2 | Mulher do patrão

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"Sedutora, ela chega roubando a cena. Quando chega lá no brega, é causadora de problema."

("Mulher do patrão", Mc Vertinho & Mc Dinho)

 ("Mulher do patrão", Mc Vertinho & Mc Dinho)

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A culpa foi minha. Tentei fisgar o protetor da lei e da ordem do condomínio. Um pamonha!

A atual empresa terceirizada responsável pela segurança e serviços gerais da rede de condomínios Sildenafille — clientes de longa data do meu marido — fechara contrato com o grupo há menos de um ano. Era responsável pela maioria dos funcionários do condomínio, dos porteiros aos seguranças. O pré-requisito para conseguir um emprego nela? Apresentar beleza no currículo. O entrevistador deve passar bem.

Arnaldo, por exemplo, era um colírio para estes olhos cansados de ver o frouxo do meu marido. O preguiçoso ultimamente andava se deitando na cama, dando um "boa noite, querida" e caindo no sono em questão de segundos, sem nem me fazer um carinho.

Aliás, carinho, vindo daquele ali, virara um item raro. No máximo, eu ganhava um beijinho na testa, acompanhado de seu sorriso amarelo de tanto fumar escondido — achando que eu não o via através das cortinas translúcidas. Isso quando ele estava de bom humor. Na maioria dos dias, ele me dava o mínimo.

Era como morar com uma pedra de gelo. Dividir a vida com ninguém.

Então comecei a buscar água em outras fontes. Divertir-me ao menos um pouco. Ainda que fosse com estranhos que eu jamais veria a cara outra vez.

Num desses dias, nos quais a procura da noite não rendera em nada e voltei pela manhã — já sóbria e amargurada —, reparei no moço da portaria. Tão bonito e aprumado... Dava para ser modelo. Ou, pelo menos, algo mais. Algo meu. Então me aproveitei da situação para fisgar aquela bela criatura. A ocasião faz o ladrão, não é?

Apresentei-me, conversamos, trocamos contatos, saliva e por aí em diante. Arranjei um amante fixo e discreto. Sigilo absoluto. Difícil de achar.

Arnaldinho, meu Dinho, era um sonho. Precisava ser. Afinal, também era casado e a discrição valia muito para ele. No entanto, isso não vem ao caso.

O caso, no momento, era a minha carência. Uma semana sem meu Dinho para aliviar o estresse me fizera subir as paredes. Isso lá era hora de cair de moto e me deixar desamparada? Tenho as minhas necessidades.

Estou há zero dias sem me emputecer por falta de sexo. Meu recorde: zero dias. Como não soltar fogo pelas ventas, confinada nesse mundinho de boneca de luxo, sendo mulher troféu de um banqueiro?

Ainda por cima, para piorar meu humor, sentia falta da atenção de Dinho. Carinhoso, sempre me cobria de beijos, abraços e conversas sussurradas. Lembrava-me dos dias preciosos do passado, nos quais o homem que me usava como boneca inflável a cada três luas ainda me tratava feito gente.

Meu marido fora atencioso assim por um tempo. Do início do nosso namoro até os primeiros meses de casamento, fui sua preciosa. Quando nos conhecemos, Leandro se mostrava tão apaixonado. Um sonho de consumo.

Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora