativa de sair da cama sem acordar a bela adormecida.
Falhei.
Ela esticou o braço e aninhou-se, impedindo-me de mexer meu corpo. Eu não me levantaria sem sua permissão pelo visto.
— Você sempre acorda cedo assim? — Luciana ergueu a cabeça para me questionar.
— Um dia, sim, no outro, também — esclareci. — Tento sair do fuso horário de porteiro, mas ele nunca sai de mim.
— Então essa história de porteiro é pra valer mesmo? Não é invenção de rico entediado?
— Lamento trazer más notícias — apelei, exagerando no tom fúnebre —, mas é apenas um delírio coletivo e em breve nós buscaremos conhecimento para desafiar a Matrix.
— Abestalhado — resmungou. — Eu aqui querendo te entender...
Bate-papo na cama nunca foi meu forte — nem sequer havia tentado antes —, entretanto, Luciana era um caso à parte. Fora pioneira em tudo, inclusive nas conversas fiadas e revelações acerca de assuntos mais sérios ao amanhecer.
Com seu jeitinho manhoso, ela me contornava. E, por mais que eu soubesse de suas intenções, me jogava ao mar, me afogava nas ondas do seu cabelo — cujos cachos se enroscavam em meus dedos enquanto eu os acariciava.
— Já fui porteiro em tempo integral, antes de ter capital pra abrir uma empresa — contei-lhe. — Agora sou porteiro ocasional, por assim dizer.
"Estabeleci altos padrões desde o início da empreitada. Sob meu comando, não quero trabalho malfeito. Por isso, gosto de vistoriar a prestação dos serviços de perto.
"Voltar a ser porteiro por alguns meses foi o melhor método que encontrei. Fico de olho em tudo e todos. É assim que flagro uns malas iguais ao Arnaldinho.
"Confio no meu julgamento... na maioria das vezes.
"De preferência quando não tenho uma moradora me alugando e atrapalhando o cumprimento dos meus objetivos."
