Capítulo 56

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Hoje mais cedo eu estava procurando um fone para gravar, mas não achava em nenhum lugar. Já tinha revirado meu apartamento inteiro, mas a única coisa perdida que achei foi um casaco. Eu lembro da semana passada, quando a Lu veio aqui. Isso é dela.

Eu estava num evento do Youtube e estou voltando agora. Deixei o casaco no meu carro, assim já vou deixar na casa dela, já que é no caminho.

A Manu me disse que sua casa era por aqui.

Era mais facil ter mandado uma mensagem e entregado qualquer outro dia, mas não consigo evitar o fato de gostar da sua compania.

- Alguém em casa? - Gritei depois de bater na porta.

Alguns segundos depois, ela abriu a porta.

- Lucas? - Ela questionou num susto assim que me viu. Estava com um avental branco. E um pincel em suas mãos, cheio de tinta. Azul para ser mais específico, e suas mãos manchadas.

- Oi, Lu! - Disse em um sorriso.

- Ah, entra. - Ela disse me dando espaço para entrar.

- Você esqueceu isso em casa. - lhe entreguei o casaco.

- Eu pensei que tinha perdido. Obrigada! Mas não era melhor só mandar uma mensagem? Você me entregava qualquer outro dia ao envés de vir aqui só pra isso.

- É, mas... eu gosto de estar com você. Parece que você gostou mesmo do presente né. - Mudei de assunto observando a tela num cavalete, no meio da sala.

Tudo parece tão "limpo". As paredes brancas, o sofá e as cortinas também. O tapete era um pouquinho mais escuro, e macio, e emcima dele, tem a mesa de centro, de vidro. Logo na lateral, perto da janela, há uma mesa branca também, assim como as quatro cadeiras em cada lado dela. Os "pés" da mesa são de madeira, e das cadeiras também. Tem um pequeno vaso com uma planta no meio. A coisa que mais chamava atenção ali era a tv na parede. Com a tela preta por estar desligada. O corredor que provevelmente dá para o quarto, banheiro e cozinha está meio escuro. As luzes de lá estão apagadas.

- Sim, muito! E essa é a minha casa. - Ela disse num sorriso.

- Essa casa não parece da Luana que eu conheço.

- É, eu também acho que tá branca demais, mas talvez isso se resolva se eu voltar a pintar. Vai ser legal espalhar quadros por aqui. - Ela disse observando o lugar.

- Você ainda não sabe se vai voltar mesmo a pintar?

- Acho que sim. Confesso que dois anos sem praticar tiveram alguns resultados negativos mas... quase imperceptíveis.

- Você é tão boa nisso. - Disse observando a tela que estava no meio da sala.

- Obrigada. - Ela riu fraco.

- E faz tempo que você está aqui?

- Mais ou menos. Um ano.

- E o que acha de morar sozinha?

- É bem... silencioso. Eu gosto. Eu posso fazer o que eu quiser, andar no sofá, dormir na sala, assistir o que eu quiser, passar dias sem lavar a louça... Eu posso gritar. - Gritou, o que me assustou. - e ninguém vai se preocupar.

- E os vizinhos não se imcomodam? - Perguntei rindo e ainda meio assustado pelo seu grito alto e repentino.

- Sei lá. Eles são todos mais ou menos da minha idade e não estão nem ai para nada. - Ela disse de forma positiva.

- E deixa eu adivinhar... você já é amiga do entregador de comida por pedir todos os dias?

- Acertou! - Ela disse voltando a pintar. - Eu poderia até ter aprendido algo, mas até nos sabados eu trabalho. Gosto de descansar o fim de semana e acho que pintar ajuda também.

- Você trabalha até nos sábados?!

- Sim, mas a no sábado, a maioria das vezes eu trabalho a metade do dia, não o dia inteiro como o resto dos dias. - Ela disse sentando no sofá e largando o pincel emcima da mesinha de centro.

Sentamos no sofá e voltamos a conversar. Rindo e falando sobre coisas do nosso dia a dia. Isso é muito bom.

- Mudando de assunto, o meu quarto é até que diferente dessa sala, quer ver? - Lu questionou.

- Sim - Respondi curioso.

Fomos até o seu quarto, e realmente é diferente.

- Agora sim isso é mais parecido com você. - Disse entrando no quarto.

- Pois é. Eu mudaria muita coisa mas por enquanto dá pro gasto.

Eu caminhei até a mesa onde havia o computador, e observei as fotos naquela parede, são diversar polaroides coladas. Fotos da Lu, dela com o Vini, os irmãos e até uma foto da sua mãe. Elas são muito parecidas. Mas a foto que mais rápido me chamou atenção foram três, mais para o canto de todas as fotos.

Em uma, era eu e ela, outra era eu, ela e a Manu e a terceira era só ela e a Manuela.

- A gente? - Questionei apontando para a pequena foto em que eu e ela estavamos.

Eu lembro de quando tiramos a foto. Na imagem nossos rostos estão bem juntos. Ela estava de olhos fechados e sorrindo, com seu rosto virado para a câmera, e eu dando um beijo em sua bochecha, com o braço esticado tirando a foto. A foto foi tirada com o flash, lembro que estavamos em uma festa no dia.

- É... a gente. - Ela sorriu fraco.

Já na foto com a Manu: ela e a Lu estavam sentadas no sofá, com caras de como se fossem "rainhas", e eu diante deu seus pés revirando os olhos. Elas amavam fazer esse tipo de coisa, e eu fingia que me irritava, mas na verdade só achava engraçado e levava tudo na brincadeira (quando não passava dos limites, porque a Manuela abusa, só não passava porque a Lu sentia pena).

- Eu lembro dessas fotos. - Comentei.

- Pois é... - Ela disse se aproximando. - Se você tivesse um poder, qual seria?

A Luana que fala as coisas mais aleatórias acabou de voltar.

- Voar. - Disse achando engraçado.

- E eu voltar no tempo. - Ela disse observando as fotos. - Mas talvez a gente possa voltar no tempo, quando vocês ainda estão aqui.

- Talvez a gente possa. - Disse estendendo a minha mão.

- A gente pode. - Ela virou de frente para mim, e bateu ma minha mão assim como eu bati na dela. Depois ela sorriu e eu não pude deixar de fazer o mesmo. - E é só nessa parte que a gente pode volar?

- Como assim? - Perguntei fingindo estar confuso.

- A gente volta só na parte em que eramos apenas amigos?

Quando percebi, já estávamos tão proximos ao ponto de ouvir nossas respirações. Meus olhos não saim de seus lábios, e eu percebi que os seus não saiam dos meus. Eu quero fazer isso...

Mas pensando bem, é melhor não. Me afastei.

- Lucas?... Ah, deixa pra lá. - Ela disse.

- Pode falar.

- Não. Não era nada. - Ela disse sem me olhar.

- Certeza?

- Você está me deixando confusa! - Ela se afastou mais, mas dessa vez, me olhando.

- Mas... sobre o que?!

Ela saiu da minha frente, e eu pude ouvir o barulho da porta principal. Fui atrás dela, na rua e ela estava caminhando, parecia ser sem rumo e já estava meio longe de mim. Eu comecei a ir atrás dela até que lhe perdi de vista.

Sunset - (T3ddy)Onde histórias criam vida. Descubra agora