As Terras do Longo Verão

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Quando ouviu que precisava ir para As Terras do Longo Verão, Daenerys sentiu uma profunda atração, mas o sentimento logo se esvaiu quando ela percebeu do que precisaria abrir mão para conhecer a terra queimada que fora lar de seus antigos ancestrais.

- Dizem que Valíria é amaldiçoada. Quem se aproximou de sua costa ou navegou pelas águas borbulhantes do Mar fumegante nunca mais retornou – ela argumentou com Benerro.

- Sim, Vossa Graça. É um lugar hostil. Suas chamas refletem a ira dos deuses. É sábio se manter afastado.

- Então por que isso agora? É por causa do sonho?

- Sim, acho que Vossa Graça está preparada. Irá entender melhor quando estiver mais próxima dos fogos das Catorze Chamas. Valíria pode ser amaldiçoada, mas a magia ainda é forte lá.

Ela não estava satisfeita.

- Não me parece um lugar agradável para crianças.

- Não, Vossa Graça. É um lugar mais adequado para dragões.

- Todos os dragões perecerem quando Valíria foi engolida pelo fogo e pelas ondas do Mar fumegante – sentiu seu rosto ficando quente a medida que a ira a invadia. Ele acreditava mesmo que ela ficaria longe de Rhaenyra? A tomava por alguma criança tola e desinformada?

- Vossa Graça não estará sozinha. Eu irei junto... e Drogon.

- Drogon?

- Ele virá para cá... Estamos prontos para recebe-lo.

- Por que eu tenho que ir?

As chamas laranjas da lareira tremularam nos olhos cor de folha de Benerro.

- Precisa passar um tempo com o seu dragão, Daenerys, para estar forte quando a escuridão fria cair mais uma vez sobre o mundo.

Daenerys sentiu um arrepio se arrastando pelos braços, mas ela não estava convencida a deixar Rhaenyra para trás. Mas e Drogon? Eu sinto tanta falta dele. Naquela noite ela deitou-se ao lado de Rhaenyra sentindo-se dividida e infeliz. Rhaenyra sentiu quando ela voltou para cama e se aconchegou em seus braços, espremendo Moonfyre entre o corpo das duas. Dany beijou os cachinhos no alto da cabeça da filha se perguntando por que os deuses não permitiam que ela e seus filhos vivessem em paz.

Chorou naquela noite. Sentia-se tão sozinha. Sentia falta de seus amigos e conselheiros. Dos conselhos de Jorah e de sua doce amiga Missandei. Eles saberiam o que fazer, como aconselhá-la. Eles lhe diriam que você precisa voltar a confiar em si mesma mais uma vez – uma voz sibilante dentro dela sussurrou. Tenho medo – Dany respondeu no escuro – Você não deve. Você é um dragão. Dragões não sentem medo, eles são o medo.

Mas o dragão havia sido traído e assassinado. Daenerys havia conhecido tantas traições que ela nem conseguia mais contá-las. Não temia por sua vida, temia por Rhaenyra. Se ela a perdesse, não restaria mais nada. Nenhum pedaço dela para juntar mais uma vez.

- Ela estará segura, Vossa Graça. – Aisha havia dito na manhã seguinte quando Daenerys apareceu na cozinha para alimentar Rhaenyra – Eu a levarei para o templo e a protegerei com a minha vida. Você tem a minha palavra.

Daenerys viu verdade nos olhos escuros da mulher. Mas havia verdade nos olhos de Jon Snow quando ele dizia que a amava. Havia verdade nos olhos dele naquele dia sob as folhas vermelhas da Árvore Coração. E mesmo assim ele me matou.

- Volantis não fica longe de Valíria, Vossa Graça, fomos uma de suas filhas mais leais. Sempre que quiser ver Rhaenyra, a senhora poderá voar em seu dragão até a costa. Eu levarei Rhaenyra para vê-la.

Sangue do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora