A sanguessuga de Riverford

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  Não faltavam mais do que dois dias para chegar em Ravenhill, Gilbert que estava finalmente animado por estarem chegando ao seu destino final, achava estranho que seus companheiros de viagem estarem tão estranhos. Zaila parecia paranóica, Nikolai estava perturbado e Lazarus andava irritadiço.

- Vejam bem - começou Gilbert quebrando o silêncio - gostaria de saber o que faremos quando chegarmos em Ravenhill, uma vez que os guardas costumam barrar pessoas estranhas e cobram taxas por pessoas que entram armadas.

- Agora que você menciona esse fato? - exclamou o dampiro frustrado.

- Nikolai pode entrar tranquilamente desde que não abra a boca, literalmente - provocou Zaila com um fundo de verdade.

- A senhorita engraçada tem ideia de como vai passar pelos guardas com essa cara de bruxa?! - retrucou ele.

- Bem, eu posso fazer isso - Zaila agitou a mão enfrente ao rosto e sua pele púrpura e coberta de runas passou a ter apenas a cor caucasiana, sua coroa de galhos fixados a cabeça sumiram, deixando apenas seus cabelos negros. Ela ainda era Zaila, mas uma humana comum - é apenas uma ilusão, se tocarem em mim perceberão os relevos das runas e a coroa invisível em minha cabeça.

Nikolai tinha os olhos arregalados por aquela mudança, inclusive Zaila podia jurar que o vira ruborizado, ele se voltou para Lazarus para perguntar - e quanto a você, o que vamos fazer? Sua aparência e condição real podem passar desapercebido por vilarejos só interior que já viram todo tipo de coisa, mas as pessoas de uma cidade grande podem considerá-lo um monstro.

- Eu já pensei nisso - respondeu o clérigo, puxando de dentro da sacola sem fundo uma máscara - achei isso no laboratório do Mausoléu de Zigwurd, posso me passar por um leproso, tanto para a guarda, quando para andar pelas ruas. Além disso podemos esconder nossas armas na sacola para evitarmos as taxas extras.

- Perfeito! - exclamou Gilbert.

Naquele momento começavam a cruzar uma ponte de pedra em arco sobre um rio de forte correnteza e escuro de sua profundidade. Da ponte já era possível ver a cidade de Riverford, a maior vila que visitaram nessa viagem, e ao longe após as colinas era possível discernir as silhuetas de altas torres: Ravenhill.

- Parem! - disse Nikolai ao chegarem no meio da ponte, o ponto mais alto do arco onde podiam ver a outra margem. Ele apontou silenciosamente para um corpo que estava caído aos pés da ponte, fez sinal silencioso para seus colegas aguardarem enquanto ele descia do cavalo e averiguava a situação.

Seus colegas não sabiam dizer o que, mas observar Nikolai era um tanto perturbador, não sabiam se tratar de sua sombra que se mexia em um ligeiro atraso, mas era o suficiente para seus subconscientes perceberem a estranheza. O dampiro se abaixou para avaliar o cadáver, constatando que o corpo não estava dilacerado nem nada do tipo, havia alguns hematomas no braço em forma de mãos e pouco sangue era visível no cadáver. De fato somente uma pequena quantidade de sangue ainda fresco podia ser encontrado na garganta, bem onde havia uma marca de mordida com caninos bem proeminentes.

- Temos um problema - alertou Nikolai voltando para seus amigos - há um vampiro na cidade.

- Um bom motivo para seguirmos direto para Ravenhill - disse o medroso mercador.

- Temos dois dias até Ravenhill, teríamos que passar a noite na floresta a mercê da criatura - salientou Zaila - mais fácil ficarmos na cidade, e provavelmente se esse vampiro está matando gente, deve haver uma recompensa por ele.

- É provável - disse Lazarus que descera do cavalo para investigar também - ele estava indo em direção a ponte, suas pegadas deixam a cidade. Com certeza a criatura se esconde na vila.

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