50 | Inocência

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»Jessie«

Quando a Jennie abriu a porta, respirei fundo me preparando psicologicamente para o sermão, apanhei minha bolsa do chão e entramos na casa dos meus pais.

- Oi, filho. – ela sorriu pequeno, parecia preocupada.

- Oi, Jennie. – respondi.

Ela nos guiou para o meu quarto, nós colocamos as mochilas em qualquer canto e por conta do clima pesado, tivemos uma troca de olhares do tipo que só duas pessoas muito íntimas entenderiam.

Estava desconfortável.

- Kai, você sabe que não precisa fazer isso. – sussurrei entre dentes quando ele deu um passo para sair do quarto.

- Por que eu não faria?

Ele andou um pouco mais, mas segurei seu braço.

- Você já sabe que eu não gosto que maltratem você. E-e se alguém disser algo e te deixar triste... – cocei a nuca.

Ele apenas sorriu e segurou minhas mãos.

- Eu passei por isso sozinho quando era mais novo, foi uma das Piores experiências da minha vida. Não vou te deixar sozinho, estamos juntos nessa.

Eu queria beija-lo por isso, mas segurei a vontade... Apenas apertei nossas mãos e sorri, mostrando que aquilo havia me encorajado.

Quando chegamos na cozinha, avistamos o meu pai sentado em uma das cadeiras da mesa de jantar.

- Sentem-se.

Sentei na cadeira de frente a ele, e o Kai se sentou ao meu lado esquerdo. Minhas pernas quase que tremiam de tão nervoso que eu estava, mas quando senti a mão do Kai segurar a minha, acabei me estabilizando mais.

- Querem alguma coisa, garotos? – a Jennie perguntou.

- Estamos bem, o-obrigado. – o Kai sorriu para ela, apertando meu joelho logo em seguida, mostrando pra mim que estava sem jeito.

- Está nervoso? – ele olhou para o Kai.

- N-não, senhor. – o Kai respondeu.

Ele definitivamente Estava nervoso.

- Percebi. Pode começar me contando o motivo de não falar com o seu pai? – ele desviou o olhar para mim.

- E-eu acho melhor eu voltar depois. – o Kai se levantou, mas eu o puxei para baixo fazendo ele se sentar de volta.

- Fez um discurso enorme, pra me abandonar agora? Agora você fica. – sussurrei pra ele, apertando seu joelho.
- Eu não estava me sentindo bem. Não mantive contato com ninguém. – respondi, com firmeza nas palavras.

- Você concorda que se um filho seu fica dias sem ao menos dar sinal de vida, é completamente Comum um pai ficar preocupado?

- Pai, eu sou Adulto. – cruzei os braços.

- Mas nós somos família. E filho, você não tem ninguém lá.

- Ninguém?? – franzi o cenho.
- Como assim "ninguém" ? – puxei o braço do Kai, fazendo ele ficar um pouco mais perto de mim.

- Eu já entendi. Então você nos excluiu como família? – ele cruzou os braços.

- Não imaginei que quilo chegaria em vocês. Eu... Você deve estar muito bravo comigo. engoli seco, agora evitava olhar nos olhos do meu pai.

- Estou. Estou muito bravo porque quando meu filho precisava dos pais, ele não avisou. Estou muito triste que você não tenha contado daquela briga, filho.

Eu Odeio Amar O Meu InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora