A Mata dos Lobos

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Som de asas de couro inundavam seu sono e novamente Jon Snow sabia que estava sonhando. No sonho ela pressionava calidamente os lábios macios contra os dele,  a pele quente estava grudada a sua sem que fosse  possível dizer onde ele começava e ela terminava.

Jon desfrutou da sensação doce e poderosa de tê-la em seus braços antes que o barco deslizasse  rumo à tragédia dos dois e Daenerys se transformasse em cinzas entre os seus dedos mais uma vez.

Daquela vez quando acordou na solidão fria do seu quarto de infância , não havia Daenerys e nem beijos cálidos , apenas uma imensidão branca caindo do lado de fora de sua janela. Os flocos macios caiam de forma inclemente e sopravam sem rumo ao sabor do vento cortante. Aquele tempo o estava prendendo ali, em Winterfell. Jon precisava viajar para o Sul, precisava encontrar-se com Bran e sentia que seu tempo estava se esgotando.

Quando desceu para o dejejum naquela manhã, reuniu-se com Tormund em uma das mesas próximo às janelas do Grande Salão. Ele tomava um caldo ralo feito de nabos e cebolas.

- Ainda está zangado por conta do tempo?

- Você e eu sabemos o que isso significa. Então sim, eu estou muito zangado.

Tormund suspirou. Havia perdido peso e tinha uma aparência cansada.

- Você devia deixar  o castelo. Salvar o que restou de vocês.

- Não consigo deixá-los. Não enquanto morrem sem que eu não consiga fazer nada. Maldita doença!

- No final, não fará diferença se você estiver aqui ou não. Winterfell não é seguro.

Jon havia encontrado no castelo parte das armas feito com o vidro de dragão, usada para derrotar o Rei da Noite e seu exército; e tinha armado os homens do castelo com algumas delas. Sansa também havia distribuídos homens pelas ameias de Winterfell, para alertar o castelo de aproximações, caso  fosse necessário. Jon torcia para que não fosse.

- Um corvo chegou essa manhã  para sua irmã, pela primeira vez vi ela mais preocupada com as noticias que haviam chegado do que com o que a  gente come.

- Você não pode culpá-la, estamos ficando sem mantimentos, por isso, logo precisaremos deixar o castelo. Sansa sabe disso e você também, Tormund.

Jon sabia que a cada dia que passava, seu amigo ficava mais e mais sem esperanças. Não havia mais nada entre eles e a tempestade do lado de fora. Winterfell não aguentaria um novo ataque. Se os Outros chegassem até eles, o castelo cairia. E Jon sabia que em algum momento eles viriam.

 Precisava falar com Sansa mais uma vez, saber se  tinha notícias e se havia... alguma coisa sobre ela. Despediu-se de Tormund depois de comer uma fatia de pão e um pedaço de queijo. Ele e a irmã  mal se falavam desde que discutiram sobre Daenerys, mas sabia que Sansa enviara corvos para Bran e para as Terras Fluviais, pedindo ajuda ao irmão.  A encontrou sentada diante da lareira na sala em seu aposento particular. O mesmo que um dia pertencera a Ned Stark e a tantos outros  reis e senhores do inverno antes dele.

- Alguma novidade?

Sansa levantou-se e lhe ofereceu o pergaminho que segurava. Tinha o rosto imóvel, mas os olhos ardiam com lágrimas. Jon hesitou,  mas enfim desenrolou o pergaminho com cuidado correndo seus olhos pelas palavras escritas:

Os Reinos do Sul de Westeros ficariam felizes em ajudar Winterfell e o Reino do Norte diante das adversidades apresentadas, desde que Lady Sansa  Stark jure fidelidade a verdadeira rainha dos Sete Reinos, Daenerys Targaryen, a Nascida da Tormenta e Mãe dos Dragões.

Jon olhou para Sansa por um breve instante sem acreditar no que acabara de ler e então correu  seus olhos por aquelas palavras, de novo e novo, sentindo o sangue martelando em seus ouvidos e um frio na boca do estômago. Daenerys estava ali. Não apenas viva, mas ali.

Sangue do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora