47 | Só você

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"Para pra pensar se a gente é acidente
Se foi por acaso que o beijo rolou
Deve ser coisa de Deus na minha frente
Porque de tantas bocas a nossa encaixou

Você nem precisa preocupar
Amores eu vivi, mas todos me levaram a você
Esse tal amor que eu nunca vi enfim chegou

Só preciso de você, só você
E dando aquela sentada
Seu bumbum me faz querer, sem querer
Querendo te ver pelada"

("Só você", MC G15 e Dennis DJ)

Ela passou por mim, linda e cheia de graça, quase desfilando, a caminho do mar com seu biquíni amarelo de bolinhas

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Ela passou por mim, linda e cheia de graça, quase desfilando, a caminho do mar com seu biquíni amarelo de bolinhas. Amarelo vivo, da cor do pecado, contra o marrom reluzente de sua pele.

Em verdade, ela era o pecado, a encarnação da luxúria. Para agravar o caso, ela sabia a extensão da própria beleza, sabia que atrairia meu olhar e me faria cair em tentação.

A manhã correra numa inabalável calmaria até o momento. Foi só ela chegar, arrebatadora feito uma pancada de chuva com ventos arrasadores, que agitou meu dia.

Ela veio em minha direção, toda malandra, com a peste daquele biquíni amarelo tão pequeno que caberia (e eu queria) na palma da minha mão.

Nem deu uma chance para saída de praia ou canga. Nem me deu uma chance de recuperar o fôlego — perdido ao observar o reflexo de seu rebolado no espelho — antes que ela dissesse:

— Bom dia! — Cumprimentou-me com um sorriso de orelha a orelha. — Você é novo por aqui, né? — perguntou, debruçando-se sobre o parapeito da janela da guarita para bisbilhotar o que acontecia dentro da portaria.

— Sim, senhora — confirmei, retribuindo aquele lindo sorriso. Seria um crime não o fazer. Sem perder tempo, aproveitei a deixa e a informei: — A senhora tá ciente das normas de conduta do condomínio, correto? Sabia que é proibido andar nas áreas comuns só com traje de banho?

É claro que ela sabia. Aquele rostinho bonito não me enganava.

— Ô, é mesmo. — Ela levou a mão à testa, teatralmente, fingindo ter se esquecido. — Ando meio desligada, mil desculpas.

Mergulhei de cabeça no teatro e segui o roteiro.

— Agora que a senhora já relembrou, espero que tenha mais cuidado na próxima vez. Se isso ocorrer novamente, vou precisar envolver o síndico e o meu patrão também. Sou novo nesse emprego, não posso fazer vista grossa com quem descumpre regras. Caso alguém me pegue, sou demitido na hora. Justa causa e tudo mais.

O sorriso se desfez e ela fez beicinho, fingindo tristeza e preocupação. Sua péssima atuação fora digna de um Framboesa de Ouro. Mesmo assim eu quis mudar o tom e ser mais amigável.

No entanto, ela se adiantou e anuiu, prometendo se comportar. Piada, né? A cara de atentada da desgramada a denunciava. Na próxima, ela vai sair pelada cheia de brilho no corpo, estilo Globeleza, só pra provocar. Isso eu nem cogitava, era quase uma certeza.

Meu CEO PorteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora