45 | Vá pro inferno com seu amor

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"Amei demais, você abusou
Meu coração você maltratou
Tudo o que fiz você zombou
O que eu era nem sei quem sou"

("Vá pro inferno com seu amor", Milionário & José Rico)

("Vá pro inferno com seu amor", Milionário & José Rico)

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Duas broncas. Expressei minhas pendências com essas palavras. Dependia disso para transformar meu "talvez" num "sim". Faltavam poucos obstáculos para, enfim, ter uma segunda chance na vida.

Ítalo, com aquele ar sério, ofereceu apoio moral e ainda se dispôs a ir comigo, receoso de que eu recebesse mais dano do que pudesse processar sozinha.

Entretanto, apesar de suas preocupações serem válidas, aquilo era algo que somente eu poderia (e deveria) resolver caso quisesse retomar minha independência para valer.

— Oi, filhota! — Sorriu e cumprimentou-me com um par de beijos estalados na bochecha. — Como anda? Tá com uma cara boa — atestou ao agarrar meus ombros e sondar meu semblante.

— Radiante — afirmei. Fora a resposta mais honesta que eu lhe dera em décadas.

— Coisa boa! — Envolveu meu rosto com ternura. — Vou me arriscar — anunciou. — Essa alegria só pode vir de uma coisa. É impressão minha ou temos um bebê a caminho?

Um filho? Com Leandro? Deus me livre!

— Passou longe — comentei, mantendo a compostura a pulso. Mordi a língua para não dizer que preferia um aneurisma a ter algum elo (além da certidão de casamento) com aquela praga.

— Uma pena. Você é a única que ainda não me deu um netinho. O relógio biológico não perdoa, sabe? — Ela jogou a indireta. — Mas tenho certeza de que sabe disso e logo mais teremos um anjinho galeguinho dos olhos azuis — especulou. — Falando em olhos de anjo, como passa o maridão? Tá tudo bem?

— Sei lá — disse, seca, com a paciência escorrendo pelo ralo.

— Como assim "sei lá"? — Ela cruzou os braços, abandonando aos poucos o teatrinho de saudades da filha querida.

— Não passei a semana em casa.

A empolgação efêmera desmoronou de uma vez por todas, sua cara de pau rachara.

Luciana — enunciou, enfática, severa —, não me diga que logo agora você começou a inventar moda... Fugindo de casa nessa idade? Já não era bonito quando era mocinha... Além do mais, isso não é hora de voltar a pirraçar!

— Não se trata de moda ou pirraça. — Cortei aquela conversa. — Se trata de fazer o que eu quero, ser sincera comigo, enquanto há tempo. "Depois" pode ser tarde demais.

— Lá vem com essa história de novo. — Meneou a cabeça, reprovando minha postura. Pra variar. — Pensei que sua fase "rebelde" tinha passado.

— Mãe, não é uma fase. Nunca foi. É quem eu sou.

— Sempre fiz o melhor pra você e suas irmãs! Sempre dei o melhor de mim pra que minhas meninas fossem grandes mulheres, grandes esposas e mães. Sempre!

Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora