Mausoléu

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Fazia um dia e meio que haviam deixado o último vilarejo, a essa altura faltava apenas uma semana para chegarem a Ravenhill, porém todos os três que não estavam habituados a viagens longas, mesmo que o percurso não tenha sido tão monótono, agora não vêem a hora de chegar a dita cidade. Gilbert passou a estranhar o comportamento de alguns de seus mercenários, pois Zaila que se dizia druida parecia incomodada com a presença de ocasionais animais, e Nikolai que sempre era tão pomposo, parecia estar se assustando com sua própria sombra.

Todas as vezes que paravam para fazer uma refeição, tinham que racionar a ração para render durante os dias que faltavam, mesmo que Lazarus não precisasse comer, Gilbert ao saber disso passou a comprar menos comida, sempre procurando economizar ao máximo. Zaila cansada da mesquinharia de seu empregador, decidiu se por a fazer um pequeno ritual com o propósito de invocar espíritos de animais da floresta.

Enquanto ficava ajoelhada recitando seus versos, o vento passou a agitar as árvores e quase de forma imperceptível, pássaros, raposas e esquilos tão translúcidos que não eram mais do que impressões no ar, se aproximaram de Zaila. Ela proferiu comandos em língua silvestre e os animais fantasmagóricos se dispersaram com o vento.

- O que você está fazendo? - indagou Lazarus.

- Ordenei aos espíritos dos animais que procurassem por fontes de alimentos nas redondezas - apontou Zaila - cansei de comer migalhas.

Em pouco tempo o vento soprou forte na de todos lados em direção a Zaila, seu semblante era de compreensão, como se ouvisse palavras no vento - Acharam comida? - perguntou Nikolai.

- Sim, e algo muito interessante também - disse Zaila com um brilho nos olhos, se levantando e guiando seus colegas pela mata com Gilbert logo atrás curioso. Descendo um barranco encontraram escondido pela vegetação, a entrada de alguma estrutura que entrava na pedra. A passagem estava completamente coberta por raízes e vinhas, que tiveram que arrancar para avaliar melhor.

- Isto me parece um mausoléu de Zigwurd - indicou Lazarus arregalando seus olhos ao reconhecer o estilo da estrutura e seus símbolos.

- Zigwurd? O rei lich? - indagou Nikolai incrédulo - o mesmo que foi destruído a anos, e que nós por acidente destruímos a filactéria e nos libertamos da escravidão?

- Esse mesmo - respondeu Lazarus sem tirar os olhos da estrutura - estudei sobre ele antes de buscar seu artefato, ele criou vários mausoléus pelo continente, secretos, para que pudesse se esconder e se recuperar quando fraco, quase todo o continente pertenceu a ele naquela época.

- Pode haver tesouros valiosos lá dentro - indicou Nikolai.

- Acho que vale a pena dar uma olhada - concordou Zaila - temos que ter cuidado, ainda pode haver defesas, mesmo depois de tanto tempo transformando esse lugar em ruínas.

- De jeito nenhum! - gritou Gilbert - não vamos entrar aí, vocês já arrumam problemas demais! Não precisamos despertar nenhum mal antigo!

- Meu amigo - começou Nikolai com seus sorriso de charlatão - pense em quantos tesouros podemos conseguir aqui, com certeza devem valer mais que seu carregamento, podemos olhe dar mais lucro hoje do que em todo esse mês de viagem. Você não precisa vir conosco, volte para a carroça e nos aguarde.

Gilbert ficou dividido entre o medo e a ganância, mas optou por voltar a sua carroça e deixar os três fazerem o que fossem fazer, longe da vista dele e sem o incomodá-lo. O trio então se voltou para a entrada do mausoléu, todos eles eram capazes de enxergar na escuridão, mas mesmo assim isso não tirava o medo inconsciente de entrar por aquela porta com degraus que levavam mais para o fundo ainda, de onde uma corrente de ar quente e úmido soprava em seus rostos, dando a impressão que estavam adentrando a bocarra escancarada de um monstro gigante.

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