18 | Renata ingrata

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Retirei as duas peças da lingerie, coloquei a gladiadora de oncinha e desci as escadas lentamente, aproveitando-me da atmosfera de suspense para elaborar uma segunda entrada triunfal com aquele vestido

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Retirei as duas peças da lingerie, coloquei a gladiadora de oncinha e desci as escadas lentamente, aproveitando-me da atmosfera de suspense para elaborar uma segunda entrada triunfal com aquele vestido.

A luz da cozinha acesa me indicou onde Leonardo fora parar. Distraído, tomando um copo d'água, espantou-se comigo e deixou o copo cair. Deslumbrado demais para se ocupar com a água perdida, desviou do vidro estilhaçado, parou a minha frente e bateu palmas.

— Sua bandida, você merece um prêmio! — Gargalhou em seguida. — Quer saber de uma? — Ele se aproximou e ajeitou as alças do meu vestido. — Ficou perfeito, igual à dona. — O elogio me alvoroçara.

Os olhos azuis cintilavam, alternando a atenção entre o meu rosto e suas mãos. O olhar seguia o movimento de seus dedos, que desciam, contornavam os nós brilhantes, paravam nos bicos dos meus peitos e os enrijeciam.

Meu corpo advogava contra mim. E Leonardo viera pronto para descontar o atraso. Eu fora seu paraíso proibido até aquele dia. Não por ser esposa de seu irmão, mas por nunca ter encontrado brechas — momentos a sós.

De fato, não tinha dó nenhuma de Leandro e nem deveria ter (ele sabia o quanto o outro me destratava, nunca escondera suas opiniões e sempre tomava meu partido em discussões).

Além do mais, para ele, o lema era "irmão, irmão, negócios à parte". Neste caso, eu era negócio, um bom negócio.

O outro membro do clã de empresários Galvão, diante da receptividade do meu corpo, carregou-me até a mesa e sentou-me ali. Adotando a melhor posição para si, sugou meus mamilos feito até dizer chega.

Raçudo, ele não precisara de remédio milagroso e dispensara proteção (o que me alarmou um pouco e depois se desfez na mesma velocidade). Sob o céu de sua devoção, eu me rendia outra vez à percepção de ser irresistível e importante para alguém.

Nunca fora sobre tamanho (um mal de família, pelo visto), era questão de jeito. Leonardo tinha jeito. Segurava minhas pernas sobre os ombros com firmeza e controlava a velocidade das estocadas como um profissional.

A mesa reclamava da movimentação suspeita sobre ela. Uma parte de mim se preparava para alcançar o nirvana. Estava tão pronta para abandonar meu corpo quanto os gemidos altos que escapavam pela minha boca.

No entanto, outra parte de mim me alertava a respeito do porvir. A princípio, não a dei ouvidos. Depois, quando ouvi, ignorei.

Deixei o interfone tocar, estava ocupada. Entregas ou outras ninharias podiam esperar. O toque morria enquanto eu me sentia cada vez mais viva.

Ao sentir um princípio de orgasmo, reuni minhas forças para erguer-me e agarrar-me no pescoço de Leonardo para tascar um beijo no ordinário. Ele merecia este agradecimento.

Então, nesse processo, quase revirando os olhos de prazer, mas os mantendo abertos o suficiente para enxergar o que estava fazendo, eu o vi. Emudeci.

Minha garganta secou. Ítalo estava parado diante de nós, com seu semblante soturno agravado pelas notas de decepção em sua face.

— O vizinho de baixo interfonou pra portaria e reclamou do barulho. Se puderem tomar cuidado e manter a boa convivência, agradeço. Só lembrando, é importante respeitar as regras do condomínio. — Ítalo pronunciou o aviso como um robô, destituído de qualquer sentimento. — E a porta estava aberta. É sempre bom conferir. Nossa equipe de segurança é altamente qualificada, mas nunca se sabe quando alguém pode entrar de fininho... — orientou-nos. — Tenham um ótimo início de noite — desejou sem o mínimo de autenticidade.

Ítalo girou sobre os calcanhares e se retirou deixando um climão pesado para trás — ao menos para mim. Ele parecia tão desapontado, mas tão desapontado, que a culpa recaída sobre meus ombros pesou uma tonelada.

Foi como se eu houvesse dado um tiro no meu próprio pé. As conquistas alcançadas após tantas tentativas frustradas entraram pelo ralo, sumiram. Por que eu tinha de ser assim? Por que eu insistia em arruinar minha vida com escolhas impulsivas?

Era como se eu atirasse um raio avassalador nas coisas importantes para mim. Minha faculdade, meu emprego, meus amigos... meu porteiro. A onda de anti-felicidade arrebentara aos meus pés. Acabara de perder outra pessoa decente.

O poeta tinha razão. Plantei sacanagem e, em breve, colheria solidão. Completa solidão.

Perdi todo e qualquer tesão, pedi desculpas a Leonardo e subi correndo para me trancar no meu quarto. Escondi-me debaixo dos lençóis da cama king size, que me parecera enorme e ainda mais solitária do que de costume.

A cama de casal há muito não abrigava um casal. E, no momento, nem mesmo servia para confortar minha angústia.

Ítalo se fora, com cara de quem nunca mais me dirigirá uma palavra sequer, esta era a presente realidade. O ar fugia de meus pulmões. Eu sufocava sob o peso das minhas más decisões.

A Luciana Salafrária é o misto de amor e ódio da autora, não dá nem pra esconder 💀

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A Luciana Salafrária é o misto de amor e ódio da autora, não dá nem pra esconder 💀

Próximo capítulo vamos de menino Ítalo pra descansar das armadas da minha malvada favorita (^人^)

Votem, comentem, mandem sinais de vida pra autora não achar que tá escrevendo só por surto 💙

Beijos mil,

E. Black'


Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora