50 | Criou raiz

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"Nesse abraço se fez um ciclo
Que não tem fim e é todo o meu viver
É como alcançar o infinito
Reflete em mim e volta pra você"

("Ciclo", Jorge Vercillo)

Os amigos da onça me levaram ao Rainha do Mar, a maior (também a mais luxuosa) boate de strip-tease da capital

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Os amigos da onça me levaram ao Rainha do Mar, a maior (também a mais luxuosa) boate de strip-tease da capital. Era provavelmente a segunda ou terceira vez que eu punha os pés ali. Nunca fez o meu estilo.

O local tinha toda uma temática de vida marinha, figuras mitológicas e mulheres fantasiadas, incógnitas atrás de suas contas, conchas, pérolas e máscaras. Um lugar bonito, decerto. Mas esse quê de mistério não mais funcionava para mim.

Eu só queria a minha diabinha, mais nada. Então me arrastei pelo corredor enquanto os demais seguiam para a sala que reservaram, no intuito de ficar para trás até eles ignorarem a minha presença e eu conseguir uma abertura para fugir.

— Anda, Vacchiano! Larga de drama! — Dubois me pegou pelo braço, ao perceber meu retardo intencional, impedindo-me de pôr meu plano em prática.

— Olha quem fala — retorqui, emburrado. — Não tenho culpa de vocês estarem me levando pra uma cilada dessas. Ideia de merda, viu, meus parabéns. — Torci o nariz ao franzir os lábios.

— Desfaz essa cara feia, meu santo — apelou Takahashi, encurralando-me pelo outro lado e apertando minha bochecha. — Ninguém tá te levando pra vender um rim no mercado clandestino.

— Pois eu preferia um rim a menos — resmunguei entre dentes.

— Vacchiano, deixa pra virar cidadão de bem depois de casar — orientou Asimov.

— A gente sabe que cê é certinho, irmão. Mas relaxa aí, vai — apelou Hoffmann. — Colabora.

Comecei a pegar no pé deles, tocando nos pontos fracos, pretendendo irritá-los o suficiente para caírem no soco e, consequentemente, esquecerem do propósito de estarmos ali. Assim, me aproveitaria da confusão para ir embora. Tudo certo.

No entanto, os miseráveis me conheciam até demais. Mostraram-se imperturbáveis. Mesmo as entradas de Juninho e o chororô de Jean surtiram zero efeitos. Além do mais, com Dubois de à minha direita e Takahashi à esquerda, tornou-se impossível escapar.

Nós seguimos reto por um tempo considerável, parando apenas para adentrar uma sala escura com pouquíssimos assentos. Uma das reservadas, logo deduzi.

À base de pressão, sentaram-me numa cadeira ampla, semelhante a um trono. Luzes de fundo, num tom de azul-marinho, se acenderam.

A iluminação etérea revelou um palco amplo com um poste ao meio. Uma cortina perolada se abriu e dos bastidores saiu uma mulher mascarada, com um chapéu enorme e um terno azul esvoaçante — um peculiar cosplay de IZA.

À medida em que ela avançava, eu lançava olhadelas para os meus amigos. Eles pareciam estar se divertindo demais às custas do meu suplício.

Achando pouco, quando a moça chegou ao poste e eu dei a derradeira olhada de esguelha percebi que eles estavam saindo de fininho, me deixando sozinho naquela cilada. Ainda por cima, pude ouvir o estalar da porta sendo trancada.

Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora