Assassinatos sobrenaturais

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A cidadela de Ravenhill que abrigava a guarda da cidade era uma estrutura de muralhas altas e mais grossas do que as da própria cidade, do lado de fora só era possível ver a torre de menagem por cima das ameias da fortificação. Situada na ala norte, não era longe do castelo da realeza, os estandartes da guarda estavam pendurados ladeando o portão principal: um corvo pousado sobre uma adaga com um fundo azul. Abaixo dos estandartes haviam guardas que fitavam de forma repreensiva para os Bastardos como quem diz "vocês não deveriam estar por aqui".

Mesmo com Nikolai e seu porte mais nobre, Zaila sobre sua ilusão e Lazarus completamente coberto se passando por leproso, seus tipos eram anormais e substancialmente suspeitos aos olhos da guarda ao perambularem pela parte nobre e rica da cidade. Ao se aproximarem do porão os guardas cruzaram lanças e deram comando de alto, os três estacaram onde estavam como ordenado e Nikolai tirou um pergaminho de sua sacola de couro e abrindo-o, mostrou aos guardas. Se tratava de um aviso fixado ao mural da taverna colocada lá por um militar chamado Tenente Harbor, solicitando ajuda dos mercenários para solucionar assassinatos em série que ocorriam na cidade.

O guarda atestou a contragosto a veracidade do pergaminho pela letra do tenente e o selo da guarda marcado no papel. Relutante, ele os guiou por dentro do quartel até a sala do tenente em questão, o guarda adentrou a sala primeiro se apresentando e avisando-o da chegada dos mercenários.

Os bastardos adentraram a sala e viram um recinto ricamente adornado com objetos militares, desde estandartes, modelos de navios, sabres bem ornamentados nas paredes assim como condecorações expostas sobre a mesa. Detrás dela estava sentado o dito Tenente Harbor, um homem jovem com o cabelo curto e bem cuidado, usava um bigode vistoso e possuía ombros largos. Ele dispensou o guarda e apontou cadeiras para os Bastardos se sentarem.

- Devo começar essa conversa dizendo que isso é um tanto embaraçoso para mim uma vez que.... - começou o tenente, sendo interrompido.

- Por ter que chamar mercenários para solucionar um caso que a guarda não conseguiu? - disse Zaila com leve ar de deboche.

- Não me façam mudar de ideia antes de começarmos - disse secamente Harbor - A questão é que estamos lidando com um assassino que já matou quatro pessoas. Sabemos que é o mesmo homem porque as vítimas morreram de forma muito semelhante. Não sabemos exatamente como o assassino mata suas vítimas, pois as marcas dos corpos são muito estranhas. Testemunhas não conseguiram identificar ninguém uma vez que todas as mortes ocorreram a noite e os moradores só dizem ter visto uma pessoa vestida com uma capa negra. Comecei a cogitar que essa pessoa tem usado de meios sobrenaturais para matar, isso foge aos meus conhecimentos, eu lido com criminosos comuns. Fiquei sabendo do trabalho que vocês fizeram nas docas e espero que possam me ajudar a solucionar esse caso.

- Com que frequência essas mortes acontecem? - indagou Nikolai.

- Pergunta interessante, sempre a cada exatos cinco dias, o último foi a dois dias atrás - respondeu o tenente perplexo.

- Acho que devemos reavaliar os locais das mortes, falar com as testemunhas novamente e investigar os corpos - apontou Nikolai. Dessa maneira o tenente listou os locais onde ocorreram os assassinatos e os nomes das testemunhas que relataram ter visto alguma coisa, além de ter indicado que todos os corpos foram levados para o necrotério fora dos muros da cidade.

- Vejam - falou Harbor meio encabulado quando os três saíam - por favor, tentem ser discretos em relação a isso. Não gostaria que o povo soubesse que a guarda da cidade não está andando com o caso.

- Tem medo que saibam de sua incompetência? - indagou Nikolai com um sorriso malicioso.

- Temo apenas que se a fé na guarda for abalada, mais criminosos podem se sentir a vontade de cometer crimes se souberem que a guarda não é infalível - respondeu o tenente procurando ser o mais diplomático possível para evitar conflitos com aqueles três mercenários insolentes.

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