O Leão e o Dragão

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O LEÃO

- Tenham coragem, meus bons amigos, pois a noite é cheia de horrores e terrores, mas Rhollor estará sempre com aqueles que creem, para nos proteger...

A voz da mulher vermelha soava alta e cristalina sobre a multidão que se reunia na Praça do Desapego, enquanto o fogo engolia a pilha de corpos às suas costas. A pilha de corpos ficava cada vez maior, as pessoas em Porto Real não pararam de morrer. A misteriosa doença que os meistres chamavam de Arrepios não poupava ninguém e um massacre havia ocorrido dentro das muralhas da cidade nos dias anteriores. O ar sobre Porto Real ainda cheirava a sangue.

- O que queremos é comida! - Uma voz gritou da multidão. A mulher de vermelho olhou na direção da voz, os olhos brilhando de forma sinistra à luz bruxuleante da grande fogueira que ardia as suas costas.

- Daenerys Targaryen trará pão e um verão como nunca antes fora visto. Tudo o que vocês precisam fazer é voltar para suas casas e garantirem que o fogo em suas lareiras jamais esteja apagado. Daenerys é a campeão do Fogo, a escolhida de Rhollor e aqueles que estiverem ao seu lado irão triunfar

Tyrion sentiu um arrepio percorrendo a sua nuca, pois naquele instante, os olhos da mulher se voltaram em sua direção. No mesmo instante ele puxou o capuz sobre o rosto e deu meia volta, seguido de perto pelos guardas reais que haviam o escoltado, todos vestidos como as pessoas simples da Baixada das Pulgas. Conforme se afastava, ainda foi capaz de ouvir a voz apaziguadora da mulher enquanto dizia:

- Voltem para casa meus amigos e aguardem pela comida.

Tudo era um grande desastre. Aqueles pardais de fogo controlavam os becos e vielas da cidade. A voz de seu Deus atingia em cheio o coração dos desesperados. Tyrion tentou expulsá-los da cidade, mas eles fluíam como baratas pelas ruas de Porto Real.

Sete noites atrás, havia enviado a Guarda da Cidade para interromper a agitação causada por eles. O resultado não podia ter sido pior. Seu pai, se estivesse vivo, teria rido dele. As pessoas reagiram a intervenção de Tyrion. A Guarda da Cidade obtivera sucesso inicialmente, apenas para ser esmagada em seguida por uma massa faminta e furiosa de pessoas. Sor Evan Swan, o capitão dos Mantos Dourados, fora esquartejado. Incitada pelos sacerdotes e sua feitiçaria, a tundra furiosa marchara em direção à Fortaleza Vermelha, destruindo o que encontrara pelo caminho e prometendo ter a cabeça de Bran, o Quebrado, segundo eles, o responsável por toda a maldição que recaía sobre a cidade ao lado de Tyrion. E agora eu tenho um reino sem rei.

Ele conseguira manter o castelo ao custo de muitas vidas, mas na confusão que se sucedera, ele perdera Bran e Podrick Payne. Tyrion havia ordenado que cada centímetro da Fortaleza fosse averiguado, mas ambos simplesmente evaporaram no ar, não encontrara sequer seus corpos para dizer se estavam vivos ou mortos.

Havia sido loucura deixar a segurança do castelo, mas Tyrion precisava ver com os seus próprios olhos. Eu precisava ver se Daenerys estava entre eles.

Chovia forte quando ele retornou a segurança da Fortaleza Vermelha e se dirigiu para a Fortaleza de Maegor, no centro do castelo, onde ficava seus aposentos. Um fogo ardia na lareira e uma jarra de vinho esperava por ele ao lado de um pergaminho desdobrado que ele sabia ter sido enviado por Arianne Sand, a Serpente de Areia perdida que jurava ser do sangue de Oberyn Martell e agora controlava Dorne e inferno, Ponta Tempestade, pois a cobrinha se negava a abrir mão de seu refém, o jovem Senhor de Ponta Tempestade, Gendry Baratheon.

Enquanto divagava consigo mesmo, Tyrion resolveu se aliviar na latrina. Amanhã. Amanhã ele encontraria uma solução para todos aqueles problemas. O que faria sem Bran? Para onde ele deveria ir? Castely Rock também estava destruída. Talvez ele devesse controlar as coisas. Sim, agora não havia mais Bran...

Sangue do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora