Desenterrando

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Um homem de roupas finas e porte nobre estava ocupado em seu escritório pomposo, onde sua pena escrevia incessantemente em pergaminhos e mais pergaminhos, quando se ouve uma batida em sua porta. O homem manda entrar e se surpreende com o que vê, a princípio nada de extraordinário: um homem de vestes militares vermelhas e capa de pele de urso, um uniforme um tanto incomum para a região e provavelmente estrangeiro, porém era evidente que o homem tinha um porte nobre. Seus companheiros entretanto causavam estranheza, um homem grande envolvido em vestes negras completamente coberto até o rosto por uma máscara velha de leproso, e uma mulher de cabelos negros vestida em farrapos empoeirados e até mesmo com musgo tipicamente druídicos, entretanto muito longe de casa para causar problemas.

- Vocês só podem ser os Bastardos Sombrios - comentou o homem em sua voz cavernosa alisando seu vistoso bigode.

- Grande poder de dedução - comentou sarcasticamente Zaila, observando com certa repulsa a grande ostentação do recinto - estamos aqui pelo seu contrato.

- Quem mais seriam? Mendigos ou criminosos não teriam coragem de vir até a minha sala - respondeu ele de forma grosseira - Eu sou Vagner Von Klaus, e claro que sei porque estão aqui. Deixei um contrato em seu estabelecimento deplorável a alguns dias, agora se eu puder falar apenas com o líder de sua guilda o restante pode esperar lá fora.

Von Klaus apontou para Nikolai quando falou em líder, os três estavam prestes a protestar, cada um por motivo diferente, mas quando o homem ergueu a mão acompanhado por um olhar tenso de censura, perceberam que aquilo não estava aberto a negociação. Lazarus fez um aceno para Nikolai e então somente o dampiro ficou na sala com o empregador.

- Eu sou Nikolai Ivanovich, baronete do reino de Sarkovia, filho do barão e senhor da guerra Ivan Dragovich - apresentou-se Nikolai para dar-se mais credibilidade uma vez que entendeu com que tipo de gente estava lidando.

- Sente-se senhor Ivanovich - respondeu Klaus agora com deferência - como deve saber, sou o dono das maiores minas de prata e ferro do reino, além de origem nobre eu possuo um extenso comércio do mineral assim como uma guilda de ferreiros e outros negócios menores. A maior parte de meus rendimentos vem das minas e a maior delas foi afligida por estranhos acontecimentos. Ao que parece alguma praga de natureza sobrenatural se instaurou dentro da mina e mercenários comuns não conseguem lidar com ela.

- Compreendo, já lidamos com infestações sobrenaturais antes além de outros tipos de criaturas, é claro - respondeu Nikolai - apenas me mostre a localização da mina em questão e considere o serviço concluído.

- Eu preferiria o serviço concluído para que eu o considere concluído, mas lhe darei o benefício da dúvida tendo em vista seus feitos recentes em contratos escusos pela cidade - Klaus puxou um mapa e indicou para o dampiro onde se encontrava a dita mina, após isso desejou boa sorte e estendeu a mão para o Nikolai. No caminho de apertar sua mão, a sombra do dampiro achou por bem derrubar o tinteiro sobre a imensa quantidade de papéis encima da mesa.

- Mas o que houve aqui?! - exclamou Klaus aturdido.

- Eu esbarrei, perdoe-me - mentiu Nikolai.

- Não me tenha por ignóbil homem, eu vi que você não se aproximou do tinteiro e sua sombra se moveu - disse ele quase agressivamente - explique-se.

- Você não entenderia - disse Nikolai em tom sério reforçado por seu olhar penetrante.

- Veja bem Ivanovich, seus amigos podem ser indecorosos e fáceis de se enganar, mas eu sei o que vi. Como eu o estou contratando eu exijo saber se existe algo que possa comprometer o serviço ou minhas propriedades, seja sensato homem, você é um homem de porte nobre assim como eu, seja sensato.

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