Capitulo 51

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Entrei no meu carro, e apenas o estacionei um pouco mais a frente de onde estava. Assim, talvez a Fernanda não perceba que ainda estou aqui.

Olhei para a janela, tinha como ver a casa da Manuela. Como desde a primeira vez que vi. Não há nada mudado. O pequeno vaso de plantas pendurado no teto, caido perto da janela. Uma escadinha para entrar na varanda, o tapete verde claro perto da porta, janelas de vidro e as cortinas de dentro, brancas. A Manu sempre foi alguém mais... diferente, ou chamativa. Por isso a sua casa é a que mais chama atenção nessa rua, principalmente por ser a única casa da cor rosa por aqui.

Pensando sobre ela, confesso que sinto a sua falta. Nossas conversas, noites de filmes...

- Como assim vocês ainda não se beijaram? Ele está simplismente na sua cola! - Ela dizia sempre que eu voltava de um encontro com o Lucas.

Eu era apenas a sua vizinha, mas ela simplismente me chamou na casa dela até eu ir por conta própria sem pensar que estou incomodado.

Ela até me mandou presentes como pedido de desculpas, assim como eu fiz com o Lucas, mas acho que são apenas pedidos de desculpas mesmo. Não sei se quer voltar a ser como antes, a me chamar de "a melhor amiga tirando a minha mãe".

Foram 8 meses conversando sobre quase tudo, quase todos os dias. Ter uma melhor amiga foi legal, e eu sinto a falta dela. Assim como o Lucas. Ter um namorado não te limita também foi legal.

Os dois sempre levaram as brincadeiras da minha vó na brincadeira mesmo (o que quase ninguém fazia). Agora ela não está mais por aqui, o que ainda me dói muito lembrar. Eu sinto falta de muitas pessoas, e as vezes me culpo por isso.

Eu poderia não ter sido uma idiota e não tratar o Lucas e a Manu tão mal. Talvez eles ainda estivessem comigo agora. Seria tão bom e tão mais facil.

Eu poderia ter passado mais tempo com a minha avó. Talvez me lembrasse de muitos mais momentos bons. Eu poderia ter feito tantas coisas.

Olhei para a casa da Manu novamente, e estavam ela e o Lucas rindo e conversando sentados no chão da varanda, bebendo e tão proximos um do outro que...

Isso não é real, é só uma lembrança do que eu vi aquele dia. Depois de ter voltado extremamente exausta do hospital, depois de ter ligado inumeras vezes para o Lucas. Eu sei que pensei demais no que não aconteceu.

Fechei meus olhos, tentei relaxar, o que foi bem dificil, mas quando estava quase conseguindo, ouvi três leves batidas na janela do carro. Abri meus olhos e vi a Manuela do outro lado do carro.

Abri a porta do outro lado, e ela entrou, sentando o banco ao lado do meu.

- Manu?

- Oi, tudo bem? Está trabalhando de Uber agora? Eu estava esperando o meu.

- Ah... não. - Ri fraco.

- Eu sei. Brincadeirinha! - Disse em um tom comemorativo.

- É... eu sei.

- Bom, você não quer me contar o motivo de estar estacionada quase na frente da minha casa?

- Eu estou fugindo da minha irmã meio invasiva. - Respondi.

- Ah... ok. Fernanda. A gente teve um papo legal ontem. - Ela disse sem graça.

- Eu imagino.

- Mas eai? Como você está?

- Digamos que... na medida do possível, bem. E você? - Perguntei.

- Bem também. - Ela disse fazendo uma longa pausa. - E o Vini?

- Pelo o que eu saiba, como você. - Respondi.

- E ele... já tem alguém novo?

- Não sei se podia estar te falando isso, mas ele não namorou mais depois que vocês terminaram. - Disse lembrando do dia em que ele cantou a música mais triste da face da terra em público, e pensando na Manuela.

- Ah, nossa. Eu também não! - Ela disse animada. - Acho que vou até ligar o rádio aqui...

Uma música tocou.

- Essa música... a do filme! Eu vou chorar! - Ela disse colocando as mãos no rosto.

- Não chora. - desliguei o rádio rindo.

Sunset - (T3ddy)Onde histórias criam vida. Descubra agora