O Último Homem do Norte

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A neve caía molhada, pesada e silenciosa sobre Winterfell. Montes se acumulavam nas muralhas e enchiam as ameias, cobertores brancos cobriam todos os telhados e o gelo selava portas e janelas.

Do alto de uma colina coberta com a neve recém caída, montado em seu garrano e com Fantasma parado ao seu lado, Jon Snow observava a ancestral fortaleza dos Stark sentindo um misto de pesar e nostalgia revirando seu peito. Fora naquele castelo, entre seus pátios e torres, que vivera os melhores anos de sua vida. Fora ali que aprendera a lutar com uma espada de madeira ao lado de Robb e Theon Greyjoy , sob o olhar atento de Sor Rodrick, o mestre de armas de Ned Stark. Fora no bosque sagrado que beijara uma garota pela primeira vez, escondido entre os ramos verdes de um pinheiro marcial, mas sob a vigilância constante da árvore coração.

Naqueles tempos, o castelo pulsava, cheio de vida. Agora era uma concha austera, ainda firme, mas um castelo feito de neve, todo cinza e branco. As cores dos Stark. O lar de seu pai. E para sempre o dele também.

Jon deu as costas para o castelo. A neve que caía já começava a cobrir as pegadas daqueles que partiram com Daenerys e se acumulava em seus ombros e sobre o pesado capuz forrado com lã de ovelha. Jon ficara para trás, para se despedir do castelo. Para ver o fim das coisas que eu amo, conforme ela me disse. De algum modo, sentia que Winterfell seria a primeira dessas coisas. Se a neve continuasse caindo, o castelo seria tal como o seu nome.

Fechou os olhos, sentindo o vento gelado que soprava naquele fim de tarde, mas também guardando todos os cheiros e cores daquele momento no fundo da memória. O ar gelado atravessando seus pulmões, queimando suas narinas, sua respiração branca contra o vento cortante.

Fantasma trotou a sua frente, sua enorme pata rangendo sobre o gelo fresco. Jon instou seu garrano e os seguiu, atrás do bando que partiu, como o lobo solitário que ele era.

Manteve-se a uma distância segura o tempo todo.  Desconfiava que ela conseguiria vê-lo caso se aproximasse demais, não apenas por seguir o comboio montada sobre o único  dragão que existia, mas porque ela saberia. Jon se perguntou se alguma parte sua  compartilhava da mesma capacidade e se fora isso que o fizera permanecer em Winterfell, mesmo quando poderia ter partido. A tempestade parecia uma desculpa, ele  a enfrentava agora, de qualquer jeito. Então, talvez, tenha se permitido ficar ali em Winterfell, esperando por ela.

A coluna que a seguiu dobrou de tamanho conforme os nortenhos se deslocavam pela Estrada do Rei, a caminho do Faca Branca, o rio que os levaria até Porto Branco e de lá para Pedra do Dragão, segundo Jon Tormund lhe dissera, insistindo que Jon fosse com eles. Ele não entendia. Não entendia o que eu fiz. Não vira os olhos dela na Mata do Lobo e nem depois disso. Ela seria capaz de deixar todos eles para trás se eu viajasse junto com a coluna e desfrutasse de seus navios. Jon não podia arriscar. Por isso viajava sozinho pelas planícies vastas e ermas das Terras Acidentadas. Entre os túmulos antigos de reis para sempre esquecidos.

Não havia nada em seu caminho, apenas o norte vasto e ermo e um vento ululante soprando cortinas azuladas de neve. Não havia ninguém, castelos e vilas estavam vazios, cobertos por camadas grossas de neve, mas que lhe serviram de abrigo. Se não fosse um homem acostumado com o frio implacável da Muralha,  Jon tinha certeza que teria perecido como seu garrano, dias atrás. Agora só lhe restava Fantasma e ele ficava cada vez mais magro pela escassez de comida. Jon não estava muito melhor, mas não podia desistir. Tinha que chegar às terras fluviais, onde ele sabia que um exército se reunia. Tinha que atravessar aquele pântano. Tinha que encontrar Bran.

Bran.

Jon se perguntava se ele vira. Se ele vira seu encontro com Daenerys diante da árvore coração. Se ele sabia que Jon fora atrás dela depois disso. Ele não ousou falar. Não podia arriscar.  Seu silêncio patético a  deixara ainda mais enfurecida, mas a única forma de se aproximar de Bran era guardando o segredo daquela sala do trono nas profundezas de seu coração. Ela jamais acreditaria nele, jamais o perdoaria, vira isso em seus olhos.

Então Jon apenas se permitiu ficar a deriva, a língua pesada contra o céu da boca, o peito ameaçando explodir, enquanto ela explodia diante de seus olhos. Desejou poder tocá-la, descobrir que aquele não era um de seus pesadelos onde ela acordava morta em seus braços. Mas não ousou nada além dessas coisas, não tinha o direito. Perdera-o.

NOTAS FINAIS

Olá pessoal

Andei um pouco sumida, eu sei. Queria ter atualizado antes mas sabem como é a vida. Muitas coisas aconteceram desde a última vez que estive aqui. Perdi um parente querido, perdi a página TDB no Facebook, entre outras coisas que foram muito estressantes. Isso não fez nada bem pra minha ansiedade. Queria ter escrito mais, minha ideia era essa. Mas não foi possível , não consegui, enfim. Tô atualizando agora pra dá noticias kkkk. Estou com um novo projeto no Instagram chamado @ pedradodragabr. Lá falo coisas sobre a Dany e a Casa Targaryen. Já vi alguns de vcs por lá kkk.

Bjinhos e espero não demorar tanto da próxima vez.

O título do capítulo é uma ironia, já que o Norte foi colonizado pelos Primeiros Homens kkkkk

Aqui também tem um pouquinho do porque em capítulos anteriores, Jon travou diante de Daenerys. Ele ainda não sabe como lidar com Big Brother Bran kkkk

Sangue do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora