13 | Vida vazia

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Mulher tem data de validade, não é mesmo? Principalmente as mulheres envolvidas com esses tipinhos prósperos cujo dinheiro orbita entre "mulheres, automóvel, mulheres, iate, mulheres, mansões, mulheres"

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Mulher tem data de validade, não é mesmo? Principalmente as mulheres envolvidas com esses tipinhos prósperos cujo dinheiro orbita entre "mulheres, automóvel, mulheres, iate, mulheres, mansões, mulheres". * Homens que gastariam 100 mil dólares por dia para sustentar esses prazeres.

Leandro integrava esse grupo de ricaços medíocres. Entretanto, apresentava requintes de crueldade particulares. Em vez de arranjar namoradas descartáveis, a exemplo de seus companheiros, ele se casava com a bola da vez. Ao seu modo, as descartava antes do prazo. Excluía as esposas antes mesmo do fim do matrimônio.

Comigo não foi diferente. Ele não me dera o benefício da "maldição dos 25 anos". Ao completar 24, me tornei peça obsoleta. Um item de decoração da casa. Um adorno para exibir aos amigos nos eventos e depois empurrar para

Meu destino era o "canto das novinhas", uma roda de conversa composta pelas jovens namoradas dos papais de açúcar e assim apelidada pelos funcionários do banco.

Agora, dentre as paquitas — o esquadrão de meninas loiras que atingiram a maioridade outro dia —, eu era a mais velha. Uma múmia de 27 anos recém-completados. Nunca fiz questão de me encher de silicone, Botox, ácido hialurônico, harmonização facial e afins. Com isso, parecia mais idosa ainda.

As conversas construtivas também não me ajudavam. Nem quando mais nova eu conseguira acompanhar as novidades do pop e as fofocas de celebridades. Não seria agora que eu começaria a me ocupar com tais assuntos.

Então eu ficava ali com elas, de castigo, só existindo. O corpo presente, a alma flutuando.

Casar-me com Leandro se consolidara como o maior erro da minha vida.

A maioria das minhas amigas me abandonou por pensar que eu traíra (o movimento) meus princípios e menosprezara os anos de trabalho duro em troca de ser sustentada por um velho rico com o dobro da minha idade.

Não as culpo. Se eu tivesse do lado de fora, pensaria o mesmo.

Minha família não ficou para trás. Recebi parabéns, porém, não pelo casamento. Os parentes, dos próximos aos distantes, me parabenizaram por ter "fisgado um partidão", "garantido a pensão" e "apanhado uma porção da herança".

Queria eu ter me casado por interesse... Pouparia muitas dores de cabeça. Evitaria a árdua tarefa de lidar com um marido que não me ama há tempos.

Benefícios daquele matrimônio? Não os encontrava. Somente pairava sobre a minha cabeça uma nuvem cinza de "quebrei a cara".

 Somente pairava sobre a minha cabeça uma nuvem cinza de "quebrei a cara"

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Leandro também quebrou a cara comigo. Quebrou feio. Esse era o meu consolo.

Pode parecer mesquinho, infantil até, mas eu me divertia com a ideia de ser capaz de pagá-lo com a mesma moeda, infernizar sua vida e torná-la tão infeliz quanto a minha.

Na última aventura de provocações, eu chutara o pau da barraca com força. Provoquei um fuzuê tanto no seu ambiente de trabalho quanto em casa.

Para piorar, sumi na noite e voltei no meio da madrugada, ainda um pouco alcoolizada, depois de cochilar na guarita apenas para o encontrar me esperando na sala, sob a luz dum abajur, idêntico aos filmes — quando um pai flagra a filha chegando após o horário combinado.

A briga fora esperada. E intensa. Ele apontou o dedo para mim, berrando, e eu o presenteei com um ruidoso tapa na cara. Entramos num bate e rebate de defeitos, das falhas cometidas naquela semana.

Ele trouxe o assunto da festa a cada brecha minha, fazendo dele um assunto recorrente. Revidei com a indiferença dele na minha festa. Ele fingira não me ouvir. Típico dele.

Mais do que nunca, eu quis evaporar daquele apartamento, ir para qualquer lugar, recomeçar a minha vida. Do zero, que fosse. Contanto que eu estivesse longe, as coisas correriam nos conformes.

Era uma pena que eu não podia fugir dali dessa forma. Havia mais em jogo do que somente um casamento em frangalhos.

Então eu fiquei e o ouvi. Chorei igual a uma condenada, deixando a raiva enclausurada fluir pelas minhas lágrimas. Trocamos insultos até a exaustão.

Apaixonar-se por um CEO só é bonito nas fics. A vida fora da ficção é algo completamente diferente.

A realidade jogara um balde de água fria na Luciana de 13 anos e destruíra o sonho de ter um empresário para chamar de seu. O meu CEO do BDSM — Banco do Desenvolvimento Social Microrregional — era um grande cuzão. Não valia um centavo, que dirá a devoção de um coração.

No fim, terminei dormindo no sofá e acordando antes do amanhecer. O cochilo no colo do meu porteiro favorito bagunçara o meu sono. Ele tinha me bagunçado também. E agora, às quatro da manhã, não conseguia pensar em nada além dele.

A necessidade de vê-lo outra vez apertava meu peito. Embora a discussão extensa houvesse drenado minha energia, e em hipótese alguma eu conseguiria parecer sedutora naquele estado, o desejo de pelo menos ficar ao seu lado me moveu em outro ato inconsequente.

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Não esqueçam de comentar e votar, boatos de que isso faz a autora ser fofa com os personagens (. ❛ ᴗ ❛.)

Beijos mil,

E. Black'


[*] Fala icônica soltada no desenho do Pica-pau



Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora